Na segunda-feira seguinte ao jantar na casa de Marcus, Nina chegou ao escritório da TechNova com uma mistura de nervosismo e expectativa. Hoje seria o dia da apresentação para os novos investidores da empresa, um projeto que ela e sua equipe vinham desenvolvendo há semanas.Ela havia passado o domingo finalizando os últimos detalhes da apresentação com sua equipe, garantindo que cada slide estivesse perfeito. Jessica, Carla, Diego e Renata estavam igualmente ansiosos, sabendo que o futuro de seu projeto dependia da aprovação que receberiam.— Você está pronta para isso? — perguntou Jessica quando se reuniram na sala de conferências para uma última revisão.— Tão pronta quanto posso estar — respondeu Nina, ajustando sua blusa. Ela havia escolhido um conjunto profissional impecável - blazer azul-marinho e saia lápis, com uma blusa branca. Queria parecer competente e confiante.— O sistema está funcionando perfeitamente — disse Diego, verificando seu laptop mais uma vez. — Os testes de o

**Perspectiva de Nina**Nina acordou na segunda-feira com a mesma sensação desconfortável no estômago que havia se tornado sua companheira matinal nas últimas semanas, mas que havia dado uma trégua. Ela se levantou lentamente, esperando que a leve tontura passasse, e se dirigiu ao banheiro para se preparar para mais um dia de trabalho.“Eu achei que isso já tinha passado”. Ela pensou.No espelho, ela notou que sua aparência estava um pouco melhor que na sexta-feira anterior. Talvez às noites de sono no apartamento de Alex tivessem ajudado. Ela aplicou um pouco mais de base para disfarçar a palidez e se vestiu com cuidado, escolhendo um blazer azul-marinho que sempre a fazia sentir-se confiante.— Bom dia, linda — disse Alex, aparecendo na porta do banheiro com uma xícara de chá de camomila. — Como está se sentindo?— Ótima — respondeu Nina, aceitando a xícara gratamente. — Obrigada por sempre saber exatamente o que eu preciso.Alex a observou cuidadosamente enquanto ela tomava pequeno

Nina chegou ao apartamento de Alex às sete em ponto, curiosa sobre o que ele queria conversar. Durante todo o trajeto, ela havia especulado sobre o assunto - talvez ele quisesse falar sobre os exames, ou sobre planos para o futuro, ou talvez até sobre morarem juntos novamente.— Oi, amor — disse ela, beijando-o quando ele abriu a porta. — Você parece nervoso. O que está acontecendo?Alex a beijou de volta, mas Nina notou que ele estava tenso.— Vamos sentar — disse ele, guiando-a para o sofá. — Quer beber alguma coisa?— Alex, você está me deixando nervosa — disse Nina, sentando-se e o observando cuidadosamente. — O que é tão importante assim?Alex se sentou ao lado dela, pegando suas mãos. Ele respirou fundo, como se estivesse se preparando para mergulhar em águas profundas.— Nina, há algo que preciso te contar. Algo que deveria ter contado há muito tempo.— Está bem... — disse Nina lentamente, seu coração começando a acelerar.— É sobre a TechNova — disse Alex, e Nina sentiu um arr

Não era escuridão.Era uma espécie de luz cinzenta, densa e branda, que envolvia tudo como uma névoa espessa. Nina flutuava ali, sem corpo, sem tempo. Tudo era leve… mas também pesado, como se estivesse presa entre dois lugares — nem viva, nem ausente.Ela não sabia onde estava. Não sabia se estava dormindo. Não sabia se estava sonhando.Sabia apenas que algo dentro dela doía, mas a dor vinha como lembrança, não como sensação.Como se o corpo soubesse que algo havia quebrado, mas a mente tivesse se recusado a aceitar.Havia sons ao longe. Sussurros cortados. Como se alguém falasse atrás de uma parede grossa de vidro.— Pressão estável… vamos monitorar as próximas horas.— Pequeno edema, mas o controle está funcionando.—…dois pontos… lado esquerdo do crânio…Vozes sem rosto. Fragmentos de algo importante.Eles estão falando de mim.A ideia passou por ela como uma folha levada pelo vento.Mas quem são?Então, outra voz veio. Mais próxima. Quente. Familiar.Quase como um raio cortando a

O hospital se tornara um mundo à parte para Alex.O relógio girava, mas o tempo parecia parado. Dias e noites se embaralhavam num ciclo onde só havia uma constante: Nina, inconsciente, deitada naquela cama.Alex estava com ela o tempo todo.Dormia em uma poltrona reclinável que mandara estofar com almofadas novas. Trazia flores frescas a cada dois dias, mesmo que soubesse que ela não podia vê-las ainda. Trocava as músicas no celular, colocava trilhas suaves, conversava com ela sobre coisas bobas, contava piadas, lia trechos dos livros que ela amava. Tudo com a esperança de que, em algum lugar dentro dela, ela ainda estivesse ouvindo.A aliança seguia no dedo dela.Ali.Silenciosa.Esperando.Na quarta noite, Alex ligou para Marcus.— Cara… preciso de um favor. Um grande.Marcus atendeu de imediato. A voz do outro lado era firme, mas carregada de preocupação.— Já estou sabendo que você sumiu da sede. Todo mundo me olhou estranho hoje. O que está acontecendo?Alex inspirou, tentando ma