Diana A notificação do celular vibrou baixinho ao meu lado, me tirando do torpor em que eu estava desde que entrei na barraca. Ainda me sentia meio fora do corpo, como se o lago ainda estivesse me puxando pra baixo, como se a água fria ainda estivesse dentro de mim.Peguei o celular e vi: Ethan."Você pode vir aqui um minuto?"Só isso. Sem emoji, sem ponto de interrogação. Mas eu soube. Soube que ele tinha visto o que eu não conseguia esconder. Que eu ainda estava tremendo por dentro.Demorei uns minutos pra levantar. Troquei de roupa, prendi o cabelo e saí andando devagar até a barraca de

DianaO carro andava em silêncio. Só o som do motor e da minha respiração tentando se controlar.Depois daquele beijo escancarado na frente de todo mundo no acampamento, tudo virou um turbilhão dentro de mim. O ônibus da equipe partiu, mas ele me puxou pelo braço e disse que iríamos juntos.Agora eu tava aqui, no banco do carona do carro dele, observando ele dirigir com aquela cara fechada que só o Ethan sabe fazer. A mão firme no volante, o maxilar travado e aquele silêncio que gritava mais do que qualquer palavra.Até que eu explodi:— Qual o seu problema, Ethan?Ele olhou de relance pra mim, mas não respondeu de imediato. Só depois de alguns segundos soltou um:— Que problema? O problema de estarmos juntos?Revirei os olhos.— E eu posso saber desde quando a gente tá junto?Ele bufou e apertou mais forte o volante.— Desde o dia que eu decidi.Quase engasguei com a audácia.— Qual é o seu problema, hein?Ele bateu a mão no volante, impaciente.— O meu problema é que quando eu acord

EthanAcordar com ela grudada em mim era uma sensação que eu queria repetir todos os dias da minha vida.O quarto ainda estava com aquele cheiro bom de noite passada, o sol batia de leve na janela, e o corpo dela colado no meu parecia a coisa mais certa do mundo. Eu passei o braço pela cintura da Diana, puxando ela mais pra perto, sentindo a pele dela quente contra a minha.— Bom dia, — murmurei, minha voz ainda rouca de sono.Ela sorriu sem abrir os olhos.— Bom dia...— Dormiu bem? — perguntei, já sabendo a resposta só pelo jeito que ela se aconchegava mais.— Dormi. Muito.Aquela resposta me fez sorrir. Inclinei o rosto e beijei a testa dela, depois fui descendo até os lábios. Era só pra ser um beijo de bom dia, mas o gosto dela, a maciez da boca, o calor entre nós... Não teve jeito. O beijo foi ficando mais intenso. Meu corpo respondeu na hora, senti uma ereção dura e latejante crescer. A vontade que eu sentia dela era absurda, como se ela tivesse acendido algo selvagem dentro de

DianaEu tava sentada no sofá da sala, jantando devagar, com a TV ligada em um programa qualquer. A comida esfriava e o som da televisão parecia distante. Minha cabeça tava longe. No Ethan, pra variar.Hoje de manhã, eu entrei na sala dele depois de ouvir um barulho. A porta tava entreaberta e eu escutei algo se quebrando. Quando empurrei a porta, vi ele ali, com o rosto fechado, respirando pesado. Tinha um copo quebrado no chão e ele parecia no limite.“Tá tudo bem?”, eu perguntei, quase sem ar. Ele olhou pra mim e tentou disfarçar. Disse que ia resolver. Que não tava muito bem, mas ia dar um jeito. Me abraçou e eu senti aquele aperto no peito. Ele tava quente demais, forte demais... e frio ao mesmo tempo. Como se estivesse me dizendo “vai dar certo”, mas ao mesmo tempo se preparando pra me manter longe.E desde então... silêncio.Ele não me mandou mensagem o dia todo. Nem um “chegou bem?”, nem um “boa noite”, nem uma figurinha besta no WhatsApp como ele sempre fazia. Isso não era no

EthanAcordei com a luz fraca entrando pela fresta da cortina. O quarto ainda estava escuro, silencioso, e o mundo lá fora parecia longe demais pra importar. Mas ali, do meu lado, deitada, estava ela. Diana. Dormindo profundamente, com o rosto sereno e o cabelo bagunçado caindo sobre o travesseiro.Fiquei um tempo só olhando. Tinha uma paz naquele momento que eu nunca tinha sentido antes. Como se tudo fizesse sentido. Como se todos os pedaços da minha vida tivessem se encaixado em volta dela.Me aproximei, puxei ela de leve pra perto e abracei por trás. Ela se mexeu devagar, abriu os olhos e sorriu sonolenta.— Bom dia — ela sussurrou com a voz rouca.— Bom dia, minha pequena encrenca — respondi, beijando o ombro dela.Ela virou de leve pra mim, sem sair dos meus braços.— Vai sair? — perguntou baixinho, quase como se já soubesse.— Preciso resolver umas coisas. Com a Meredite — respondi firme.O sorriso dela sumiu um pouco.— Você tem certeza do que vai fazer?— Tenho. Eu não aguento