EthanA luz da manhã atravessava as cortinas e caía suave sobre a cama. Eu já estava acordado há um tempo, só observando a forma dela dormir. O cabelo espalhado no travesseiro, a respiração calma, o jeito como os lábios se entreabriam… era a visão mais bonita que eu já tive na vida. Eu me sentia um idiota por ter demorado tanto pra perceber que era disso que eu precisava. Era dela.Quando Diana abriu os olhos, meu coração quase parou. Ela me olhou com aquela mistura de surpresa e timidez que sempre me desmontava. Sorri, tentando disfarçar a ansiedade que queimava no meu peito.— Bom dia… — murmurei, passando a mão devagar pelo braço dela.— Bom dia… — ela respondeu, com a voz ainda rouca de sono.Ficamos em silêncio por alguns segundos, só nos olhando. Mas eu sabia que não dava mais pra segurar. Eu precisava falar. Precisava me abrir.— Diana… eu preciso que você me escute, sem me interromper. — disse firme, mas a minha voz tremia. — Eu sei que eu errei. Eu sei que te fiz passar por c

EthanEu nunca fui um homem de esperar. O tempo, para mim, sempre foi algo a ser comprado, acelerado ou simplesmente dobrado ao meu favor. Mas com Diana… era diferente. Com ela, cada passo precisava ser calculado. Cada movimento tinha que respeitar não só os meus desejos, mas também os dela. E esse equilíbrio me matava, porque dentro de mim existia a necessidade de resolver tudo imediatamente, de arrancar qualquer obstáculo do caminho, de ter a vida dela inteira sob meu controle — mas ao mesmo tempo, eu sabia que se fizesse isso, a perderia de vez.Ela queria independência. Queria se sentir dona da própria vida, e eu entendia. Deus, como eu entendia. Eu vi o quanto a demissão dela a destruiu, vi o quanto depender de mim a fez se sentir sufocada. Só que eu não podia simplesmente cruzar os braços e aceitar. Eu era Ethan Alencar. Eu não aceitava nada pela metade.Foi por isso que passei as últimas semanas investigando, discretamente, onde ela estava trabalhando. Não foi difícil descobrir

DianaSabe quando o dia parece simplesmente se encaixar? Foi assim que eu me senti ao sair do trabalho. A luz do fim da tarde batia nos prédios, e eu caminhava para casa com um sorriso bobo no rosto. Meus pés estavam cansados, mas a cabeça… ah, a cabeça estava leve, feliz, como não ficava fazia muito tempo.Eu tinha uma sala. Eu tinha um cargo novo. Eu não era mais a secretária que corria de um lado para o outro pegando café, atendendo ligações e apagando incêndios que nem eram meus. Agora, eu era gerente executiva.Só de pensar nisso, meu coração disparava de novo.No elevador do prédio onde eu morava, fiquei me olhando no reflexo do espelho e dei risada sozinha. Parecia até que eu tinha ganhado na loteria. E, de certa forma, eu tinha sim — a loteria da autoestima, do reconhecimento, da sensação de que finalmente a vida estava voltando para o trilho.Assim que entrei no meu apartamento, larguei a bolsa no sofá e joguei os sapatos num canto. Fui direto para a cozinha. Eu precisava com

EthanEu não lembrava a última vez que tinha ficado tão ansioso. Talvez no dia em que Diana abriu os olhos depois do coma. Mas aquela ansiedade agora era diferente, tinha um gosto doce, uma expectativa quase infantil. Eu estava sentado dentro do carro vermelho, o motor ligado, esperando o horário dela sair do escritório.As mãos estavam no volante, mas eu mal conseguia parar de olhar o reflexo do carro na vitrine do prédio vizinho. Era bonito demais. Compacto, elegante, o tipo de carro que chamava atenção sem ser exagerado. E a cor... ah, a cor. Vermelho vivo, vibrante, exatamente como eu via a Diana. Forte, impossível de ignorar.Olhei o relógio. Quase na hora. Respirei fundo, ajeitei a gravata — que já estava perfeita, mas eu precisava ocupar as mãos de alguma forma — e fiquei ali, esperando.Quando a porta de vidro do prédio se abriu e ela saiu, o mundo pareceu desacelerar. Diana vinha andando com aquele jeito dela, firme mas ao mesmo tempo leve. Usava um vestido simples, azul-mari

Quando as palavras escaparam da minha boca, eu mesma custei a acreditar.— Sim.Foi só isso. Uma palavra pequena, simples… mas que mudou tudo.O restaurante explodiu em aplausos, mas eu nem ouvi direito. Ethan se levantou e me puxou contra ele, e quando nossos lábios se encontraram, tudo desapareceu. Era só nós dois. O mundo inteiro podia acabar ali, que eu não ia ligar.O beijo foi intenso, desesperado, cheio de promessas. Eu sentia as mãos dele firmes na minha cintura, como se tivesse medo de me soltar e me perder de novo. Eu retribuía com a mesma força, porque no fundo eu também tinha medo. Medo de acordar e descobrir que era só um sonho.Quando ele se afastou, os olhos estavam marejados, mas brilhando como eu nunca tinha visto.— Você acabou de me fazer o homem mais feliz desse mundo — ele disse, a voz rouca.Eu sorri, com lágrimas nos olhos.— Então estamos empatados.O jantar terminou, mas eu não me lembro de nada depois daquele pedido. Nem do vinho, nem da sobremesa. Eu só cons