Assim que abro a porta do meu quarto para sair, a presença de Thorne se impõe do outro lado, como se ele estivesse me esperando. Sua mão está erguida, fechada em um punho firme, prestes a bater contra a madeira maciça da porta. Por um instante, tudo congela. O choque da surpresa nos atinge ao mesmo tempo, refletido no breve momento de tensão em seus olhos âmbar e na forma como meu peito se aperta com a súbita proximidade. O susto é inevitável, um choque silencioso que se dissolve em uma risada desconcertante vinda de nós dois.Thorne dá um passo para trás, criando um espaço mínimo entre nós, mas a intensidade de seu olhar permanece. Seus olhos percorrem meu rosto com uma curiosidade velada, descendo lentamente por todo o meu corpo até se fixarem em minhas pernas. Sinto o calor subir pelas m

Auriel Pov“O que o rei e a rainha queriam com você?” A voz de Darius soa baixa, mas há um peso perceptível nela, um tom que carrega tanto preocupação quanto curiosidade.Seu olhar pousa sobre mim de uma maneira intensa, buscando algo que eu não consigo identificar. Há um brilho inquisitivo ali dentro, algo que parece ir além de um simples interesse. Algo mais profundo. Algo que ele não diz.Respiro fundo para acalmar as batidas do meu coração. Foco o meu olhar para a estande de livros da biblioteca do castelo.“Apenas queriam fazer algumas perguntas, nada de mais,” respondo, escolhendo as palavras com cautela. Não posso dizer tudo. Não quero dizer tudo. Não há necessidade.O que mais posso fazer? Contar que me pediram uma amostra do meu DNA? Que querem rastrear minha linhagem, meu passado, para descobrir quem é meu verdadeiro pai? Não. Isso não mudaria nada agora. E, acima de tudo, isso não é um assunto que eu quero dividir com Darius. Pelo menos, não ainda.“Sobre o quê?” Ele insiste

Thorne Pov“A situação dos rebeldes foi resolvida, graças a ações do meu filho, o herdeiro de meu trono!” Caelum declara com um orgulho que reverbera por toda a sala. Ele se vira levemente para mim e, com um gesto decidido, aponta em minha direção, como se quisesse cravar meu nome na memória de todos os presentes.O conselho real acena e b**e palma em comemoração. Mantenho minha postura firme, os ombros eretos, a expressão impenetrável. Não sorrio, não agradeço, não demonstro satisfação alguma. Apenas aceito a comoção gerada pelo anúncio do meu pai, porque é isso que se espera de mim.Os rebeldes foram neutralizados e colocados na cadeia. Alguns ainda estão sendo interrogados para saber quais eram os objetivos e quem é o líder deles."A próxima pauta a ser conversada é a data do casamento", minha mãe declara, sua voz serena e branda, um contraste notável com a firmeza implacável do meu pai. Ela desliza o olhar sobre os membros do conselho, como se já esperasse sua aprovação antes mesmo

Auriel Pov O endereço que Valkiria nos forneceu é, sem dúvidas, um cenário digno de um filme de terror. A cabana à nossa frente parece arrancada de um conto macabro — rústica, decadente, suas janelas quebradas lembram olhos vazios nos observando com segundas intenções. As paredes estão cobertas por heras e musgos, como se a própria natureza estivesse tentando engolir aquele lugar para apagar qualquer vestígio do que quer que tenha acontecido ali dentro.A rua ao redor está completamente deserta, e o silêncio sepulcral da noite só é interrompido pelo ocasional sussurro do vento cortando entre as árvores da floresta próxima. A lua minguante tenta esgueirar-se para fora das nuvens, lançando um brilho pálido e espectral que apenas realça a aura ameaçadora do local. Meus instintos gritam que algo está errado, e, pelo olhar de Amara, percebo que ela sente o mesmo.“Isso está cheirando tanto como uma emboscada,” Amara anuncia com firmeza, seu tom de voz carregado de desconfiança. Seus olhos

Auriel PovNão sabia que estava com tanta saudade do Thorne até o momento em que meus olhos pousam nele, parado do outro lado do portal, esperando por nós. A visão dele me atinge com uma força inesperada, como se algo dentro de mim, que eu nem sabia que estava em falta, de repente se realinhasse. Três dias. Apenas três dias longe, e ainda assim, a sensação que me atravessa é a de que foram anos. Uma eternidade sem vê-lo. Sem ouvir sua voz. Sem sentir sua presença intensa que sempre parece dominar qualquer espaço em que ele esteja.Thorne está ali, casualmente encostado contra o tronco de uma árvore, com os braços cruzados sobre o peito, os músculos sob a regata branca se flexionando sutilmente com o movimento. Seu olhar—aquele olhar castanho claro, carregado de profundidade e algo que nunca consigo decifrar completamente—penetra a minha alma como uma lâmina afiada. É um olhar que me prende, que me consome, que faz com que todos os meus pensamentos se dispersem como fumaça ao vento. Um