O céu estava cinzento naquela manhã, como se o próprio tempo hesitasse em recomeçar.Lorenzo caminhava devagar pela orla, os sapatos sujos de areia molhada e as mãos enterradas nos bolsos da calça. O vento do mar soprava com umidade e sal, bagunçando ainda mais seus cabelos já desordenados. Havia algo de cruel em voltar — como pisar em ruínas que você mesmo ajudou a erguer e depois abandonou.Ele passou em frente ao antigo mercado municipal, que agora funcionava como um café-restaurante com fachada azul claro. Reconhecia cada esquina, cada farol enferrujado, cada banco de praça. Mas tudo parecia menor — ou talvez fosse ele que tivesse crescido torto demais.A conversa com Isadora o acompanhava como um eco. Ela estava... diferente. Mais contida, mais forte — e ao mesmo tempo, mais frágil nas bordas. Como se o silênci
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