Sebastian partiu bem cedo, antes mesmo do sol nascer por completo. O som discreto do carro se afastando se perdeu na neblina que ainda pairava pelas ruas do vilarejo, e eu fiquei ali, de pé na varanda, com uma xícara de café morno entre as mãos e o coração meio apertado. Ele precisava voltar para São Paulo, e tinha passado só para me dar um beijo antes de ir. Tinha a reunião importante, e não podia faltar, o que o chamou de volta à realidade dele. E mesmo sabendo que era o certo, que era necessário, senti como se algo tivesse se quebrado em silêncio dentro de mim. Ficar para trás nunca é uma sensação fácil, ainda que seja temporária. Mais tarde, me arrumei em silêncio. Coloquei um vestido escuro, simples, respeitoso, e prendi o cabelo em um coque. Minha mãe estava na sala, também pronta, com a expressão serena, mas o olhar carregado de saudade. Fomos juntas para a igreja pequena do centro, onde aconteceria o velório. A cada passo, meu peito parecia pesar mais. As ruas estreitas
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