No aeroporto, todos se reencontraram. Alguns homens traziam cortes superficiais, outros mancavam, mas nada grave. Glauco parecia ter levado a pior, com a camisa colada de sangue e o semblante exausto, mas estavam todos ali nenhuma baixa.O avião decolou e, do alto, a escuridão deu lugar ao horizonte que apontava para Sorrento. O que passava na mente dos três, ninguém poderia dizer ao certo, mas era quase palpável que cada um ansiava pelo reencontro com a sua mulher.Glauco manteve-se em silêncio, a mão firme sobre o ombro dolorido, os olhos fechados contra o encosto da poltrona. A saudade de Amália ardia no peito. Mais que isso: a culpa. Deixá-la sozinha, ainda que por necessidade, parecia um erro difícil de engolir.Não lhe passava pela cabeça a possibilidade de ela fugir novamente; eles estavam bem, haviam prometido ser transparentes. Amália dissera que, se tivesse dúvidas, antes falaria com ele. Ele se agarrou a essa lembrança como a uma âncora.Na mansão, porém, a noite de Amália

Laerte também seguiu direto ao encontro de Natália. Queria apenas vê-la, dizer que estava de volta, antes de ir para casa tomar um banho e se livrar daquelas roupas imundas.Quando estacionou a moto, trazia a jaqueta com a manga rasgada, a calça jeans suja e os cabelos despenteados pelo vento. Foi exatamente assim que Natália o viu ao sair pela porta da clínica. Já o esperava, havia reconhecido de longe o ronco da moto quando a avistou pela janela do quarto, e o coração disparou em seu peito.Mas, junto da alegria de vê-lo, uma ponta de preocupação e decepção a atravessava. Não sabia ao certo o que Laerte andava fazendo, mas temia a resposta. Se desconfiasse que ele havia ido atrás de Massimo novamente, jamais teria permitido.Ela correu ao encontro dele, arrumando os cabelos com as mãos, só então percebendo sua situação lastimável. Laerte tirou a jaqueta e, quando se virou, a viu se aproximar ansiosa, quase correndo, sorriso nos lábios, mas preocupação nos olhos.— Onde você esteve?

Paolo chegou em casa já passava das sete da noite. Ana parecia estar à sua espera. Assim que ele desceu do carro, ela veio ao seu encontro com um sorriso.— Você demorou.— Demorei? Ele arqueou a sobrancelha, surpreso com a fala dela.— Sim. Onde esteve? Parece que esteve brigando… Disse, olhando para as roupas dele. O loiro estava com o rosto sujo, os cabelos bagunçados e a camisa fora da calça.— É… acho que posso dizer que sim.— Você não tem jeito. Precisa arrumar outro emprego. Comentou, um pouco preocupada acompanhando-o para dentro da casa.— Você acha mesmo que eu preciso de outro emprego? Eu gosto do que faço… bem, não é bem um emprego.— Você é o braço direito de Glauco, não é? Ela perguntou olhando-o nos olhos.— Sim. Somos mais que patrão e funcionário. Talvez você não entenda.— Entendo, sim. Ela disse o admirando.— Você se importa? Paolo perguntou. Ainda não tinha se declarado, mas o receio o corroía: não queria que seu "trabalho" fosse um obstáculo entre eles. Muito me

Henrico olhou Amália nos olhos, atento a cada reação dela. Ele realmente estava interessado, mas sua presença ali ia muito além de lidar com panelas; havia algo mais profundo, quase protetor, que o fazia se destacar como alguém muito mais do que um simples estudante de culinária.— Você sabe que aquela mulher ainda está por aí, não é? Disse ele, sério.— Mulher? Amália o encarou, confusa.— A dama dos olhos verdes… Respondeu Henrico, com firmeza.Amália ficou imóvel por um instante, surpresa. Ela nunca havia mencionado Sofia a ele, então como Henrico poderia saber?— Como você sabe dela? Amália perguntou, desconfiada.— Ela era a ex-mulher de Glauco, não é? Eu soube… Desculpe, sei que é um assunto particular, mas fiquei preocupado com você. Henrico disse, com sinceridade e uma pontada de apreensão.— Sim… Ela esteve aqui no restaurante, e sim, ela é a ex-mulher de Glauco, mas… Amália começou, hesitante.— Mas ela voltou, e foi por isso que você… fugiu. Henrico completou.Amália asse

Amália virou o rosto para ele, atenta. O olhar firme dela o encorajava e o pressionava ao mesmo tempo.— Como te disse, Sofia e Danilo estão juntos há muito tempo. Glauco falou de forma compassada, escolhendo cada palavra. — Os dois vieram até mim e Laerte deliberadamente… por causa do nosso pai.— Muito tempo? Ela interrompeu, franzindo o cenho. — Eu achava que Danilo tinha conhecido Sofia só na mansão…Glauco soltou um riso curto, sem humor.— Não. Eles se conhecem desde antes de eu sequer cruzar o caminho dela, de conhece-la. Bem na verdade… eu nunca a conheci de verdade. Assim como também não conhecia Danilo.Fez uma breve pausa, respirando fundo, os dedos apertando o volante.— Nosso pai e o pai de Sofia montaram uma sociedade, muitos anos atrás. Uma sociedade suja...Engoliu em seco. — Eles traficavam mulheres. Sofia ainda era criança nessa época.Amália arregalou os olhos, surpresa.— O quê…?Glauco manteve o olhar fixo na estrada, os maxilares tensos.— Você quer mesmo saber