Capítulo 52 – Chamas na EscuridãoO castelo parecia em silêncio, mas Ana sentia o perigo rastejando pelas frestas das paredes, como se sombras vivessem entre as pedras. Desde a conversa com Riven, ela não dormia bem. Cada ruído, cada sussurro de vento parecia trazer consigo uma ameaça.Kael aumentara a vigilância. Lobos rondavam os corredores, sempre armados, sempre alertas. Mas mesmo com toda aquela proteção, Ana sabia — algo estava vindo. E vinha para ela.Ela descia as escadas da torre quando sentiu uma fisgada no ventre. Parou de repente, uma mão sobre a barriga. Não era dor... era calor. Um calor estranho, reconfortante, como se o bebê estivesse tentando se comunicar.— Você sente também, não é, meu amor? — ela murmurou para a criança. — Algo se aproxima...— Você está conversando com a barriga de novo? — disse uma voz debochada atrás dela.Ana se virou e encontrou Kael encostado na parede, braços cruzados, um sorriso malicioso nos lábios. Os cabelos estavam levemente despenteado

Capítulo 54 – A Confissão de AnaO céu estava cor de vinho quando os três chegaram à antiga torre de cristal negro, uma fortaleza esquecida nos mapas, protegida por runas e silêncios. Lá, Kael e Riven mantinham um dos únicos refúgios seguros fora dos reinos dos clãs e do olhar de seus inimigos. A floresta ao redor sussurrava magia ancestral, mas dentro das paredes encantadas, o tempo parecia parar.Ana dormiu por horas, envolta em lençóis de linho suave, os cabelos espalhados sobre o travesseiro como um manto escuro. Riven a observava da sombra do quarto, braços cruzados, os olhos vermelhos escondendo um misto de culpa e adoração.Kael entrou, o cheiro de terra molhada e fúria ainda grudado à sua pele. Seus olhos dourados fitaram Ana com uma intensidade que doía.“Ela quase morreu,” murmurou, como se falasse mais consigo mesmo.Riven se moveu, saindo das sombras. “Mas não morreu. Porque nós a amamos. Mesmo que você ainda não consiga dizer isso em voz alta.”Kael rosnou, mas não respon

Capítulo 56 – A Rainha do VéuA noite caiu sobre a fortaleza com uma aura de tensão contida. As paredes pareciam respirar, como se a própria pedra reconhecesse a mudança que se aproximava. Ana sentia cada pulsar da torre ecoar dentro de si, como se estivessem ligados por raízes invisíveis.O ventre dela latejava com calor mágico, o mesmo calor que a tomara quando aceitara Kael e Riven. Agora, algo dentro dela despertava. Algo que dormia havia séculos.Kael a levou até o salão de treinamento arcano. O piso era um círculo de mármore escuro, coberto por inscrições antigas — um idioma esquecido, usado apenas pelos deuses primordiais.Riven já a aguardava no centro do salão, envolto em sombras, o olhar sério.— É hora, Ana. — ele disse. — De parar de sobreviver... e começar a reinar.Ela engoliu em seco. O chão pulsava sob seus pés descalços. Sentia a energia se acumulando no ar, como um raio prestes a cair. E então, sem aviso, as chamas ao redor da sala se acenderam, uma a uma, formando u

Capítulo 58 – Filha do CaosA lua sangrava no céu quando Ana abriu os olhos.O salão do Véu estava em silêncio, exceto pelos estalos das runas ainda pulsando com a magia do ritual. Ao seu redor, o cheiro de cinzas, sangue e poder queimado preenchia o ar. Kael estava ajoelhado ao seu lado, os braços ao redor de seu corpo frágil. Riven estava em pé, observando com uma tensão escura no olhar.— Ela está fria. — Kael rosnou, a voz entrecortada pelo pânico contido.— Não. Ela está se ajustando. — Riven disse. — O sangue dela... mudou tudo.Ana respirou fundo. O ar pareceu mais pesado. Mais denso.Então, ela se sentou.E a luz ao seu redor se dissipou como uma névoa viva.Seus olhos, antes prateados, agora pulsavam com anéis dourados e negros — uma fusão impossível. Na palma da mão, uma marca apareceu: um círculo dividido entre sombra e luz, como o símbolo da criação e do fim.— O que está acontecendo comigo? — ela murmurou, olhando para os dedos, para o mundo, para dentro de si.Kael a seg

Capítulo 60 – Tentação e LâminasO castelo de sombras estava mergulhado em silêncio, mas dentro de Ana, uma tempestade rugia.Desde que o Conclave decretara o prazo de sete dias, ela não descansava. Cada passo, cada decisão, era medida com o peso de um reino inteiro. Os olhos do mundo estavam sobre ela, esperando um erro. Esperando fraqueza.Mas naquela manhã, uma visita inesperada cruzou os portões da torre.Kael farejou o cheiro antes que qualquer alarme soasse.— É ele. — rosnou, os olhos dourados flamejando com antipatia.— Ele quem? — Ana perguntou, cobrindo os ombros com um manto.Riven apareceu com um sorriso torto e sombrio.— O escolhido do Conclave. O “teste” que prometeram. E claro, mandaram o mais insuportável e irresistível de todos.O convidado entrou com passos leves, mas arrogantes. Alto, esguio, pele como âmbar polido, olhos verde-jade e um sorriso tão perigoso quanto uma lâmina afiada. Vestia um manto de couro e ouro, e carregava duas adagas cruzadas nas costas.— Ra