Capítulo 41 – A Noite Antes do NascimentoA noite caiu como um véu negro sem estrelas.O mundo parecia conter o fôlego, como se até os elementos soubessem que aquela era a última calmaria antes do nascimento da Criança do Véu Duplo.No coração do antigo santuário, Ana repousava entre colunas de pedra viva, o ventre já protuberante, as mãos trêmulas — não de medo, mas de pura intensidade.Cada batida de seu coração ecoava entre mundos.Cada respiração fazia a magia da terra pulsar sob sua pele.Kael e Riven estavam com ela.Sempre ao lado.Sempre diferentes, mas igualmente essenciais.O alfa lobo a observava com os olhos dourados, ajoelhado ao pé da cama, os músculos tensos, como se o instinto quisesse protegê-la até da própria lua.Riven, encostado à parede de cristal âmbar, traçava runas no ar, criando um escudo mágico que girava ao redor de Ana com suavidade protetora.— Está tudo mais sensível — murmurou Ana, ofegante. — O ar, meu corpo… vocês.Riven se aproximou.Acariciou-lhe o r

Capítulo 43 – O Nome que Reescreve o DestinoO silêncio que se seguiu ao nascimento foi profundo, quase reverente. Como se o mundo inteiro estivesse prendendo o fôlego, esperando ouvir o primeiro nome da nova era.Ana estava exausta, o corpo ainda sangrando, mas seus olhos estavam mais vivos do que nunca. A filha em seus braços dormia tranquila, envolta em um brilho sutil que oscilava entre a luz e as trevas — como o crepúsculo entre dois mundos.Kael se ajoelhou ao lado do leito, as mãos grandes e fortes envolvidas com cuidado na manta que cobria a recém-nascida.— Ela ainda não tem nome — murmurou ele, a voz rouca, reverente. — E nenhum nome comum poderá carregá-la.Riven se aproximou lentamente, a luz do luar recortando suas feições angulosas e belas. Os olhos vermelhos brilharam com emoção mal contida.— Um nome molda o destino. Se ela for chamada antes do tempo certo, pode atrair os que a caçam… os que a temem.— Mas se for o nome verdadeiro… ela será impossível de deter.Ana erg

Capítulo 45 – O Círculo da Lua CarmesimA floresta sussurrava o nome de Nyra, como se a própria natureza sentisse que algo impossível havia sido gerado. Ana sabia que sua filha não era apenas uma criança. Ela era uma profecia viva, um desequilíbrio no tecido do mundo. E ela precisava aprender a protegê-la — com magia, com sangue, com dor.Riven a conduziu para uma clareira proibida, escondida sob a raiz de uma árvore queimada pelo fogo dos deuses. O ar era denso ali, quase carnal, e o chão estava marcado por runas desenhadas com sangue antigo.— Este é o Círculo da Lua Carmesim, disse ele, a voz arrastada como seda sobre aço.— Aqui, você vai aprender a controlar seu dom… ou será consumida por ele.Ana se ajoelhou no centro do círculo, sentindo a energia vibrar sob sua pele. Suor escorria por sua nuca, mas não era de medo — era desejo. Algo primal acordava dentro dela. Riven se aproximou por trás, o calor do corpo dele irradiando como uma chama viva.— Você sente isso, não sente? — el

Capítulo 47 – Lobo, Sangue e SarcasmoA Cidadela da Alcateia do Norte era escura, feita de pedra negra e ossos esculpidos com símbolos antigos. Havia cheiro de ferro no ar, e as paredes pareciam vibrar com murmúrios de lobos passados. Ana sentia os olhos sobre si — julgadores, desconfiados, alguns até famintos.Mas nenhum olhar era tão afiado quanto o de Lysandra.A loba-mãe de Kael caminhava com a altivez de uma rainha. Era linda, mesmo com os cabelos já entremeados de fios brancos, os traços marcados pela idade e batalhas. Os olhos dourados eram os mesmos de Kael, mas neles não havia ternura — só cálculo e sarcasmo afiado como lâmina.— Espero que saiba andar rápido, humana. Lobas que atrasam a matilha costumam ficar para trás. E morrer.— Boa sorte tentando me matar. — Ana respondeu, sem sorrir.— Já sobrevivi a dragões, rituais de sangue e a esse seu filho temperamental.Kael soltou um suspiro abafado. Lysandra ergueu uma sobrancelha e se virou com um sorriso perigosamente diverti

Capítulo 49 – Sombras no SussurroA noite caiu pesada sobre a fortaleza, como um véu sufocante. Ana caminhava pelos corredores silenciosos, sentindo os ecos de vozes antigas nas pedras. O vento que soprava pelas janelas arqueadas trazia o cheiro da floresta e algo mais... algo sombrio. Um arrepio subiu por sua espinha. Ela estava sendo observada. De novo.— Você anda como uma loba ferida.A voz cortou o silêncio como um sussurro afiado.Ana se virou bruscamente.Ali, encostado na sombra de uma coluna, Riven a encarava. Vestia preto como a própria noite, os olhos de obsidiana brilhando com aquela intensidade escura que fazia sua pele arrepiar.— Você me seguiu.— Não. Eu te esperei. — Ele se afastou da parede e caminhou em sua direção com a lentidão de um predador.— Sabia que viria. Os curiosos sempre voltam onde sentem medo... e desejo.Ana engoliu em seco. Queria recuar, mas seu corpo não obedecia. Algo nele, naquela presença opressora e misteriosa, a atraía como se fosse feita de f