Narrado por GregórioTem coisas que a gente faz sem saber por quê.Mas com ela... tudo em mim muda.Quando Ava me contou sobre o bebê, sobre o Brian, sobre como começou a se odiar, eu senti algo que não estou acostumado a sentir: impotência.Eu posso matar. Sumir com qualquer corpo. Mover caixas e pessoas.Mas eu não posso apagar o passado dela.Então, se eu não posso mudar o que foi… posso, pelo menos, mostrar o que ela merece daqui pra frente.E Ava merece o mundo.**Acordei antes do sol nascer.Chamei o César e o Marco, dois dos meus homens mais antigos. Leais. Calejados. Treinados pra matar com uma mão e fazer vigilância com a outra. Mas hoje…estavam diante de um mapa e um pedido que jamais imaginaram.— Você quer que a gente leve ela pra uma casa no lago? — César perguntou, franzindo a testa.— Exatamente — respondi. — Tudo pronto quando ela acordar. Helicóptero pousa aqui às

Narrado por Gregório O beijo ainda queimava na minha pele. Curto. Surpreso. Mas é real demais pra fingir que não aconteceu. Ela me beijou. E não foi parte de um plano. Não foi sedução. Nem manipulação. Foi impulso puro. Instinto. E talvez… um pedido silencioso pra eu não fugir. Mas eu não beijo. Eu comando. E ninguém comanda a mim. Ou pelo menos… era assim antes dela. Ava me desarma com uma facilidade que me irrita. Ela não grita. Não exige. Não provoca. Ela apenas existe. E, por algum motivo que desafia toda a lógica que conheço, isso é o suficiente pra me tirar do eixo. Ela não sabe o que provocou. Nem o que despertou em mim. E o pior? Nem eu sei o que fazer com isso. --- Depois que ela subiu, voltei pro deque da cabana. A noite já tinha tomado o céu por completo. O lago refletia o breu como um espelho negro e sem fundo. A única luz era da fogueira que eu mesmo acendi horas antes. O vento soprava forte. Gelado. Mas o calor da boca dela ainda estava em mim.

Narrado por Maísa Quando fechei a porta do quarto, minhas pernas fraquejaram. Encostei as costas nela e deixei meu corpo escorregar até o chão, como se eu estivesse sendo engolida por tudo ao mesmo tempo. O silêncio da mansão era um eco incômodo que gritava dentro da minha cabeça. Meu coração ainda batia acelerado com as palavras dele, com o jeito que me defendeu na frente daqueles homens que claramente me desprezaram. "Minha noiva." Essas palavras ainda martelavam no meu peito. Eu sentia como se tivesse sido jogada em um universo paralelo, onde a mulher gorda, abandonada, desvalorizada e rejeitada que eu havia me tornado, de repente era... escolhida. Mas por quê? Gregório Hackman. O nome dele causava calafrios em qualquer canto de Nova York. Ele era temido, respeitado, odiado. Um homem que construiu um império sobre ossos e sangue. Que comandava a máfia mexicana com mãos de ferro. E mesmo assim, ao olhar para mim, não houve frieza. Houve... cuidado. E isso me desmontava. M

AvaSaí do consultório com o rosto ainda úmido.O vento frio bateu contra a pele, mas não doeu tanto quanto as verdades que escutei lá dentro.Camila não aliviou.Mas eu também não pedi alívio.Pedi cura.E, pela primeira vez… talvez eu estivesse pronta para procurar isso.Peguei o carro e fui dirigindo devagar. Sem pressa. Olhando o céu nublado como se ele também estivesse tentando se entender.Quando cheguei na casa do Gregório, o portão já estava aberto.O segurança me reconheceu de longe. Só acenou com a cabeça.Estacionei. Desci. Respirei fundo.A casa estava silenciosa.Subi as escadas devagar, ouvindo apenas o som dos meus passos contra o mármore.Quando empurrei a porta do quarto… ele estava lá.De pé, de costas, tirando a gravata.Ainda de terno. Cabelo impecável. Ombros largos.Ele se virou assim que me ouviu.Gregório: — Como foi a sessão?Ava: — Intensa.Ele se aproximou. Devagar. Como se soubesse que eu estava processando mais do que conseguia dizer.Gregório: — Quer me c

GregórioA noite parecia quieta.Mas Gregório já tinha aprendido faz tempo que o silêncio vinha antes das tempestades.Desceu as escadas em silêncio.Na sala, Ava dormia. Os olhos inchados, o corpo encolhido sob uma manta. Tinha chorado até apagar. Os dedos ainda apertavam o celular, mesmo desligado.Gregório observou por alguns segundos.Cada traço do rosto dela.A fragilidade exposta.O cansaço estampado.E por dentro, um vulcão se acendia. Não de pena.Mas de fúria.De proteção.De promessas que seriam cumpridas com sangue, se fosse preciso.Subiu novamente.Entrou no escritório.Trancou a porta.Acendeu apenas uma luminária baixa no canto da sala. A madeira escura e os móveis de couro tornavam o ambiente pesado. Como se até o ar fosse mais denso ali dentro.Sentou à frente do tablet.Desbloqueou.Criou uma nova pasta.Digitou o nome sem hesitar:BRIAN.Respirou fundo.Discou.O telefone tocou uma, duas vezes… até atender.Dante: — Fala, chefe.Gregório: — Preciso de um levantame