5h00 – CorridaAs ruas ainda estavam vazias quando Clara começou a correr.O ar gelado batia no rosto, mas o corpo queimava por dentro.Top e Bermuda preta. Rabo de cavalo firme.Fones no ouvido. Olhos em chamas.Ela corria como se limpasse a mente —pra que o desejo não atrapalhasse o raciocínio.Mas não adiantava.Cada passo lembrava o nome dele:Leon Vellamo.⸻6h15 – In.Arte, Sala de GuerraClara chegou em casa com o rosto ainda úmido do suor da corrida.Trocou de roupa. Amarrou a toalha no cabelo.A sala já estava tomada por plantas, pastas e olhares afiados.Sabrina, Talita e Vic a esperavam com café na mão e sarcasmo no olhar.— Preparada pra encarar o dono da torre? — provocou Talita.— Vamos revisar o campo de batalha antes — respondeu Clara, abrindo o projeto.Durante 45 minutos, elas ajustaram ângulos, reforçaram argumentos e previram objeções.— Ele vai tentar te desestabilizar — disse Sabrina.— Se ele tocar no vidro espelhado, manda ele enfiar o ego num refletivo triplo

10h23 – In.Arte ArquiteturaClara entrou no estúdio com a mesma energia de quem acabou de dar um tapa no destino… e saiu sem borrar o batom nem perder a calcinha — ainda.Vic foi o primeiro a perceber.— Entrou destruindo, né?— Ele tremeu? — perguntou Sabrina, largando o tablet.— Ou caiu de joelhos? — completou Talita, puxando a cadeira pra Clara.Clara jogou a pasta na mesa, tirou o blazer e se jogou na cadeira com aquele sorriso de mulher que virou ponto de desequilíbrio na planta emocional de um CEO bilionário.— Um pouco de cada.Mas vocês não vão acreditar…As três se aproximaram como se ela fosse contar o final de uma orgia diplomática.— Leon me chamou pra Dubai.— COMO ASSIM?! — gritaram juntas.Ela ergueu o celular, mostrando o e-mail:Viagem técnica à Dubai – 7 dias de estadia –Hospedagem e deslocamento por conta da Vellamo & Co.Objetivo: visita às estruturas verticais referência para reformulação da Torre Vellamo.— O homem quer me trancar no deserto com ele achando que

01h20 – Cobertura Vellamo TowerLeon estava em pé na cozinha minimalista da cobertura.Uma dose de bourbon girando no copo, gelo derretendo devagar.A madrugada ia alta e sua mente… ainda mais.O celular vibrou.Miguel.Ela tá aqui.Nada de salto. Nada de máscara.Só jeans, decote… e aquele sorriso que te desmontou na reunião.Não citei seu nome.Mas os olhos dela tão pedindo algo.Se quiser essa chance casual que vive enrolando…Vem agora.Leon leu.Depois leu de novo.A mandíbula trincou.O olhar escureceu.O copo foi deixado intacto sobre o balcão.Ele subiu até o closet com a calma de quem decide um assassinato emocional.Escolheu uma camisa preta, jeans escuro e uma jaqueta de couro que usava só quando não queria ser reconhecido —mas também não queria passar despercebido.Caminhou até o elevador.Entrou no carro.Silêncio.Nem música.Nem GPS.A cidade inteira poderia estar dormindo…menos o desejo dele.⸻01h58 – Baixo Manhattan, bar popularO lugar era escuro.Respirava sexo a

09h03 – Orion Crown Residence, Cobertura VellamoClara acordou com o som abafado do silêncio.Os lençóis de linho ainda estavam mornos.Seu corpo… marcado.Satisfeito.Desorganizado.Ela virou para o lado.Vazio.Leon não estava lá.Por um segundo, ficou parada, os olhos fixos na curva do travesseiro afundado.O cheiro dele ainda estava ali.Amadeirado. Firme.Dominante até no perfume.Ela se sentou, cobrindo os seios com o lençol.O quarto era perfeito demais.Luz suave entrando pelas cortinas automáticas.O chão de madeira clara.A estante com livros que pareciam escolhidos por um designer, não por um leitor.Ela levantou.Estava nua.E se sentia mais exposta agora do que durante toda a noite anterior.Pegou a blusa preta jogada sobre a poltrona.O jeans ainda no corredor.Caminhou descalça até o banheiro.Vazio.A toalha dele ainda úmida.Mas nada dele ali.Abriu a porta do closet.Fechada.Sem rastros.O som da cidade subia pelas janelas gigantes.Mas parecia distante.Ela voltou

11h42 – Brooklyn | Apê In.ArteClara saiu do táxi com a cara de quem sobreviveu a um furacão sensual.Óculos escuros no rosto, blusa preta emprestada do magnata mais perigoso de Manhattan e o jeans apertado que ainda parecia gritar “ele me fodeu contra uma parede”.Subiu as escadas como se o chão fosse instável.Não por cansaço.Mas porque o corpo ainda vibrava nas lembranças.Contra a parede.Na bancada.No sofá.No chão do corredor.De frente pro espelho.E com palavras que deixariam Freud arrepiado.Abriu a porta.— ENTÃO?! — foi a explosão coletiva.Vic, Talita e Sabrina estavam no sofá como se estivessem em um tribunal esperando o veredito da juíza do prazer.Clara tirou os óculos.Largou a bolsa.Caiu na poltrona com um suspiro digno de novela.— Meu Deus…— Não.— Não começa assim.— A gente quer tudo.Clara olhou pra Vic.— Lembra quando você me disse que meu vibrador tava ultrapassado?— Sim. E mantenho a opinião.— Pois ele agora virou peça de museu.Porque Leon Vellamo me c