Desde o momento em que descobriram quem eu era, fui jogado neste porão como um animal.Mas não estou como os outros prisioneiros, aqueles que gritam, imploram ou enlouquecem aos poucos.Minha cela é um buraco imundo, úmido, onde o tempo parece ter sido esquecido.Mas a mente... a mente está mais viva do que nunca.Já elaborei cada possível rota de fuga.Mapeei os passos, decorei os turnos, contei os segundos entre cada troca de vigia.Só preciso de um vacilo.Um erro. E saio desse maldito inferno.E levo Donatella comigo.Ficar sem notícias dela é o verdadeiro tormento.O que estão fazendo com você, Donatella?Onde está?Está segura?Me diga. Me dê um sinal. Um sussurro, um sonho, qualquer coisa.Mal consigo dormir. Quando fecho os olhos, vejo seu rosto. Quando respiro, é seu cheiro que procuro no ar podre deste lugar. Meu instinto me arrasta até você.A vontade de protegê-la... me dilacera.Merda. Eu devia ter previsto

O amanhecer chegou como uma sentença.O céu ainda estava escuro quando a cela se abriu com um ranger metálico.Dois homens me esperavam. Rígidos. Armados. Sem palavra alguma.Me levantei sozinho. Não por orgulho. Por sobrevivência.Vestia apenas a roupa que me deixaram: preta, formal, pesada.Como se me preparassem para um funeral.Talvez fosse.No corredor, a tensão era densa. Podia senti-la nos olhos de cada capanga. Todos sabiam o que viria.Mas só eu sabia por quê estava ali de verdade.Não era o prisioneiro. Era o desafio.Era o homem que ousou amar uma Vescari.E pôr fogo no império deles com apenas uma verdade:eu não tinha medo.Fui conduzido pela mansão como um fantasma caminhando por seu próprio velório.Mas minha alma, não.Minha alma ardia.Ao chegar ao grande salão, o ar pareceu pesar sobre meus ombros como se cada parede daquela mansão milenar guardasse o eco das execuções silenciosas que construíram o imp

O silêncio nos envolvia quando cruzamos o corredor.A mão de Héctor apertava a minha com firmeza, mas não era mais o toque de quem protege.Era o de quem possui com devoção, de quem venceu uma guerra e agora exigia o direito de celebrar sua vitória comigo.Fechei a porta devagar atrás de nós.O mundo lá fora deixou de existir.Ele parou. Me olhou. E queimou.A respiração pesada. Os olhos cravados nos meus com uma fome bruta. Não era pressa. Era necessidade.— Estamos sozinhos. Finalmente. — ele disse, a voz rouca e carregada de desejo, como uma carícia que escorria pela minha pele.Soltei um sorriso pequeno, mas o corpo já tremia com a antecipação. Ele me puxou pela cintura e me colou ao peito dele. Firme. Intenso. Seu cheiro, sua força, sua presença tudo em Héctor era um campo gravitacional e eu… eu estava rendida.— E agora? — sussurrei, sentindo meu coração acelerar.Os olhos dele se suavizaram por um segundo, e depois voltaram a incendiar.

Depois de encarar o Conclave e enfrentar os irmãos da Donatella como se eu estivesse atravessando um campo minado, tudo o que restava em mim era o cansaço... e a necessidade visceral de protegê-la.Ela. A mulher que mudou meu mundo.A mãe do meu filho. Minha salvação em meio ao caos.Agora, mais do que nunca, só queria tirá-la dali.Queria construir algo longe desse submundo, dessa cadeia invisível de sangue, juramentos e ameaças.Mas antes... precisava ter certeza de que ela queria o mesmo. Precisava ouvir da boca dela que largaria tudo por nós.Após nossa noite juntos, marcada por carinho, desejo e entrega, eu a reverenciei.Cada toque meu era uma promessa silenciosa de amor eterno. Cada curva do seu corpo, minha religião.Me embriaguei nela como um homem sedento por redenção. E adormeci com o gosto do céu entre os lábios.Mas quando acordei, ela não estava mais ali.A cama vazia doeu mais do que deveria.Não era só a ausência física. Era o medo.De que talvez ela tivesse partido.D

Acordar nos braços do meu marido é como respirar pela primeira vez após anos submersa. O calor do seu corpo colado ao meu, o toque firme e ao mesmo tempo cheio de cuidado, seus beijos lentos e possessivos… nunca me senti tão desejada, tão inteira e verdadeiramente amada como estou nos braços de Héctor. Meu delegato.Sabia, desde o primeiro momento, que nossa vida juntos seria um desafio. Eu sou feita de sombras, cresci entre silêncios e promessas veladas. A mulher que sou não pode simplesmente desaparecer mesmo que, agora, eu queira me afastar desse mundo para cuidar do nosso bebê e construir algo mais leve ao lado do homem que escolhi.Mas fugir das raízes é impossível. Eu sou uma Vescari. Fui moldada para ser invisível e letal. Agora, preciso aprender a equilibrar quem fui com quem desejo ser: esposa, mãe... e ainda sombra. Só espero que Héctor esteja realmente preparado para o que está por vir. Porque não será fácil nem para ele, nem para mim.Quando finalmente desperto, ele está a