(Ponto de Vista de Aria)Com o passar das semanas, tudo permaneceu relativamente calmo. Enfim, eu conseguia respirar e aproveitar minha liberdade, visto que o caos do passado parecia cada vez mais distante, enquanto a paz e o silêncio passaram a ser fonte de alívio. Sem obrigações com ninguém e livre de conflitos, encontrei aconchego na rotina e nas simplicidades do cotidiano.O projeto com o Grupo Wellington avançava tranquilamente, mesmo diante dos encontros ocasionais com Adam e, ainda por cima, do sempre irritante Clark. Apesar disso, as tentativas deles de me desestabilizar não surtiram efeito, porque, com o tempo, eu havia me tornado mais forte e resiliente. Além disso, a cada novo dia, sentia-me mais confiante em minhas habilidades, bem como mais convicta de que tomara as decisões corretas.À noite, costumava relaxar com um bom livro ou, então, colocava a conversa em dia com os poucos amigos que, de fato, se importavam comigo. O peso opressor da minha antiga vida ao lado de Adam

(Ponto de Vista de Aria)Assim que vi o carro colidindo contra a árvore à minha frente, meu coração disparou, porque reconheci aquele carro no mesmo instante. Sem pensar duas vezes, soltei o cinto de segurança e saltei do veículo, enquanto meus saltos ecoavam no asfalto durante a corrida em direção ao sedã preto.O capô permanecia amassado, com a fumaça subindo do motor de forma ameaçadora. Ao alcançar a porta do motorista, inclinei-me para espiar o interior, sentindo as mãos trêmulas ao tentar abri-la. Foi então que reconheci um rosto conhecido, caído sobre o airbag, e perdi o fôlego ao entender de quem se tratava.— Adam! Não!Ele permaneceu me encarando, sem conseguir se mover, o que fez meu coração afundar de imediato. Logo, estendi a mão, roçando os dedos no braço dele, e, surpreendentemente, em vez de se queixar da dor, ele perguntou com a voz fraca:— Você está bem?Mesmo em meio àquela situação crítica, a forma como ele se preocupou comigo me desestabilizou por completo. Assim,

(Ponto de Vista de Aria)O vovô era perspicaz demais para ser iludido e, à medida que os dias se acumulavam com Adam ainda no hospital, percebi que minhas visitas frequentes mal conseguiam encobrir o que realmente estava acontecendo.Aos poucos, ele começou a notar os detalhes: observava como eu não permanecia após o horário de visitas, como mantinha uma distância cuidadosa, evitando qualquer toque em Adam... Eram esses pequenos, mas reveladores sinais que, por fim, lhe entregaram a realidade que tentávamos esconder.Ele logo percebeu que Adam e eu já não estávamos mais juntos. Seu olhar penetrante, carregado de uma mistura dolorosa de decepção e compreensão, dizia tudo. Estava claro que ele havia descoberto, e, a partir dali, não havia mais como esconder a verdade.Então, finalmente, ele se voltou para Adam com a pergunta:— O que está acontecendo entre vocês dois?Antes que eu pudesse abrir a boca, Adam se adiantou.— Na verdade, vovô... Ah, foi culpa minha. Eu a deixei chateada e el

(Ponto de Vista de Adam)Aria estava furiosa comigo, e com toda razão. Eu havia colocado a vida do vovô em risco, embora a presença de Sophia no hospital não fosse inteiramente culpa minha. No entanto, engravidá-la... Aquilo sim era totalmente responsabilidade minha.Já a havia alertado inúmeras vezes para não aparecer no hospital, porém ela simplesmente me ignorava. Não só vinha sendo insistente há bastante tempo, como também, naquele dia, decidiu finalmente surgir, apesar de todos os meus protestos.O vovô estava comigo quando Sophia chegou e, ao vê-la entrar sem aviso, sem sequer me informar antes, fiquei completamente sem reação. Além disso, ela nem demonstrou intenção de recuar ao perceber que o vovô havia ignorado a sua presença.Pelo contrário, entrou decidida, cumprimentando-nos com naturalidade e falando comigo de forma excessivamente íntima. E ainda que soubesse que o vovô não gostava dela, insistiu em forçar sua existência na família, tentando, inclusive, iniciar uma convers

(Ponto de Vista de Aria)“Será que Adam estava sob efeito de alguma droga? Em tese, o vovô já havia descoberto sobre o nosso divórcio, então por qual motivo ele, de repente, me pedia para fingir que ainda éramos casados?” Um turbilhão de frustração e incredulidade tomou conta de mim, de modo que parecia que o chão havia se deslocado sob meus pés, enquanto eu buscava, em vão, compreender o que estava acontecendo.— Você tem noção do que está dizendo e pedindo, Adam?— Tenho, Aria. Sei exatamente o que estou pedindo.Continuei em silêncio, aguardando que ele concluísse, e foi então que me lançou a explicação mais surpreendente de todas.A revelação me atingiu com força, como uma avalanche, fazendo com que eu ficasse paralisada, tentando assimilar o impacto da perda parcial de memória do vovô. E o fato de ele ter esquecido do divórcio adicionava ainda mais complexidade a uma situação já absurda.— Como isso é possível?Ainda estava tentando assimilar a notícia quando Adam continuou:— Ele