Pantera narrando Acordei bolado, sem saber o que pensar depois de tudo que aconteceu. Aquelas merdas de fogos, a confusão no baile, e depois a Janete ter sumido sem dar satisfação. Não gosto disso, não mesmo. Ela tava ali, colada comigo, e de repente some. Tinha que ser alguma coisa de propósito, mas não sei o que. Fiquei esperando ela dar um salve, mas até agora nada. Fui lá pro barraco dela, mas ela não tava, só as paradas dela jogadas. Fiquei com a cabeça cheia de pergunta, e cada vez mais puto, tá ligado?Não demorou muito, já tava indo pros corres no morro, mas o cérebro tava lá, girando. Como é que ela pode me fazer isso? Eu já dei a moral, já dei a visão, e agora? A Janete tava mais sumida do que o carregamento de fumo que o Caíque fazia desaparecer, e eu não ia deixar essa bagaça passar batido. Eu já sabia que, se ela não vinha atrás de mim, a coisa tava feia.Mas nada é por acaso no morro. O Pantera não se deixa pegar de surpresa, não. Se a Janete não tava mais ali, eu ia at

Nath narrando Assim que a Janete bloqueou o celular e soltou aquele “amanhã começa o jogo”, eu só consegui encarar ela por uns segundos em silêncio. Parecia outra mulher ali na minha frente. Não era só a minha amiga que tinha passado por um inferno, era uma versão dela mais forte, mais afiada... pronta pra enfrentar qualquer coisa.— Você tem certeza disso, né? — perguntei, mesmo já sabendo a resposta.Ela me lançou aquele olhar firme, que não deixava espaço pra dúvida, e eu só balancei a cabeça, meio em choque, meio admirada.— Se fosse comigo, eu não sei se teria essa coragem toda — confessei, me afundando no sofá.Mas a verdade é que ver a Janete daquele jeito me acendia algo por dentro também. Um tipo de força que eu nem sabia que tinha. Porque no fundo, a gente aprende que não é só sobre reagir... é sobre assumir o controle.— Qualquer coisa, você me chama. Eu vou tá lá, mesmo que seja de longe, observando tudo. — falei com firmeza. — Porque se tem uma coisa que ninguém vai faze

Janete narrando Eu sabia que ele ia tentar me intimidar, que ia vir com aquele papo furado de sempre, mas dessa vez eu tava preparada. Quando o Caique se aproximou, tentando bancar o esperto, só mantive meu olhar firme. Não desviei por nenhum segundo.— Achei que você nunca mais ia aparecer, sumido — eu disse, cruzando os braços, mantendo a postura, como se o coração não estivesse acelerado no peito.Ele deu aquele sorrisinho de canto que sempre usava pra manipular, mas não colava mais. Não em mim.— Achei que você ia sentir minha falta — ele soltou, com aquela voz baixa e cínica.— Eu senti, sim… falta de paz, falta de ar, falta de sossego. Que bom que cê voltou pra eu te mostrar que a Janete que você deixou lá atrás morreu. A de agora não corre, não abaixa a cabeça e muito menos se assusta fácil.Eu vi nos olhos dele o choque. Ele não esperava isso. Não da “menininha frágil” que ele achava que me moldava.Dei dois passos pra frente, encostei quase no rosto dele, e antes que ele ten

Pantera narrando Acordei com a sensação de que alguma coisa tava errada. O clima no morro tava diferente, como se as coisas não estivessem no seu lugar. Meu celular vibrou, e a mensagem de um dos meus homens me fez sentir aquele arrepio na espinha.— Pantera, tá rolando boato na quebrada. Dizem que você perdeu o controle por causa de mulher.Fiquei quieto por um segundo, só pensando no que eu tava lendo. Boato? Mulher? O que diabos estavam falando de mim?Levantei da cama, fui até a janela e olhei lá pra baixo, como se fosse encontrar alguma resposta no horizonte. Não tinha ninguém de fora mexendo, mas a parada parecia estar saindo do controle dentro da minha cabeça.— Caralho, não é possível! — Murmurei, apertando o celular na mão. Eu sabia que o Caique era capaz de alguma coisa suja, mas esse jogo de manipulação… tava me deixando bolado.E o pior de tudo é que o boato tava se espalhando rápido. Eu podia sentir o cheiro de traição no ar. Esses filhos da puta, querendo enfraquecer mi

Pantera narrando Acordei com o rádio chiando na base, mas minha mente já tava pesada desde a noite passada. Desde aquela fita com a Janete e o tal do Caíque, eu não conseguia desligar. Levantei do colchão com a cara fechada, peguei minha Glock, botei na cintura e parti pra rua com o semblante de quem vai resolver parada.— Esses mano acha que vai me derrubar no papo... — murmurei, acendendo o cigarro enquanto passava pela viela.Cheguei na beirada da boca, Blackout já tava lá, conversando com uns menor.— Qual foi, irmão? — ele mandou quando me viu.— Tô com a mente virada, truta. Tem rato se achando tubarão nesse morro. — Respondi, encarando ele. — Cês viram alguma fita estranha ontem?Ele negou com a cabeça, mas eu sabia que os cara tão se mexendo no silêncio. Eu senti. Quando o bagulho começa a ficar calmo demais, é porque a tempestade tá se formando.— Já solta os aviso aí: quero o plantão em alerta, os ponto reforçado e geral de olho em tudo que se move. Quem cochilar, vai rodar