O motor do veículo roncava alto enquanto eu virava bruscamente a esquina, os pneus cantando contra o asfalto. As casas passavam em flashes rápidos enquanto avançava em alta velocidade, o velocímetro marcando bem além do permitido.Ao avistar a entrada de minha casa, pressionei o controle remoto e a porta da garagem começou a se erguer lentamente. Sem reduzir a velocidade, manobrei com precisão, atravessando o limiar da garagem no instante em que o primeiro raio de sol começava a tingir o horizonte.Assim que os pneus tocaram o piso interno, acionei novamente o controle, fazendo a porta se fechar atrás de nós com um estrondo metálico. A escuridão da garagem me envolveu como um manto protetor.O nascer do sol nunca me pareceu tão ameaçador quanto naquele momento, mas estava mais aliviado de ter conseguido chegar antes de ele aparecer no horizonte.Maya desceu do veículo sem dizer uma palavra, fechando a porta com um movimento brusco. As luzes da garagem se acenderam, enquanto ela caminh

A dor estava latejando em minha lateral. A primeira sensação que senti foi uma onda de calor se espalhando, seguida pela sensação de como se minha carne estivesse cozinhando.— Eu não vou embora, Mathias. Você se feriu por me ajudar com Kendrick e não vou virar as costas para você agora.— Maya, isso só vai piorar pelo que Alaíde disse e talvez eu não consiga responder por mim. Você não estará segura ao meu lado.— Eu. Não. Vou. Embora. — Ela disse lentamente. — E proíbo você de me fazer ir, seja lá como você faz isso.Eu a olhei e percebi toda sua determinação. Não teria como convencê-la a isso e só me restava tentar me manter firme. Andei pelo corredor da casa, os passos mais pesados do que o normal, o corpo reclamando da dor.Nunca senti nada parecido, tudo por conta daquele idiota ser um lobisomem. Não tinha noção se a morfina me ajudaria em algo, mas precisava tentar antes que tudo piorasse.Maya me seguia, seus passos silenciosos, ela observava tudo ao redor. Apesar de sua afliç

MAYAA dor de Mathias era minha própria dor. Eu estava ao seu lado, vendo-o se debater, sentindo-me completamente impotente. Não sabia mais o que fazer para ajudá-lo. Cada silvo que ele dava rasgava meu coração em pedaços.O suor cobria seu corpo, o que era estranho, já que seu corpo era totalmente frio e um líquido estranho escorria da ferida na lateral dele, exalando um cheiro prurido e denso. Aquilo me aterrorizava.Mesmo em meio ao tormento, Mathias ainda se preocupava comigo. Seus olhos, quando não estavam vermelhos e ofuscados pela transformação, encontravam os meus com urgência e medo. Ele me mandava ir embora, sua voz rouca e trêmula implorava para que eu me afastasse antes que perdesse o controle. Mas como eu poderia abandoná-lo?— Eu não vou a lugar algum. — Sussurrei, segurando seu rosto entre minhas mãos, sentindo sua pele gelada e suada. — Não vou deixar você sozinho, Mathias. — Repeti pela décima vez e repetiria quantas fossem necessárias.Ele rosnou entre os dentes cer

Quando Alaíde sugeriu que eu tentasse uma audiência, sabia que não seria fácil. Solicitar um encontro com o rei lycan e a rainha, que era uma híbrida de lycan e vampira, era uma tarefa complicada.Já havia ouvido falar sobre eles, sobre sua força e liderança inquestionáveis, mas nunca estivera em sua presença. O fato de precisar levar Maya comigo somente aumentava minha inquietação.Minha preocupação não era somente a dificuldade em conseguir a audiência… dependendo da disposição do rei e da rainha, poderiam levar dias, semanas ou até meses para nos receber.E mesmo que aceitassem o encontro, não havia garantias de que nos ouviriam com consideração. Eu precisaria escolher muito bem minhas palavras, pois qualquer deslize poderia colocar tanto a mim quanto Maya em perigo.A jornada até o reino deles também era algo a se considerar. Enfrentaríamos território desconhecido, e havia o risco de cruzarmos com aqueles que prefeririam nos ver mortos antes que conseguíssemos falar.Eu não podia

MATHIASMeus passos foram silenciosos ao entrar em casa e rapidamente estava na sala, ansioso para encontrá-la. O cheiro dela estava por toda parte, doce e viciante, mas não estava preparado para a visão que encontrei ali… Ela estava adormecida no sofá, um de meus livros repousando em seu colo, os traços serenos, respirando suavemente como se o mundo ao redor não existisse. Mas o que mais me chamou atenção foi o que vestia. Uma das minhas blusas.O tecido largo envolvia seu corpo pequeno, os botões abertos revelando parte de sua clavícula delicada. Meu cheiro a cobria por completo, misturando-se ao seu de forma tentadoramente natural.Mas o que realmente fez algo em mim se contrair foi a pergunta que me veio à mente… o que ela estaria vestindo por baixo?Meus pensamentos foram interrompidos com a chegada de Alaíde logo atrás de mim, parando ao perceber a cena. Um sorriso brincando em seu rosto.— Eu disse que você precisava confiar mais nela. Você é um cara de sorte, Mathias, e encon