CarolinaAcordei com a sensação de que tinha algo errado.Não era medo. Eu não sou mulher de sentir medo. Era aquela inquietação que bate no estômago antes da tempestade. Aquela sensação de que alguém te observou dormir, mesmo com as portas trancadas e as câmeras ligadas.Levantei da cama devagar, caminhei até a varanda do meu loft e respirei fundo. O céu de Nova York estava limpo, azul pálido, mas alguma coisa dentro de mim já avisava: o dia ia escurecer.Vesti meu robe de seda, amarrei na cintura e fui até a porta. Assim que abri, vi o envelope.Branco. Sem remetente. Sem nome.Apenas repousado no chão, como uma ameaça silenciosa.Peguei devagar. Estava leve. Muito leve.Voltei pra dentro, fechei a porta, sentei no sofá e abri o envelope com o cuidado de quem desmonta uma bomba.Lá dentro… uma única folha.E nela, em letras garrafais:“VOCÊ ESTÁ BRINCANDO COM FOGO.”Debaixo, uma foto impressa. Letícia. Saindo da boutique que levei ela na semana passada. Sozinha, carregando sacolas.
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