MARINA MORGAN Eu olhei pela janela, tentando não tremer. O céu estava claro, mas meu corpo continuava tenso, como se carregasse um inverno dentro do peito. Meus ombros estavam rígidos, minha garganta apertada. E então ouvi a voz dele, suave, preocupada.— Querida, você está bem?Fechei os olhos por um momento.— Não. Não está nada bem. Eu ainda sinto, sabia? Eu ainda sinto quando ele me bate... de novo, e de novo, e de novo. E ele...Minha voz falhou, engasgada por uma lembrança que queimava mais do que qualquer fogo.— Ele quem? — ele perguntou, a voz mais próxima. — O que aconteceu com você naquela noite?Virei lentamente o rosto para ele.— Se eu te contar, você vai me olhar de um jeito diferente? Vai se afastar de mim como todo mundo fez? Como você fez antes?Ele não disse nada de imediato. Apenas me puxou para seus braços, como se fosse possível me costurar de novo com um abraço. Senti o calor de seus lábios na minha testa, e por um segundo, só por um, eu quis acreditar que esta
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