-O que foi? Aconteceu alguma coisa? -Ele me pergunta se aproximando. Nisso, Elisa percebe que eu estou ali e dando pulinhos de alegria vem na minha direção, com um de seus adesivos ainda grudado nos dedinhos. -Mamãe! Você me viu? Eu também sei ser médica agora. -Sim meu amor. Eu vi, você é muito boa nisso. Por que não vai pegar as suas coisas? Mamãe precisa dar um papinho de adulto com o tio Hélio e depois nós estamos indo, tudo bem? -Tudo bem! - Ela fala e corre para o outro cômodo onde deve ter largado a mochilinha.-Bom, vou indo nessa também. O tratamento foi muito mais intensivo do que eu esperava, mas realmente fez eu me sentir melhor. - Joe se levanta da maca e oferece um sorriso que não consigo negar oferecer um de volta. -Muito obrigada Joe. -Nada. Ela é uma figurinha. Te vejo em dois dias Hélio. -Até lá - Hélio se despede e vai abrir a porta para Joe. Logo depois ele a fecha e se volta para mim com sua expressão preocupada. - E Então? O que houve. -Eu preciso sair. -

Como era de se esperar, não consegui pregar meus olhos naquela noite, me revirando de um lado para o outro na cama até o horário combinado para sairmos. E assim antes do sol nascer, estava eu, Elisa e Mason prontos para partir. O Caminho seria bem longo, e sem gipe para nos dar cobertura dessa vez porque chamaria muita atenção. Pelo menos eu tinha conseguido me acostumar a não depender do meu lado lobo para essas coisas, então não seria tanto problema. Antes de sairmos totalmente da vila e seguirmos nosso caminho, passamos bem em frente a casa de Donatela, que devia estar dormindo a essa hora. Atravesso seu pequeno quintal correndo e passo uma pequena carta de despedida que tinha escrito durante a madrugada para ela, sabendo que ela também passaria adiante minhas palavras de despedida para todos da vila. Eu só esperava ver eles o quanto antes, e também esperava que eles sentissem pelo menos um pouco da falta que eu iria sentir deles também.Mason ficou observando claramente curioso

Os dias no meu castelo dos pesadelos passavam bem rápido, e quanto mais passavam, mais saudade e preocupação eu sentia por todos da vila. Eu sentia falta de cada tarde ensolarada acompanhada de biscoitos e chá que eu costumava ter com Donatella O tempo que eu e Hélio passamos juntos também, passeando, conversando ou apenas ficando a toa nos dias que Elisa estava com menos energia eram dias que me doíam como se eu não visse todos da vila a mais de anos, ao invés de poucos dias. Mas além dessa saudade, não tinha mais muito tempo para pensar em qualquer outra coisa. É incrível o que um lugar novo, diferente e convidativo pode fazer com uma criança de 4 anos. É como se ela estivesse sempre com a bateria cheia e eu a estava acompanhando por aí da forma que podia. Eu brincava com ela sempre que ela pedia e torcia para que ela não se sentisse sozinha com a falta de crianças da mesma idade ou saudade de todos que costumavam também fazer companhia a Elisa no nosso vilarejo. Lá tinha poucas c

POV JUDEDepois que a Elisa voltou com a “toalha de piquenique” que ela tanto queria usar, reparei que ela estava um pouco estranha conforme me ajudava a levar as coisas para a sala de visita. Perguntei se tinha algum problema e como ela disse que está tudo bem, pensei que podia ser coisa da nossa cabeça.A sala de visitas estava vazia quando fui checá-la, e eu já tinha adiantado um pouco do nosso trabalho arrastando os sofás e a pequena mesa de centro que havia lá. Depois foi fácil estender a toalha bem no meio dela, encostamos a porta com uma cadeira bloqueado para que ninguém entre sem ser convidado (já que essa porta não tinha como ser trancada) e colocamos tudo que tínhamos conseguido na cozinha no centro da toalha. Depois disso fizemos nosso piquenique, sem mais pensar na chuva caindo do lado de fora ou no lugar aonde estávamos. Comemos frutinhas cortadas e alguns biscoitos e eu deixei fazer uma trança no meu cabelo. Ela não sabia fazer trança, então no final das contas ela ap

Felizmente Hélio não retruca. Pelo contrário: ele dá um pequeno passo para trás se mantendo fora do escritório de Mason. -O que ele está fazendo aqui? -Como assim o que ele está fazendo aqui? Pensei que eu não fosse uma prisioneira. Seu olhar vai de mim, parada no meio do escritório para Hélio a poucos passos de mim se mantendo do lado de fora. -Hélio! Não fique parado aí fora, você pode entrar.-Eu digo quando e se ele pode entrar ou não. - Mason me corta. -Então deixe de ser ridículo e diga que ele pode entrar de uma vez. Mason me olha, rangendo os dentes, e talvez eu esteja errada, mas meio incrédulo com o jeito que eu estava falando com ele. Até mesmo eu estava chocada com essas minhas garras, mas eu não ia retraí-las agora. Não era como se ele merecesse minha educação e simpatia. -Ridículo? - Ele repete baixinho, realmente incrédulo. - Entra. -Fala por fim, ríspido e direto. Hélio entra, se sentando em uma das cadeiras.Mason olha para ele com os olhos em chamas, como qu