Vinte minutos depois, o quarto da minha mãe parece uma central de operações. O Dr. Martinez, o chefe da segurança do hospital e dois policiais estão reunidos conosco, todos com expressões fechadas. — Então, recapitulando — o detetive Conti diz, consultando suas anotações —, na semana passada, um homem se passando por Dr. Raffaele Rossi conseguiu acesso ao sistema do hospital e alterou a medicação da Sra. Montesi. — Correto — Dr. Martinez confirma. — E posso garantir que não existe nenhum Dr. Rossi credenciado neste hospital ou em qualquer outra unidade parceira. — Como ele conseguiu esse acesso? — Ettore pergunta. — Ele tinha um crachá temporário válido e conhecia detalhes específicos do caso — responde o chefe da segurança, visivelmente constrangido. — Nossa equipe não teve motivo para desconfiar. — Detalhes específicos? — o detetive repete, atento. — Nome completo da paciente, histórico médico, medicações atuais… — Dr. Martinez lista. — Informações que somente familiares pró

Ela não diz nada por alguns segundos, mas o silêncio já entrega tudo. Está decidindo se nega até o fim… ou se entrega logo. — A Lorena… realmente contou isso? — pergunta, a voz bem mais baixa agora. — Contou — respondo, com um sorriso de lado. — Em detalhes. Mas o que importa aqui é a sua parte. Vai confirmar? Ela hesita. Os olhos desviam dos meus por um momento. — Ettore, você não entende… — sussurra. — Não foi escolha minha. — Sempre é escolha, Isabella — rebato, apoiando os cotovelos na mesa. — A questão é: por que você escolheu sabotar minha esposa? — Porque meu pai… — ela começa, mas para, passando as mãos nos braços. — Porque se eu não fizesse, ele… — Ele o quê? — Disse que me cortaria completamente — admite, e as lágrimas já começam a se formar. — Que me tiraria da empresa, acabaria com meu nome, que… me deixaria sem nada. — E você achou que isso justificava atacar a Liz? — Eu não queria! — explode, finalmente me encarando. — Você acha que foi fácil para mim

O silêncio no escritório é ensurdecedor. Meu pai continua parado na porta, olhando para a foto nas minhas mãos como se fosse uma bomba prestes a explodir.— Pai? — insisto, quando ele não responde. — Por que você tem uma foto com a Chiara?Ele fecha a porta atrás de si com mais força do que o necessário.— Largue isso agora — ordena, a voz fria. — E me explique o que está fazendo aqui, fuçando nas minhas coisas.— Responda à minha pergunta primeiro — rebato, apertando a foto na mão.— Não tenho que responder nada — ele diz, se aproximando. — Esta é a minha casa, meu escritório, e você não tem o direito de…— Tenho o direito de saber se meu pai teve um caso com a mãe do meu marido! — exclamo, levantando a foto. — Isso explicaria muita coisa! Por favor, me explique o que isso significa.Meu pai para na minha frente, me encarando com a expressão que conheço bem. A mesma que eu via sempre que insistia em algo que não devia.A mesma que me faria recuar… se eu ainda tivesse medo das consequ

Apresso meus passos pelo corredor, com Ettore logo atrás de mim. Meu coração bate tão forte que tenho certeza de que todos podem ouvir.Quando finalmente chego à porta do quarto, empurro-a sem cerimônia e entro rapidamente.— Mamma… — murmuro, ofegante, olhando ao redor.Mas, em vez de encontrar minha mãe em perigo, a primeira coisa que vejo é meu pai parado ao lado da cama.Sua postura está tensa, as mãos entrelaçadas atrás das costas. Ele se vira ao ouvir minha voz.— Liz — diz num tom baixo. — Ettore.— Pai? — pergunto, franzindo as sobrancelhas, confusa. — O que você está fazendo aqui?— O hospital me ligou quando não conseguiu falar com você — responde, lançando um olhar breve para minha mãe. — Para avisar sobre Elena.Sinto meu estômago revirar e finalmente olho para ela. Continua como nos últimos meses: olhos fechados, imóvel, conectada aos aparelhos.— Avisar o quê? — pergunto, me aproximando da cama. — Ela está bem?— Ela teve outra melhora significativa — ele diz, mas não pa

“Antônio Montesi” Quando toco a campainha da casa de Chiara, minhas mãos estão surpreendentemente firmes. É agora ou nunca. A empregada me atende, franzindo as sobrancelhas ao me ver. — Boa noite — ela cumprimenta, confusa. — No que posso ajudá-lo? — Boa noite. Preciso ver Chiara Bianchi. — A Sra. Bianchi já está no quarto. Não estava esperando vis… — Diga a ela que um antigo amigo precisa falar com ela — corto, impaciente. — Urgente. Sobre… assuntos antigos. — Claro, um momento. Ela se vira, prestes a fechar a porta, mas sou mais rápido. Tomo a liberdade de seguir seus passos até a sala de estar. Paro no meio da sala, observando os quadros caros e a decoração impecável. Chiara sempre teve bom gosto. Isso foi uma das coisas que mais me atraiu nela. — Antônio? — sua voz ecoa pela escada, poucos minutos depois. Me viro e a vejo descendo, vestindo um robe de seda branco. Mesmo aos cinquenta e poucos anos, ela mantém a beleza que me fascinou quando éramos jovens. — Chiara —