JaquelineGirei a chave na fechadura do meu apartamento com ansiedade. A porta se abriu lentamente, revelando a minha sala iluminada pela luz suave do entardecer, filtrada pelas novas cortinas de linho claro. Meus olhos brilharam. No meio da sala estava ele, imponente e elegante, meu novo sofá perfeitamente posicionado como se sempre tivesse pertencido àquele espaço.Deslizei meus dedos pelo encosto macio, absorvendo a realização daquele momento, me sentei aproveitando o sofá. Na cozinha a geladeira branca reluzia sob a luminária e o fogão estava ao lado perfeitamente encaixado na bancada. Caminhei devagar sentindo cada detalhe quase em reverência. Finalmente eu tinha de volta o meu lugar, a minha privacidade. Fui para o banheiro, ansiosa por um banho. A água morna do chuveiro escorria como bênção levando embora o cansaço e trazendo consigo uma paz indescritível. Minhas roupas estavam todas organizadas no armário embutido, olhei tudo com satisfação enquanto eu me vestia. Horas depois,

Alexandre– Maninho! Maria Luiza levantou com agilidade, pulando em meus braços com uma alegria contagiante.Eu sorri erguendo minha irmãzinha do chão com um abraço apertado.– Você cresceu um pouquinho! Eu disse erguendo a mão e medindo nos dedos. – Só um pouquinho, assim. Beijei seus cabelos.– Você que é muito alto, Ale! Eu estava morrendo de saudades! Respondeu grudada em mim.Do outro lado da sala, a Jaqueline observava a cena em silêncio, com um leve sorriso, quase tímido. Vi carinho nos olhos dela, mas também uma pontada de curiosidade.– Se eu não viesse até aqui, você nem apareceria para me ver, né? Minha irmã me soltou um pouco, apenas para me olhar nos olhos.– Você sabe como é minha relação com a Marcela… é complicada.– Eu entendo. A mamãe é um pouco difícil.– Um pouco, Malu? Sorrimos olhando um para o outro.Malu saiu dos meus braços e caminhou em direção à Jaqueline. Sem hesitar, a abraçou com entusiasmo e a puxou suavemente em minha direção.– Amei sua nova assistente

JaquelineEu apertava a alça da minha bolsa com tanta força enquanto caminhava ao lado do Alexandre, que em certos momentos quase a arrebentei. O som dos meus próprios saltos a cada passo que eu dava, parecia uma denúncia da tensão que eu carregava por dentro. Era como se qualquer pessoa que cruzasse o nosso caminho, apenas com um simples olhar pudesse descobrir a atração irresistível entre nós dois.Alexandre, por outro lado, caminhava com a tranquilidade de quem tinha o controle absoluto da situação. Seu passo era firme, seguro, quase arrogante. Me conduzia pelos corredores como se eu já lhe pertencesse e todo o território em volta fosse dele, o que de fato era. Ele exalava poder, charme e uma confiança destemida, e isso me confundia ainda mais.As funcionárias que passaram por nós, reduziram os passos de forma intencional, apenas para observá-lo. Olhos e sorrisos brilhantes, suspiros mal disfarçados com gritinhos eufóricos. Uma pontada de ciúme latejou em meu peito. Alexandre notou

EstevãoDuas batidas na porta naquela hora da manhã, foram suficientes para me deixar ansioso e ao mesmo tempo sem saber o que fazer. Eu sabia que era ela. Maria Luiza entrou, dona de si como sempre. Por um instante tudo ficou em segundo plano, Malu estava deslumbrante.O vestido social azul claro realçava seu corpo pequeno curvilíneo. A cor acentuou ainda mais o azul dos seus olhos que brilhavam com um misto de doçura e provocação. O decote, sutil mas ousado, deixava à mostra os seios fartos que imediatamente bagunçaram a minha imaginação. Prendi meu olhar na cabeleira loira, solta em longos cachos que emoldurava seu rosto angelical acompanhado de um sorriso atrevido e carregado de malícia.A porta se fechou atrás dela.– Vai ficar aí sentado com essa cara de bobo ou vai me cumprimentar como se deve? Ela me provocou arqueando uma sobrancelha.Me levantei sem saber onde colocar as mãos. Meu olhar oscilava entre o rosto e tudo mais que eu não devia observar.– Malu… você está…está lind

AlexandreDepois do acontecido no restaurante, eu me sentia em um estado que beirava a tortura constante. Cada vez que a Jaqueline passava e se quer me olhava, era como um soco no estômago. Não havia castigo maior do que o silêncio vindo dela e isso estava acabando com a minha concentração. A cadeira dela vazia quando retornamos do restaurante, o que me fez sentir um desconforto imediato. O espaço sem ela parecia maior e mais frio. Respirei fundo tentando concentrar nos papeis sobre a minha mesa, mas em minha mente se repetia a possibilidade dela decidir ir embora. E isso era inadmissível.A possibilidade de perdê-la me desestabilizou, me deixou extremamente inquieto. Eu sabia do meu erro. Encontros casuais com outras mulheres haviam feito parte da minha rotina, sempre com limites claros, sempre com distanciamento emocional. Mas todas acabavam mostrando o mesmo: elas queriam a conta bancária cheia e o prestígio que eu poderia proporcionar.Mas com a Jaqueline era diferente. Ela não me