JaquelineO shopping estava iluminado com luzes douradas e movimento moderado. A trilha sonora ambiente era animada, com sucessos pop atuais. Após o nosso expediente de trabalho, eu e o Caio caminhamos animadamente entre as vitrines de uma loja de roupas femininas, onde brilhos, recortes e tecidos ousados dominavam os cabides.Caio estava empolgadíssimo, com um cabide em cada mão, balançando os vestidos com entusiasmo. Um deles vermelho com um decote generoso, e o outro preto e colado ao corpo com decotes na cintura.– Eu no seu lugar, Jaque, teria agarrado o CEO gostoso. Só você dois no escritório? Ele sem camisa? Misericórdia! Eu não deixava passar! Disse com um olhar travesso e uma risada espalhafatosa.Sorri e me sentei numa das poltronas em frente ao provador enquanto observava os vestidos.– O Alexandre me atrai bastante, mas a mágoa ainda é forte.– Eu te entendo, amiga.– É louco… porque às vezes eu tenho vontade de beijar aquele homem, e às vezes… vontade de dar um soco naque

JaquelineO público gritava e vibrava. Eu sorria contagiada pela energia da boate. O dançarino levantou os meus braços dançando próximo a mim. A vergonha evaporou e eu comecei a rebolar acompanhado o ritmo da dança. As demais mulheres escolhidas também dançavam com diversão. Naquele momento eu me permiti, me sentia livre. Eu era apenas uma mulher brilhando sob as luzes de um palco.Eu e as quatro mulheres fomos mantidas sob o palco. O dançarino se posicionou atrás de mim e eu senti quando suas mãos quentes deslizaram pelas laterais do meu corpo, contornando a minha cintura com uma segurança provocante. Meu corpo estremecia e eu sorria tomada por uma adrenalina deliciosa. Virei o rosto e o encarei por cima do ombro. Seu olhar me acompanhava e o seu sorriso era perfeito.A música mudou para uma batida ainda mais intensa e os cinco dançarinos se jogaram no chão em movimentos sincronizados e teatrais, arrastando-se em direção a cada uma de nós como se fossem predadores se aproximando da pr

AlexandreJaqueline estava com o rosto virado para a janela, as pernas cruzadas, mas seu olhar oscilava entre a paisagem da madrugada e o meu reflexo no vidro. O silêncio entre nós dois dentro do carro era denso. O tipo de silêncio que carrega tudo o que não se diz, e que reprime o que se finge não sentir.– Não adianta agir assim, Jaqueline. Eu realmente me importo como você.– Esse não é o caminho da minha casa, Alexandre.– Eu sei. Tô te levando pra minha cobertura. Minha voz saiu calma e meu olhar estava fixo na estrada.– Isso não faz o menor sentido. Eu quero ir pra casa.Eu não respondi. Meu carro adentrou o bairro nobre e em poucos segundos, o portão automático do prédio abriu e eu entrei com a minha Mercedes. Estacionei e dei a volta para abrir a porta.– Vem. Eu te levo.– Eu consigo andar, Alexandre. Já disse que tá só dolorido. Disse franzindo o rosto, desconfiada.Mesmo assim me mantive próximo, pronto para ampará-la a qualquer sinal de desequilíbrio. Caminhamos lado a la

Alexandre A curva perfeita do corpo e a calcinha preta de renda, ajustada em meio aquele bumbum perfeito, era a imagem que jamais sairia da minha cabeça. Uma memória que ficaria guardada como a calcinha que eu escondia em uma das gavetas do meu closet, como se fosse um amuleto. Um veneno ou um remédio que eu recusava abandonar.Meu sangue fervia por tê-la em meus braços, vestindo a minha camisa, com a pele quente encostada na minha e o cheiro feminino só dela, tão inconfundível. Era um tormento doce. A raiva que ela exalou mais cedo havia se desfeito como álcool em fogo. Entre nós agora havia apenas o desejo puro.Os olhos da Jaqueline sempre tão expressivos, diziam tudo. Ela não precisava falar. Eu via a entrega, a fome disfarçada atrás de olhares longos e respirações curtas. Seu corpo pulsava contra o meu, quando eu estava entre as suas pernas. Bastava um pouco mais e eu a teria. Mas e se ela se arrependesse na manhã seguinte? E se me odiasse por achar que eu havia me aproveitado?

Maria LuizaMeus dedos deslizavam sobre as peças do tecido macio e rendado, do conjunto vermelho de lingerie. Me posicionei em frente ao espelho medindo as peças no meu corpo e me lembrando dos nossos beijos dentro do carro no estacionamento do shopping. Sozinha no meu quarto segurei o conjunto e me sentei na cama cruzando as pernas. Sorri para o vazio e falei comigo mesma."Eu vi você hoje… parado na chuva, encarando a minha casa."Eu o tinha visto, sim. O observei por entre as cortinas, calada, sem esboçar nenhum sinal. O rosto dele molhado, os ombros tensos e os olhos fixos. Parecia confuso. Depois do dia que nos beijamos eu escolhi sumir. Uma saída estratégica. Sem mensagem, sem sinal, não o procuraria, por enquanto.Me imaginei vestindo aquelas peças para ele. Ver seu olhar sobre mim, com seu jeitinho lindo de ser. Me apaixonei pelo Estevão desde os meus 15 anos. Sempre gentil e educado. Diferente de todos os amigos do Alexandre. Eu sabia que o irritava com a quantidade de pergun