EULALIAAquilo me provocou cócegas internas. Além do medo.— O su-supremo é uma lenda. E tem a beleza rara, como diziam.Eu ri da cara de surpresa de Wulfric enquanto segurava os ombros do seu novo amigo e fã.— Então somos belos juntos. — Ele fez o garoto gargalhar, aliviando seu estado trêmulo.Ele jamais diria palavras assim a ninguém. Certamente o tinha feito agora para distrair o jovem lobo, causando mais intimidade, mais conforto e criando conexão com ele. Eu estava orgulhosa do meu companheiro.Aquilo quebrava todas as promessas feias que os outros faziam para os seus inimigos em nome de Wulfric. Já tinha ouvido antes, principalmente em minha adolescência, quando não fazia muito tempo que ele tinha chegado ao trono.Histórias de que ele poderia machucar qualquer um, se ele desejasse. E ninguém poderia fazer o contrário, por isso devia ter disciplina sempre, além de nunca querer conhecer o supremo. Ele era o d***o na terra.A promessa era: “Não faça isso se não quiser conhecer o

MIRELLAAs coisas tinham acontecido fora do normal. Tudo aquilo parecia demais para mim. Por isso, eu amaldiçoava Caius por tudo que tinha acontecido até agora.Tudo sempre foi ideia dele e ele sequer ficou vivo para sofrer o resultado. Era mesmo um lobo velho sem escrúpulos, assim como eu. Mesmo que eu quisesse negar. O antigo alfa da casa Velkan nunca foi assim.Apertei os dentes sentindo frio, fome e dores por todo o corpo. Era praticamente uma humana agora.Tinha certeza que era assim que ele se sentiu até seu último suspiro. As feridas não curavam, inflamavam cada vez mais.As garras de um alfa contra um beta ou ômega, ou mesmo um lobo comum, faziam estrago. De alfa para alfa não era um grande risco se não estivesse disposto a morrer pelo cargo de alfa, mesmo que eu não tivesse sangue de um, ainda seria a mais adequada para o cargo.Usando a força da alcateia eu conseguiria sair quase ilesa de uma briga entre alfas. Mas um castigo, um arranhão vindo das garras do supremo… era dem

EULALIA “O que ele está pensando?” Agora eu adoraria ter os poderes de Wulfric. Ele encarou tanto minha barriga, tão fixamente, que me senti incômoda. Receosa, supondo que ele poderia estar tendo pensamentos ruins em relação àquilo. “Ele deve estar recordando que nasceu com um propósito horrível e está traumatizado.” Por um lado, senti compaixão dele, por se abrir, e, por outro, pesar, por perceber somente depois que minhas perguntas e minha condição o trariam memórias dolorosas e desagradáveis. Fiquei tão aflita que não consegui encontrar palavras para continuar a conversa ruim sobre sua vida. Por um lado, queria saber mais, por outro, já tinha o bastante, poderia fazer minhas conexões sozinha com o que já tinha. “Rosalina enganou Ciro desde o princípio. Então o trono de Wulfric nunca seria dele, sim dela. E ela teria todo o acesso aos demais lobos. Poderia escravizar, usar como bem entendesse, tudo e todos, teria o poder das palavras com ela.” “Ciro seria apenas o caval

MIRELLA Suas palavras foram as piores que já ouvi em minha vida, e isso me fez explodir imediatamente. — FOI VOCÊ! — Apontei para Eulália com fúria, o rosto tomado pela dor. Meu coração estava dilacerado. Ela me recordou que ele não estava vivo, que a imagem dele de antes era apenas uma ilusão, fruto da minha mente em colapso. Apertei mais as grades, desejando que fosse o pescoço dela. — VOCÊ! VOCÊ TINHA QUE TER MORRIDO, NÃO ELE! Eulália apenas me assistia, como se eu fosse um animal estranho. Aquilo estava me irritando ao máximo. — VOCÊ ROUBOU MEU LUGAR! Roubou minha felicidade. — Meus gritos se tornaram gemidos, depois nada. Os guardas me olharam com nojo e desconfiança. Mas eu tinha certeza de que só me olhavam assim, me torturavam quando queriam, porque se tratava da Luna e do supremo. Se fosse qualquer outro infeliz, eles seriam comprados facilmente. E eu já estaria livre para matá-la com as minhas próprias mãos. — Vocês não entendem… Ele era meu… ele morreu por sua

EULÁLIADurante a noite, fiquei curiosa quanto à demora do meu companheiro. Passei bastante tempo pensando se ele ainda estaria chateado com minha pequena mentira.Mas a realidade era que entendia sobre sua preocupação constante, ainda mais sobre aquilo. Ele havia deixado a cela dela aberta para dar um fim na sua vida, causando-lhe muito pavor até o último segundo de sua vida para compensar as ameaças que ela fazia para mim constantemente.Era uma loucura pensar que eu quase fiz seu plano ser arruinado com minha mentira que deveria ser pequena e inofensiva.Por aquele motivo, decidi não mentir ou omitir nada desde aquele momento em diante. Tinha em mente que seria terrível para ele se sentir culpado pelo que não tinha controle.Eu também tenho que cuidar bem do meu bebê e comecei errado. Coloquei as mãos contra a barriga.Sentada, encarando a porta por várias horas, eu permaneci, até sentir sonolência.“Ele não virá?”Mal pensei sobre isso, quem eu esperava apareceu. Fechando a porta,