PONTO DE VISTA DE ELISE Darrion havia me contado ainda no jato que Sabine estava vivendo na sua casa. Disse de forma direta, sem rodeios, como se estivesse apenas atualizando uma situação prática — mas eu sabia que havia muito mais por trás. Depois que Trent a mandou embora, ela não tinha pra onde ir. Ficou marcada entre os clubes, Sabine. Uma vadia traidora. E a culpa disso era de Darrion, ela passava informações sem pensar nas consequências. Naquele momento, eu só assenti. Não estava pronta para digerir tudo aquilo. O ressentimento ainda pulsava dentro de mim, não fazia muito tempo desde que tudo aconteceu entre Sabine e o clube. Agora, algumas semanas depois, o som das ondas do mar me acompanha enquanto estou deitada numa espreguiçadeira de vime no terraço da casa de Darrion. O sol do Caribe aquece minha pele e um leve perfume de protetor solar e maresia flutua no ar. A casa é ampla, de linhas modernas, aberta, com paredes de vidro que refletem a luz e a imensidão azul do

PONTO DE VISTA DE TRENTO bar do clube estava mergulhado num silêncio tenso. A luz fraca iluminava as paredes marcadas pelo tempo, e a fumaça de cigarro pairava no ar como um aviso. Eu estava no fundo, sentado na minha mesa, com uma garrafa de cerveja na mão e os olhos fixos no nada. Pensando nela. Pensando na porra toda que virou minha vida desde que Elise foi embora.A porta da frente se abriu com um estrondo abafado. Grave entrou com passos firmes, os olhos varrendo o ambiente até pousarem em mim. Ele não perdeu tempo. Caminhou direto, como se carregasse uma notícia urgente — daquelas que a gente já sabe que vai odiar.Ele parou na minha frente. Eu levantei o queixo, mantendo os olhos nele enquanto dava outro gole na cerveja."Você descobriu onde Elise está?" perguntei, minha voz saindo baixa, cortante.Grave soltou um riso rápido, descrente."Você não vai acreditar onde ela tá, irmão.""Fala logo", rosnei, cansado de enigmas.Grave arqueou uma sobrancelha."Na casa de praia do seu

Ao chegarmos no bar, encontrei Sabine sentada em um dos bancos altos. Seus olhos me fitaram com curiosidade e desconfiança. Ela claramente queria saber o que diabos eu estava fazendo.Seth pediu duas doses de Whisky, e eu sorri gentil, aceitando a taça apenas para parecer educada. Em vez disso, bebi água. Ele não percebeu, já começava a falar alto, os gestos mais exagerados — o álcool começava a fazer efeito."Acha mesmo que o Trent é inteligente? Aqueles brutos se acham os reis do submundo, mas não passam de criminosos sem noção. Eu, Seth... eu sou um verdadeiro estrategista."Fingi interesse, apoiando o cotovelo no balcão, o rosto apoiado nas mãos. Olhava para ele como se fosse fascinante."Claro. E como é ser um detetive tão... brilhante assim?""Ah, é desgastante, sabe? Ser o único com cérebro entre tantas mentes pequenas. Mas alguém precisa fazer o trabalho sujo."Ele passou a mão pela minha cintura e deslizou os dedos pela lateral do meu quadril. Controlei o impulso de afastá-lo

PONTO DE VISTA DE ELISETrent me conduziu até o carro que estava estacionado em frente ao hotel.Suas mãos ainda firmes nas minhas, mesmo depois de tudo.Mesmo depois de ver o sangue. Mesmo depois de ouvir as palavras que eu disse.Ele não recuou.Eu coloquei meu vestido de volta, com os dedos trêmulos, tentando me recompor, mas não havia como esconder a bagunça por dentro. O gosto amargo na boca, o peso no peito. O que eu tinha feito... quem eu estava me tornando...Assim que a porta do carro foi aberta, hesitei por um segundo, mas então entrei e fui direto para o banco de trás.Eu não queria proximidade.Não ainda.Não quando ainda sentia o cheiro do sangue grudado em mim. Quando meus pensamentos estavam embaralhados demais para formar qualquer frase coerente.Porque a verdade era que... eu estava diferente.Não só por dentro, mas por inteiro.E ainda havia o bebê.Nosso bebê.A criança que ele nem sabia que existia.A verdade pulsava como um tambor no meu peito, me fazendo engolir

Minhas mãos suavam. Meu coração batia forte e irregular. Mas aquela era a hora. Se não fosse agora, nunca seria."Trent... eu descobri há algum tempo que estou grávida de você."O silêncio dele foi absoluto. Quase ensurdecedor."Naquela noite em que eu fugi do aniversário do Grave... eu estava tão estressada, tão pressionada... Eu quase perdi o bebê naquela noite."A dor nos meus olhos ameaçava transbordar, mas me forcei a olhar para ele. Precisava ver o que ele sentia. E não era raiva.Era... tudo ao mesmo tempo. Surpresa. Tristeza. Medo. Mas, acima de tudo, havia uma felicidade contida, crua e verdadeira, que surgia aos poucos como se ele estivesse entendendo o peso daquela notícia."Eu... vou ser pai?" Trent perguntou com a voz rouca, como se estivesse testando aquelas palavras pela primeira vez. Seus olhos estavam cravados nos meus, intensos, vulneráveis.Assenti lentamente."Sim, você vai. Eu já devia ter te contado, mas eu tive medo. E nunca parecia a hora certa. Sempre aconteci