Revirei os olhos, impaciente. A voz dele me irritava como uma serra no osso."Não tô aqui pra brincadeira, Simon. Onde está a Mel?"Ele me lançou um sorriso sombrio. Um daqueles que só canalhas com ego inflado sabem fazer."Então você descobriu... Que o querido Doyle mudou os documentos da adoção daquela garotinha... pra mim?", ele disse com a voz baixa e venenosa. "Deixa eu adivinhar, agora você vai fazer o que eu quiser pra recuperá-la, antes que sua senhora descubra?"A mão de Ivar deslizou até o bolso. Ele puxou a faca e a colocou sobre a mesa com um estalo seco. O som cortou o ar como um aviso.A mensagem era clara: não estamos aqui pra negociar.Rosnei, com a raiva pulsando nos olhos."Estou aqui pra te dizer, seu bastardo... que os nossos negócios acabaram. E se não entregar a garota agora, eu vou te matar.""ONDE ESTÁ A MEL?", Ivar gritou, batendo na mesa com força, fazendo os copos vibrarem.Naja deu um passo à frente, se posicionando entre Simon e nós, o peito estufado."Cal

Baby segurou minha mão com firmeza, os olhos arregalados de preocupação."Vem comigo. Agora."Sem esperar resposta, ela me puxou para fora da pista de dança e atravessamos o corredor apertado até o banheiro feminino. O som da música ficou abafado quando a porta se fechou atrás de nós.Me apoiei na pia e encarei meu reflexo. Meus olhos estavam vermelhos, a maquiagem borrada e a expressão... quebrada. Eu nem parecia comigo mesma. O que diabos estava acontecendo? pensei.Abri a torneira e deixei a água escorrer, gelada. Joguei um punhado no rosto, tentando afastar a raiva, a angústia, o medo.Baby cruzou os braços, encostada na parede."Que diabos foi aquilo, Elise?", ela perguntou, sem rodeios. "Você parecia descontrolada. Terminou com o Iron por causa de uma foto que nem dizia nada!"Minha garganta se apertou, e as palavras dela bateram com força.Ela estava certa.A foto... era só uma imagem. Não dizia nada com certeza. E ainda assim, eu tinha surtado. Gritado com ele. Desligado na ca

PONTO DE VISTA DE ELISEAlguns dias se passaram desde a última tempestade, e agora tudo parecia calmo. Talvez até calmo demais.Hoje é o aniversário do Grave, e o clube está em festa. A música pulsa nas paredes como um coração acelerado, as risadas dos Ceifadores se misturam ao som grave das motos lá fora e o cheiro de cerveja e fumaça preenche o ar. Luzes vermelhas piscam no teto, refletindo nos coletes com o brasão que eu aprendi a respeitar. A família de Trent. A minha, agora.Estou parada perto do balcão do bar, com um copo de suco na mão, observando todos eles se divertirem. Grave está rodeado de mulheres e irmãos de clube, o sorriso dele largo, o olhar carregando a típica arrogância de quem sabe que é o centro da atenção. Ele merece essa noite. Depois de tudo o que passou, ele merece.Mas, apesar da festa, meus pensamentos continuam em outro lugar.Mel.Minha pequena. Minha irmãzinha. Meu coração ainda sangra só de pensar nela. Desde o dia em que a assistente social a tirou de m

Maggie se aproximou de mim com um sorriso travesso, os olhos cheios de empolgação e energia."Ei? Você não quer fazer uma tatuagem?" — perguntou, cutucando meu braço de leve.Olhei para o tatuador do outro lado da sala, e o brilho das agulhas sob a luz. A pergunta dela ficou martelando na minha cabeça por alguns segundos. Pensei em dizer sim, mas hesitei. Ela ainda não sabia da gravidez. Ninguém sabia.Então apenas sorri e desconversei com leveza."Acho que ainda vou pensar no desenho. Talvez seja melhor deixar pra mais tarde."Mais tarde… depois que o bebê nascer. Quem sabe algo especial. Algo que ligasse nós três: eu, o bebê e Trent.Maggie assentiu com entusiasmo, sem perceber a camada oculta por trás das minhas palavras."Eu tô pensando em fazer mais uma, talvez uma borboleta ou algo assim. Cain acha que é brega, mas quem liga?"Ela riu e se afastou, indo até Cain que já a esperava com os braços cruzados, fingindo estar entediado, embora não tirasse os olhos dela por um segundo.V

Usei o nome dele de clube de propósito. Eu não conseguia chamá-lo de Trent.Não depois disso.Ele deu um passo na minha direção, hesitante, mas eu já estava me virando. Alguém me chamou — Baby, talvez. Mas era como se minha mente tivesse desligado.Meu corpo agiu por conta própria.Corri.A porta do clube se escancarou, e o ar frio da noite bateu no meu rosto como um tapa. Meus olhos ardiam, e eu não sabia se era de raiva, de medo ou de pura decepção.Na calçada, reconheci a silhueta de Darrion, o pai de Trent, parado ao lado do carro com um cigarro aceso. A brasa iluminava parte do seu rosto duro e calmo.Abri a porta do carro com mãos trêmulas, entrei e bati a porta antes mesmo que ele pudesse reagir.Ele me olhou, confuso."O que aconteceu, Elise?"Minha voz saiu entrecortada, sufocada pelo choro que eu segurava desde lá dentro."Eu preciso que me tire daqui. Rápido."Darrion jogou o cigarro no chão e o esmagou com o salto da bota.Entrou no carro sem dizer uma palavra, ligou o mot