Continuação.A reunião seguia e, apesar do foco nos números e contratos, o clima entre nós estava longe de ser só profissional.Eu percebia o olhar de Thallison me observando mais do que o normal, com aquela expressão meio tensa, como se cada palavra que Eduardo dirigia a mim fosse uma facada para ele. Sempre gostei dele, era um colega querido, mas nunca soube se ele sentia algo além da amizade... agora, diante daquela cena, a resposta parecia óbvia.Do outro lado da sala, Alice estava mais concentrada no Otávio do que nos relatórios. Era fácil notar que ela admirava o chefe de uma forma que ia além do profissional. Ela lançava olhares furtivos e, às vezes, até sorrisos que ele fingia não perceber, mas que eu, claro, não deixava passar.Enquanto tudo isso acontecia, eu me sentia no meio de uma tempestade silenciosa.O jeito que Otávio me olhava, com aquela mistura de cuidado e ciúmes mal disfarçados, me deixava desconfortável. Era como se ele quisesse me proteger, mas ao mesmo tempo n

A capa foi lançada. E a reação… foi imediata. As redes sociais explodiram. A foto de Otávio e eu estampava os outdoors digitais, o site da empresa, os anúncios patrocinados… Tudo com o slogan: "Conexões reais começam aqui." A imagem dos dois "ex desconhecidos" com uma tensão latente, um olhar que parecia prometer história, química e segredos… viralizou. Dentro da empresa, os comentários eram inevitáveis. — Gente, vocês viram a capa? — ouvi uma funcionária no corredor cochichando com outra. — Eu quase baixei o app só por causa daquela foto! — Nunca vi o Otávio daquele jeito… — outra comentou, rindo. — Ele e a Olívia pareciam… sei lá… casal de filme! Por mais que eu tentasse agir naturalmente… por dentro meu estômago dava voltas se elas soubessem hahaha. E claro… não demorou muito pra Alice descobrir, eu nunca pensei que em questão de dias o comportamento dela mudaria drasticamente e eu que fui burra em não perceber. Na tarde do lançamento, ela invadiu a minha sala sem nem bat

Otávio narrando — Infelizmente minhas férias acabaram! — Mateus entrou no meu escritório com aquele entusiasmo exagerado de sempre, enquanto eu revisava alguns relatórios. Não levantei os olhos da tela. — Tá de mau humor? Nem olhou pra mim — ele provocou. — Menos, Mateus... só estou concentrado no meu trabalho — respondi, ainda olhando para o notebook. — Tá estressado... esse estresse tem nome? — ele perguntou, rindo, como se fosse o dono da verdade. Revirei os olhos, tentando ignorar. Ele não precisava de muito esforço pra acertar. Bastava prestar atenção nas últimas semanas... e em quem andava povoando meus pensamentos mais do que deveria. Revirei os olhos, tentando ignorar. Mas Mateus era insistente. — Sei... — ele continuou, puxando uma cadeira e se jogando nela como se não tivesse um setor inteiro esperando por ele lá fora. — Você só fica assim quando a causa tem batom e salto. Soltei um suspiro, forçando a concentração nas planilhas à minha frente. — Mateus, eu tenho

Olívia narrando Depois daquele choque da notícia da premiação, eu sabia que precisava de um tempo pra mim. Nada melhor do que um dia de compras pra espairecer — e, claro, pra garantir que eu não ia passar vergonha no evento representando a empresa. Peguei o chefe no sapatinho e saí mais cedo, com o coração um pouco mais leve só de pensar em fugir daquela atmosfera pesada da firma. Liguei pra Laura na hora, e, como eu suspeitava, ela topou na hora. — Dia de garotas, hein? — ela falou animada do outro lado da linha. — Exatamente! — respondi sorrindo. — Vamos atrás daquele vestido que me faça parecer que não tô sofrendo por dentro, mas que tô arrasando por fora. Nos encontramos no shopping, eu e Laura com aquele espírito pronto pra botar o mundo abaixo — ou pelo menos as araras da loja de vestidos. Experimentamos de tudo: vestidos que pareciam feitos pra festa de formatura dos anos 90, modelos tão apertados que eu mal conseguia respirar, e até aqueles cheios de brilhos que

Continuação Ele largou o troféu com alguém no meio do caminho e, sem pensar duas vezes, foi até a beira da piscina. Me encarou por um segundo — o suficiente pra eu ver o choque nos olhos dele — e então estendeu a mão, me puxando com força pra fora dali. A água escorria de mim em ondas, o vestido pesando no corpo como um fardo, o cabelo grudado no rosto, a maquiagem uma sombra borrada do que era minutos antes. — Tá tudo bem? — A voz dele veio baixa, quase num sussurro só nosso, enquanto me segurava pelos ombros, os olhos varrendo meu rosto como se tentasse entender o que diabos tinha acontecido. Eu queria dizer que sim. Queria ter a dignidade de sorrir, de fazer piada, de agir como se não ligasse. Mas tudo o que consegui fazer foi olhar pra ele… e engolir em seco, sentindo as lágrimas se misturarem com a água do rosto. Atrás dele, as pessoas murmuravam, cochichavam, algumas riam discretamente, outras gravavam. E lá no fundo… Alice. Impecável, com o vestido seco, com aquela c