— Eu já te disse. Terminei com você há dois anos porque, naquela época, deixei de te amar. — Disse Gabriel, com o rosto impassível e a voz firme, sem o menor traço de hesitação.— Eu não acredito... Você não era assim outro dia. Você ainda me beijou. — Vitória tentou argumentar, mas foi bruscamente interrompida. Gabriel avançou e apertou com força os lábios dela, segurando seu rosto com a mão.— Aquilo foi só porque eu ainda estava confuso com o que sentia. Mas toda vez que me aproximava de você... Só conseguia pensar na Beatriz. É dela que eu gosto. — Cuspiu as palavras com raiva nos olhos.Ouvir aquilo, direto da boca dele, sem rodeios, foi como levar um tapa. Quatro dias antes, ele jurava o contrário. Vitória não conseguiu conter as lágrimas, que escorreram descontroladas pelo rosto. Cerrou os punhos, tomada por um ódio cego de Beatriz.— Então quer dizer que você nunca me amou de verdade? Foi por isso que se apaixonou por outra tão rápido? — Gritou, entre soluços sufocados. — Você

— A Beatriz nunca me tirou de você. Foi o meu avô que a obrigou a se casar comigo. — Disse Gabriel, com a voz firme.Vitória não acreditava nem por um segundo. Se alguém conhecia bem os sentimentos de Beatriz, era ela. Sabia perfeitamente que, desde o ensino médio, Beatriz era apaixonada por Gabriel.Mas, claro, não era louca de dizer isso em voz alta. Ajudar Beatriz? Nem pensar. Queria mais era ver os dois separados para sempre.— Gabi... Você e a Beatriz já se divorciaram. Já passou. Vamos recomeçar, por favor... — Insistiu Vitória, agarrando-se à última esperança.Ela e Gabriel tinham uma longa história. Desde o colégio, depois na faculdade, começaram a namorar logo de cara. Foram anos de dedicação, lembranças, laços criados. Não ia abrir mão disso tão fácil.— Recomeçar com você? Nunca! — Rosnou Gabriel entre os dentes, lançando a ela um olhar cortante. — E eu não me divorciei de ninguém!Só de ouvir a palavra “divórcio”, o sangue dele fervia. Não. Ele e Beatriz ainda estavam casad

Ele estava tomado por uma vontade insana de rasgar tudo. Não suportava nem olhar aquelas palavras. O ciúme o corroía por dentro, a ponto de deixá-lo cego, com os olhos vermelhos de raiva.Mas, justo quando começou a rasgar a primeira folha, ele parou.Era algo da Beatriz. Uma parte da memória dela. Um pedaço da alma dela. Ainda poderia usar aquilo como desculpa para procurá-la... Para devolver o diário... Para vê-la de novo.O ciúme o puxava para um lado, o desespero para outro. Correu até Vitória e arrancou da mão dela a outra metade do caderno. Em seguida, bateu a porta com força, trancando o mundo lá fora.Não tinha coragem de ler o diário. O simples fato de saber que Beatriz o carregava desde o ensino médio até a universidade, e até mesmo depois do casamento... Já doía demais.Ela devia gostar muito daquele cara...Gabriel mordeu os lábios com força, o peito apertado de mágoa e impotência. Sentia-se sufocado. A dor era ainda maior do que ao ver Beatriz com outro homem.Num impulso,

— Não é bem isso... Só estava no caminho. — Disse Daniel, tentando parecer casual.Beatriz apertou os lábios, claramente desconfiada.— É sério. Ontem, quando te deixei em casa, percebi que era na mesma direção da minha. Então hoje, como estava vindo pro escritório, pensei... Por que não? — Explicou ele, como se tivesse tudo planejado de forma espontânea.Beatriz virou o rosto para encará-lo. Daniel estava impecável naquela manhã. Terno preto, perfume marcante, cabelo perfeitamente arrumado. Estava óbvio que não era apenas por acaso.— Daniel, tem algo que eu quero dizer com franqueza. — Disse ela, sem rodeios.— Se for algo que eu não quero ouvir, é melhor não dizer. — Respondeu ele imediatamente.Beatriz o encarou por um momento, suspirou levemente e mesmo assim continuou.— Você é inteligente. Sabe muito bem o que eu estou pensando. Então, não precisamos fingir ou ficar dando voltas.Daniel a interrompeu com uma pergunta direta:— Você terminou com ele?Beatriz hesitou por um segund

— Vô, eu sei que errei. Juro que vou pedir perdão pra Beatriz, mas, por favor... Não entregue o pedido de divórcio. — Implorava Gabriel, a voz repleta de desespero.Do outro lado da linha, o Sr. Henrique ficou em silêncio por longos segundos. Sabia que Beatriz havia assinado os papéis por vontade própria. E a forma como ela foi embora... Sem hesitar... Mostrava que o desejo de se separar partira mesmo dela.— Não importa se você assinou sabendo ou não. O que está feito, está feito. Não adianta mais insistir. — Respondeu ele, com frieza.— Não, vô, o senhor não pode fazer isso comigo! — Gabriel reagiu, em pânico. — Foi o senhor quem me forçou a casar com a Beatriz... Foi o senhor que me colocou no caminho dela! Como pode agora simplesmente destruir tudo? Eu me apaixonei por ela! Eu não consigo viver sem ela! Não peço mais nada, só não entregue o maldito documento...A voz de Gabriel já embargava, cheia de súplica.Do outro lado, Sr. Henrique suspirou profundamente, balançando a cabeça c