Ana Kelly Estava deitada, quase pegando no sono, quando do nada eu vi, como se eu estivesse lá, os aparelhos fazendo aquele barulho ensurdecedor. Sabia que ela estava indo. Levantei no susto eu ainda estava com o celular na mão do jeito que eu deitei. Sentei na beirada da cama, e abracei o travesseiro, com o telefone na mão tentando falar com Anthony mas ele não atende , fazendo a minha aflição aumenta ainda. A hora que ele atendeu. Ele não fala nada, só respira do outro lado… e aí o coração aperta de um jeito que eu não sei explicar. A lágrima já começa a cair antes mesmo de eu dizer alô. Eu desligo… não tenho coragem… parece que eu já sei o que ele ia me falar.Começo a chorar alto, sem conseguir conter. Me encolho toda, abraçando ainda mais forte o travesseiro, o peito apertado, a respiração falhando… E então, de repente, a porta se abre com tudo. É o Sr. Carter, e logo atrás dele, a Dona Luisa. Eles entram assustados, olhando pra mim daquele jeito que só quem ama de verdade olha

Anthony Narrando O que eu sentia nesse momento? Não tinha palavra exata. Era uma mistura de medo, angústia e uma urgência desesperada que parecia me sufocar. A Ana estava aqui, na minha frente, mas de repente ela sumiu. Não foi ela que foi embora, foi como se o corpo dela tivesse me abandonado de uma hora para outra. Quando ela chamou meu nome pela última vez, eu senti meu coração pular da boca. Foi o momento em que tudo que eu tinha dentro de mim desabou. Eu me ajoelhei ao lado dela, segurando firme as mãos trêmulas, tentando fazer com que ela voltasse, que me ouvisse. — Ana, fica comigo! — eu gritava, a voz embargada, sufocada pelo medo que corria pelas minhas veias. Eu não sabia o que fazer. As pessoas no hospital continuavam seus afazeres, mas pra mim parecia que o tempo tinha parado. Só existia ela, caída aqui, como se tivesse se rendido a uma força invisível que a puxava pra longe. Tentei mexer nela, chamar socorro, mas a minha voz soava pequena perto da minha aflição.

Ana Kelly Narrando Chegamos em casa na noite passada, ele me ajudou com o banho, a dona Luisa fez um chá e me deu um remédio, eu nem vi a hora que eu dormi. Acordei com os olhos pesados, ardendo, como se eu tivesse chorado até não ter mais lágrimas… e acho que foi exatamente isso que aconteceu. Pisquei devagar, sentindo meu peito apertado, o vazio da perda ainda pesando em cada respiração. Anthony tava ali, do meu lado, me olhando preocupado, com aquela cara de quem não pregou o olho a noite toda. — Tá tudo bem? — ele perguntou baixinho, como se tivesse medo de me quebrar mais ainda. Assenti devagar, mesmo sabendo que não tava… mas eu precisava estar. Não podia desabar de novo. Levei a mão até o rosto, limpando o resto do sono e da tristeza. — Tô bem… só preciso de um banho… — murmurei, tentando me levantar. Ele se adiantou, segurando meu braço com delicadeza, como sempre fazia quando queria cuidar de mim. — Como vai ser o dia de hoje? — perguntei, a voz meio falhada,

Anthony narrandoO céu tava cinza, parecia que até ele sabia que hoje não tinha como sorrir. O vento batia gelado, cortando a pele, e a cada passo que eu dava em direção ao túmulo, parecia que o chão puxava a gente pra dentro dele.Segurava a mão da Ana Kelly com força, sentindo ela tremer. Ela não dizia nada, só olhava fixo pro caixão que tava ali, prestes a ser baixado. A vó Antonella. O coração da família, a mulher que segurou todo mundo mesmo quando o mundo desabava.Respirei fundo, querendo ser forte, mas a garganta ardia. Olhei pro lado, e vi minha mãe, de cabeça baixa, abraçada no meu pai. A família toda ali, cercando, mas parecia que só existia eu e a Ana naquele momento.Ela apertou minha mão mais forte quando o homem do cemitério começou a mexer nas cordas, preparando pra descer o caixão. Vi o peito dela subir e descer num suspiro desesperado.— Não… — ela murmurou, quase sem voz.Eu puxei ela pra mais perto, abraçando, mas ela deu dois passos pra frente, como se o corpo fos

Anthony Narrando Deitei ela na cama com todo o cuidado do mundo, como quem segura o que tem de mais precioso na vida. Passei a mão devagar pelos cabelos dela, afastando algumas mechas do rosto, enquanto ela me olhava com aquele olhar misturado de tristeza, cansaço e desejo.Inclinei meu rosto e beijei sua boca com calma, sem pressa, sentindo o gosto doce e amargo daquele dia tão difícil. Meus dedos deslizaram pela pele dela, suave, acariciando o pescoço, o ombro, como quem quer dizer, sem precisar falar: “tô aqui… não vou te deixar”.Desci os beijos até a barriga, pousando a mão ali, sobre o lugar onde nosso bebê cresce, e fechei os olhos por um segundo, respirando fundo.— Tá tudo bem aí dentro, meu amor… — murmurei, sorrindo meio sem jeito. Ela riu fraco e passou a mão nos meus cabelos.Quando voltei a olhar pra ela, vi aquele brilho, aquela entrega. Abri espaço entre as pernas dela, passando a mão com delicadeza pela coxa, e ela se mexeu, se contorceu levemente, soltando um suspir