RonaldoO salão estava impecável, digno de capa de revista. Lustres dourados pendiam do teto refletindo sobre o mármore polido, flores brancas envolviam cada canto como se quisessem maquiar a podridão do que realmente acontecia ali. Era o cenário perfeito para um conto de fadas, mas para mim, era um pesadelo com final anunciado.Cada passo que eu dava em direção ao altar soava como um grito mudo de socorro. Eu estava andando para o meu próprio cativeiro — e o mais revoltante é que eu mesmo tinha assinado a sentença.Juliana me esperava na frente de todos, com um sorriso triunfante, vestida com um modelo rendado que devia ter custado mais que meu carro. Ela estava deslumbrante, sim. Mas não era o tipo de beleza que aquecia o coração. Era a beleza de uma cobra prestes a dar o bote. Porque era isso que Juliana era. Uma cobra venenosa que me envolveu até me deixar sem saída.Eu estava me casando com ela porque não tinha escolha.Juliana sabia de tudo.Sabia o que eu fiz com Maria Júlia. S

JulianaAcordei com a cabeça latejando e um gosto amargo na boca. O silêncio do quarto era quase tão cruel quanto o vazio da cama ao meu lado.Ronaldo não estava ali.E eu já sabia que não estaria.O sol da manhã filtrava pelas cortinas caras do hotel, dourando o quarto de luxo que havia sido montado para celebrar a nossa “lua de mel”. Um quarto onde, até agora, não houve sequer um toque, um beijo, um gesto de carinho.Só desprezo.Levantei da cama lentamente. O corpo doía como se eu tivesse sido atropelada por um trem — mas era só o peso do desprezo dele em cima de mim. Me arrastei até o banheiro e encarei o reflexo no espelho. Meu rosto estava inchado, os olhos vermelhos de tanto chorar, a boca pálida.Cadê a mulher poderosa que conquistou tudo o que queria?Cadê a mulher que lutou com unhas e dentes por esse casamento?A mulher que obrigou um homem a se ajoelhar diante dela no altar porque sabia