Início / Romance / O preço do Esquecimento / Capítulo 51 - Capítulo 55
Todos os capítulos do O preço do Esquecimento : Capítulo 51 - Capítulo 55
55 chapters
CAPÍTULO 49
Rotina de Colheitas e ConquistasAcordo antes do sol rasgar o horizonte. O silêncio matutino envolve o sítio, e, ainda sonolenta, escuto o canto distante das rolas. Desço as escadas e encontro Julian já vestindo sua jardineira azul, sentado ao pé do armário, conversando com uma caixa de ovos frescos que recolhemos ontem. Seu sorriso se abre quando me vê:— Mamãe, o dia já começou! Vamos colher tomates?Segurando sua mão pequena, seguimos para o jardim. O orvalho ainda beija as folhas, e as primeiras flores de manjericão exalam aroma intenso. Julian agacha-se e, com cuidado, retira um punhado de folhas, cheirando-as como um tesouro.— Cheira a molhinho de salada, né? Ele pergunta, erguendo uma sobrancelha.— Exatamente. Respondo, colhendo tomates maduros. Vamos usar tudo para o almoço.Carregamos cestos cheios de legumes até a cozinha. Enquanto lavo os ingredientes na pia recém-polida, Julian coloca uma pequena colher de madeira na mão:— Posso mexer a salada, mamãe?— Claro! Digo, e
Ler mais
CAPÍTULO 50
Sonhos ao Luar A noite já se impôs por completo. O sítio silencia, salvo pelo farfalhar ritmado das folhas e pelo coaxar compassado dos sapos no lago. O calor suave das lanternas que pendurei no caramanchão ainda reverbera no ar, piscando como vagalumes atentos ao nosso próximo sonho. Deixo o laptop fechado sobre a mesa de madeira, sentindo a rusticidade do móvel alimentar minha sensação de pertencimento, e caminho lentamente até o quarto de Julian.Ele dorme profundamente, embalado pelos contos que li ontem. O edredom estampado de estrelas deixa escorregar para fora um bracinho. Aproximo‑me com cuidado, contemplo seu rosto sereno e sinto um aperto delicioso no peito. Cada suspiro, cada movimento leve de seus cílios, lembra-me de que minha vida tem um sentido maior do que qualquer relatório corporativo.Saio do quarto de pés descalços e me dirijo à varanda. A lua cheia derrama seu brilho prateado sobre o campo, e as luzes tênues das lanternas completam a cena, criando um jogo de so
Ler mais
CAPÍTULO 51
O Peso do DesaparecimentoMUITO TEMPO DEPOIS...Acordo no meio da madrugada com o celular vibrando sobre a mesa de cabeceira. São mensagens de Adriano: —Alguma novidade sobre a Ari? Onde ela e o bebê estão? Meu peito aperta antes mesmo de eu abrir os olhos por completo. Há quase cinco anos, Aria sumiu sem deixar rastro e com ela, levou a esperança de um futuro que eu ainda mal começava a compreender.Levantando-me com cuidado para não acordar o quarto vazio, calço os sapatos e vou até a varanda. A neblina envolve o jardim, e o ar frio parece dançar ao meu redor, como se cada partícula de água refletisse a minha angústia. Enfio as mãos nos bolsos e ligo o telefone: nenhum sinal novo. Mais um blecaute. Mais uma madrugada de incertezas.Volto para dentro e sento à escrivaninha onde, até poucos dias atrás, guardava os relatórios de receitas e balanços consolidados. Agora, todos esses números me soam vazios: não há planilha, projeção ou gráfico que preencha o buraco que Aria deixou. Peg
Ler mais
CAPÍTULO 52
Traição de RosaA luz fria do escritório me acorda antes do amanhecer. Dor de cabeça lateja, resquício do último uísque. Encaro o espelho fragmentado da porta de vidro e vejo nos meus olhos a mesma angústia de ontem e o medo de viver mais um dia sem Aria.No corredor, encontro Adriano reunido com Sebastião e Miguel Gomez, o chefe de financeiro. O semblante de cada um varia entre a fadiga e a tensão contida. Sei que chegaram a uma pista: Marcelo Rosa, nosso chefe de compras,está no centro do desfalque que corroeu milhões da empresa.Entro na sala sem cerimônia. Eles se calam de imediato. Adriano me encara:— Achei o padrão. Rosa manipulava notas, superfaturava insumos de baixa qualidade, pagava fora do mercado. Tudo via empresas de fachada. Distribuía o rombo em pequenas frações para não chamar atenção.Sinto o sangue ferver. Em mim, convulsiona uma mistura de indignação e descrédito: Traíram minha confiança, abusaram da minha vulnerabilidade. E tudo isso enquanto eu acusava Aria enq
Ler mais
CAPÍTULO 53
Confissões Noturnas.A noite engole a mansão com sua manta escura, e eu permaneço desperta, sentada na beirada da minha cama. A frieza das cortinas pesadas contrasta com o calor que ainda sinto no peito. A lua, rara e tímida, vaza por uma fresta, projetando em meu travesseiro um filete de luz prateada. Nem mesmo o tique-taque do relógio de parede parece ousar perturbar esse instante de absoluta introspecção.Fecho os olhos e me deixo levar pelos pensamentos que insistem em ressurgir: o contrato assinado há poucos dias, com suas cláusulas precisas, as suítes independentes, as multas astronômicas, o registro em cartório de sigilo. Tudo isso serve para proteger Artur, para blindar nossa união fictícia contra olhares curiosos e inimigos invisíveis, e principalmente de seu pai. Mas, no silêncio da madrugada, percebo que meu maior temor não mora no mundo externo, e sim dentro de mim.Pego meu celular e descubro que já é quase uma hora. Artur e Josué nunca me viram tão vulnerável. A ideia
Ler mais
Digitalize o código para ler no App