Um Mundo Sem Voz
Alexandro
Já não sei mais quantas vezes me sentei diante daquela antiga caixa de papelão no fundo do closet. A caixa onde Aria guardava suas pequenas anotações pessoais.
Cada item é uma punhalada silenciosa no meu peito. E, ainda assim, volto sempre a ela. Porque é tudo o que me resta.
É estranho como a dor, quando se instala, deixa de gritar. Ela se acomoda.
Como um hóspede permanente que aprende a conviver com você, roubando sua vitalidade aos poucos, todos os dias.
Já não há desespero em mim, só um cansaço profundo, um silêncio que pesa mais que qualquer barulho.
As pessoas pararam de perguntar sobre ela há dois anos. Primeiro vinham com compaixão, depois com curiosidade, até que finalmente desistiram.
Agora, tudo que vejo nos olhos dos outros é pena. E isso é insuportável. Porque ninguém sente o que sinto.
Ninguém entende o que é acordar todos os dias com um nome preso na garganta. Com um grito sufocado de:
“Aria, onde você está?”
Meu filho deve ter quase qu