Ana sabia que aquele filho nunca a escutava.Ela só pôde suavizar o tom de voz:— E a sua empresa vai aceitar isso? E os seus fãs...— Minha vida é minha, eu tomo minhas próprias decisões. Não preciso da permissão de ninguém!O rosto de Cipriano estava sombrio.Vendo que não adiantava insistir com o filho, Ana voltou-se para Marília:— Srta. Marília, não sou contra o casamento de vocês. É só que, agora, meu filho está em plena ascensão na carreira. Você deveria pensar nele. Sabe que ele é uma estrela agora, e os fãs dele são muito exigentes...Cipriano a interrompeu com voz ríspida:— Cala a boca!Ana ficou em silêncio, olhando o filho com certo receio.Marília puxou discretamente a manga de Cipriano, tentando acalmá-lo:— A tia está preocupada com você.— Ela está é com medo de que eu não tenha mais dinheiro para ela gastar! — Assim que disse isso e viu Marília olhando para ele, surpresa e sem reação, Cipriano logo conteve a raiva e segurou a mão dela, dizendo num tom mais calmo. — De

Marília mexeu os lábios, prestes a falar, quando ouviu o celular tocar dentro da bolsa. Ela o pegou para ver quem era. Era uma ligação de Saulo. Atendeu.Do outro lado, a voz de Saulo veio primeiro:— Aconteceu alguma coisa?Marília estava prestes a responder, mas Cipriano pegou o celular da mão dela e encerrou a chamada.Ela o encarou.Ele lhe devolveu o aparelho.Marília o guardou de volta na bolsa.Naquele momento, o trânsito estava travado à frente e atrás. Sentados dentro do carro, nenhum dos dois disse mais nada.Cipriano pensou em acender um cigarro, mas se lembrou de que Mimi não gostava disso, então se conteve.Quando o semáforo à frente mudou, o tráfego começou a se mover devagar. Mas, antes de conseguirem atravessar o cruzamento, Cipriano teve que parar novamente.O silêncio dentro do carro era sufocante. Marília abriu a janela; a brisa da noite entrou, trazendo um pouco de clareza à mente.De repente, ele quebrou o silêncio:— Desculpa.Ao ouvir o pedido de desculpas, Maríl

Debaixo do chuveiro, as palavras de Saulo ecoavam involuntariamente na mente dela.Cipriano realmente era uma preocupação constante agora.Como ela poderia ajudá-lo da melhor forma?Marília ficou no banho por muito tempo, até que a água do aquecedor começou a esfriar. Só então desligou o chuveiro, se enxugou, enrolou-se no roupão e saiu. Sentou-se novamente à beira da cama.Olhou para o quarto vazio, sentiu o silêncio da casa e depois fixou o olhar no anel em sua mão. Havia se esquecido de tirá-lo antes do banho.Fitando aquele anel de diamante, finalmente tomou uma decisão....Durante a semana, o movimento estava fraco.Marília só saiu de casa às dez da manhã. Já no carro, recebeu uma ligação de Calypsa.Quando entrou na loja, viu Sirlei sentada, acompanhada de duas garotas mais ou menos da mesma idade.Assim que Marília passou pela porta, Sirlei se levantou com ar autoritário e disse:— Você chegou. Manda elas empacotarem tudo isso pra mim!Marília deu uma olhada nas joias sobre o b

O garçom trouxe o café que ela havia pedido e o colocou diante dela.Ela o pegou e tomou um pequeno gole. Quando o amargor se espalhou por cada canto da boca, ela abriu a boca lentamente:— Mesmo que ele não seja mais uma estrela, ainda posso viver minha vida com ele. Só espero que, no futuro, ele possa ser um pouco mais feliz.Ana não conseguia entender aquelas palavras. Na visão dela, ser uma celebridade era a forma mais lucrativa de viver. Seu filho era um dos mais famosos do país; apenas um contrato publicitário já rendia mais do que a maioria das pessoas ganharia em toda a vida.Desde que o filho se tornara famoso, até os parentes do lado do marido passaram a bajulá-la.Até mesmo a enteada, que antes a desprezava, agora demonstrava respeito e dependência em relação a ela.O padrão de vida de Ana havia melhorado drasticamente, em todos os aspectos.E tudo isso era graças ao fato de seu filho ser uma grande celebridade e saber ganhar dinheiro.Se o filho deixasse de ser famoso...—

O jantar de Marília foi resolvido no shopping. Ela não quis voltar para casa para cozinhar, então pediu um combo individual: arroz com costeleta de porco, um pedaço de bolo e uma bebida.Depois de comer, ela andou pelo shopping para ajudar na digestão. Quando chegou ao quinto andar, decidiu pegar aquela bolsinha rosa de couro de cordeiro que tinha visto de manhã. Afinal, depois de tanto tempo trabalhando duro, ela ainda não tinha se dado nenhum presente.Mas, ao entrar na loja, foi informada de que a bolsa já havia sido vendida.E era uma edição limitada. Aquela loja só tinha uma unidade e, mesmo que pedissem de outra filial, não havia garantia de que ainda estivesse em estoque. Marília pensou um pouco e decidiu deixar para lá. Iria dar uma olhada em outras lojas.Ao passar por uma loja de vestidos de noiva, ela parou e ficou olhando para o vestido lindo e delicado na vitrine.A decisão que tomara na noite anterior voltou à sua mente.Pensou na inquietação dele naquele dia e na falta d