ARTHUR CASTELLANIO dia do divórcio não trouxe alívio imediato. Não houve fogos, nem uma sensação mágica de liberdade. Só o fim de um processo longo, desgastante e necessário. E isso, no fim, já bastava.O juiz leu a sentença com a mesma expressão que se usa para fechar contratos. Palavras formais, tons neutros. Quando ele disse que meu vínculo matrimonial com Valentina estava oficialmente encerrado, eu apenas respirei fundo. Era isso. Nada mais me ligava legalmente à mulher que comandou minha vida como quem administra uma empresa: com precisão, cálculo e frieza.Valentina não demonstrou reação. Estava com a postura impecável de sempre, maquiagem intocável, expressão inquebrável. Levantou da cadeira, ajeitou o casaco e, antes de sair da sala de audiências, olhou para mim por alguns segundos.— Você acabou com tudo — disse, sem elevar a voz.— Eu apenas tirei o que sobrou de mim das suas mãos.Ela não respondeu. Saiu. Sem cena, sem gritos. Aquilo era pior do que se tivesse feito um esc
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