MORPHEUSSaí do quarto e fechei a porta atrás de mim. Precisava me afastar dela o máximo possível. Ela não deveria estar com alguém como eu, pois só a colocaria em perigo. Tinha certeza de que ela ficaria bem sem mim. A deusa da lua sempre tivera o péssimo hábito de dar um companheiro que não podia ser, e eu me perguntei como pôde me conceder como companheira a filha de um dos meus inimigos, já que sempre fora horrível para unir pessoas.A última coisa que imaginei ao chegar aqui foi reencontrar gente do meu passado. Fiquei estupefato quando vi Ari me encarar, pois pensava falar com ela assim que resolvesse a situação com aquela mulher curiosa. No entanto, fui completamente desestabilizado ao notar Laika. Sentira seu perfume antes de olhar por cima do ombro e percebê-la se aproximar. Felizmente ela não me viu, então, para despistá-la, agarrei Mildred e a beijei.Jamais esperei o que aconteceu naquele instante em que nossos lábios se tocaram. Faíscas percorreram meu corpo e estremeci. O

Balancei a cabeça.— Você não me conhece, Laika. Eu já fiz coisas piores do que você sabe. Para mim não há perdão.Com isso, fui embora sem lhe dar oportunidade de dizer mais nada.Tinha cometido atos imperdoáveis e não acreditava merecer perdão pois vira pessoas morrerem diante de mim quando poderia ter ajudado. Sentia-me tão ruim que não merecia viver, muito menos nutrir sentimentos por uma mulher como Mildred. Ela era tudo aquilo que eu não era. Quando a encontrasse desta vez, eu a levaria de volta para Obion mesmo que tivesse sido banido daquele reino.~~~Segui seu cheiro até o fim do dia, mas não encontrei nenhum sinal dela, pois o rastro me conduzia apenas a becos sem saída. Quando a escuridão tomou conta do céu, entrei em um bar e me acomodei em uma mesa isolada para refletir sobre o próximo passo. Reflito sobre onde ela poderia ter ido e volto a me culpar pelo seu desaparecimento, pensando que deveria tê-la vigiado mais de perto.O perfume dela voltou a flutuar em minhas narin

— Me solta! Me solta! — Ela gritava.— Ei. O que deu em você? Tem ideia do risco que correu? — Repreendi.— Por que está aqui? Por que não me deixa em paz? — Ela gritou de volta.— Você não me quer e não se importa com o que eu sinto, mas mesmo assim não me deixa em paz!As lágrimas já corriam pelo rosto dela e aquilo me fez sentir mal. Virei-a para que me encarasse e tentei puxá-la para me consolar, mas ela se afastou e passou a bater em mim enquanto chorava e desabafava.— Você é uma pessoa horrível e eu te odeio. Você não faz ideia do quanto estou em perigo em casa. Eu te segui porque você é a única pessoa em quem eu confio, você e Odin. Não percebe que me sinto segura perto de você? Mas acho que sou só um peso para você, algo de que você quer se livrar. Você me chamou de estúpida, irritante, impulsiva. Disse que estava preso a mim e queria me descartar e então me beijou como se não tivesse dito tudo aquilo segundos antes. Depois eu te vi conversando com uma estranha sobre mim pedin

MILDRED— Então qual é a sua comida favorita? — Perguntei depois que Morpheus finalmente aceitou comer comigo.Esperei que ele comesse mais um pouco antes de formular a pergunta. Ele lançou-me um olhar de lado e mergulhou o pedaço de pão no caldo, então fiquei ali, aguardando uma resposta que parecia não chegar.— Não tenho refeição favorita. — Respondeu friamente.— Pois eu tenho. Eu adoro tudo que envolve legumes e jamais comeria carne.Ele permaneceu em silêncio. Eu aguardava alguma palavra, mas ele optou por ignorar. Deixei passar.— Quem eram aquelas mulheres que você encontrou? Por que confiou tanto nelas para me levar de volta com segurança?— Porque eu sei quem elas são. — Respondeu.— Como as conhece? São suas irmãs?— A identidade delas não é da sua conta.— Você não tem curiosidade em saber por que eu fugi do palácio? — Tentei reacender seu interesse.— Você disse que não queria se casar com o príncipe. — Ele replicou.Assenti e esperei que ele perguntasse a razão, mas isso

MILDREDOutro dia se passou sem que eu visse Morpheus. Vasculhei cada canto da taverna e até o mercado, mas ele parecia ter se dissipado no ar. Voltei ao lugar onde o encontrara trabalhando, porém também não o encontrei lá.— Ainda está procurando pelo brutamontes de cara fechada? — Um dos descarregadores perguntou no dia seguinte, quando retornei para procurá-lo mais uma vez. Assenti e ele suspirou. — Sinto muito por você. Aquele cara não parece se importar com o que você sente por ele.— Ele é meu marido. — Menti.O homem me olhou surpreso.— Seu marido deixou você sozinha?— Eu não sei… Estamos viajando e era para termos partido daqui há três noites.Pude ver uma expressão de pena tomar os olhos dele.— Espere mais um pouco. Vai que ele aparece.Eu não queria acreditar que Morpheus me abandonara novamente, já que ele havia feito o mesmo quando ainda estávamos sob a proteção de Odin, e agora, sem Odin ao meu lado, só restava eu, totalmente sozinha.Limpei as lágrimas que brotaram dos