Lorenzo Ricci Eu estava ali, parado, encarando Camila como se o chão tivesse sido arrancado dos meus pés. O silêncio entre nós era cortante, apenas o som dos nossos corações batendo apressadamente preenchia o espaço. Sobre a mesa, os exames médicos estavam espalhados, as palavras frias e cruéis saltavam das páginas como facas afiadas: câncer, estágio avançado, tratamento urgente. Minha voz ecoou pelo restaurante, rouca, trêmula, mas carregada da raiva que nascia do medo. — Quando ia me contar? — Minha pergunta cortou o ar, carregada de incredulidade. — Em que momento pensou que eu deveria saber? Quando eu tivesse que preparar seu velório? — As palavras saíram mais duras do que eu pretendia, mas eu não podia conter a fúria desesperada que me corroía por dentro. Camila abaixou a cabeça, os lábios entreabertos, como se procurasse a resposta certa, como se qualquer justificativa pudesse apagar aquele pesadelo. — Lorenzo… Eu ri, mas não de felicidade. Um riso vazio, ácido. — Subo
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