A sala de reuniões da Stellar carregava um silêncio tenso. Lá fora, os flashes da imprensa já começavam a brilhar contra os vidros espelhados, como se o mundo inteiro estivesse esperando pela queda de alguém.Melissa respirou fundo e tentou dialogar:— Amara, eu sei que isso é difícil pra você. Mas, no fim das contas, você teve parte nisso também. A crise precisa ser contida… e só há um jeito de minimizar o impacto. A empresa não pode afundar por causa de um desentendimento pessoal entre nós: eu, você e Áurea. Seja racional.Amara ergueu os olhos devagar, encarando Melissa com firmeza. Sua expressão estava sóbria, mas havia algo nos olhos dela — um cansaço calado, misturado a uma força que ninguém ali parecia compreender por completo.— Melissa, com todo respeito… — começou, a voz baixa e controlada. — Desde o primeiro instante, foi você e Áurea quem me atacou. Fui eu quem foi injustamente acusada, apontada publicamente, difamada. E mesmo assim, segui os princípios da Stellar, engoli o

Amara estava decidida a pagar com o próprio dinheiro. Queria que aquele presente fosse algo especial, algo só dela e de Théo. Mas a loja, o ambiente e tudo ao redor pareciam conspirar para que aquele momento ganhasse outra proporção.Gostara demais da roupa — uma peça delicada e ao mesmo tempo elegante, perfeita para o pequeno Théo. Pensar que algo tão cuidadosamente escolhido pudesse acabar nas mãos de alguém como Carol Merdian era desconfortável demais para ignorar.Respirando fundo, Amara tirou da bolsa o cartão preto que Pitter lhe entregara dias antes. Relutante, apresentou-o à vendedora.O silêncio foi imediato. A movimentação da loja cessou por alguns segundos. A vendedora, experiente, logo reconheceu o símbolo dourado no canto superior do cartão. Seus olhos brilharam com respeito.Carol e Patrícia, que observavam de longe, congelaram. Elas sabiam o que aquilo significava. Mesmo sem nunca terem segurado um exemplar real, o cartão preto era lendário: o "Rei das Cartas", como os t

— Tudo bem! Deixe comigo! — disse Amara, batendo levemente no próprio peito com confiança. Quanto mais observava o adorável par — pai e filho, um alto e um baixo — mais animada ficava. — Ah, não consigo me segurar! Quero tirar algumas fotos de vocês dois! Venham, fiquem lado a lado… isso, mais perto… agora deem as mãos.Pitter e Théo obedeceram como modelos disciplinados, seguindo cada instrução dela.Amara, completamente envolvida, fotografava sem parar no pequeno jardim da sacada do escritório. A alegria dela transbordava, transformando-a numa verdadeira fã.Pitter, de pé ao lado, inclinou-se discretamente para espiar as fotos no celular. — Muito bem tiradas — comentou com um leve sorriso.— Ah, minhas habilidades são medianas… — respondeu ela, modesta. — Só usei o celular! Mas vocês dois são modelos incríveis, e o cenário ajuda. Olha, cada foto parece uma obra de arte! Ah, certo… você tem rede social, não tem? Vou te adicionar e te mandar as fotos. Quem ainda usa SMS hoje em dia?

A noite se instalara como um manto aveludado sobre o set, enquanto luzes quentes transformavam o cenário num quadro vivo. Lanternas artificiais imitavam a maciez da lua, e cada detalhe parecia cuidadosamente pintado para o momento que viria.Lenno Bráz, já vestido com o figurino impecável, tentava disfarçar a inquietação. Apesar de anos de experiência, havia algo diferente naquela noite. Talvez fosse o fato de que, mesmo no tempo em que ele e Amara haviam namorado, nunca chegara a segurá-la pelas mãos… muito menos a beijá-la.O destino parecia zombar dele: a primeira vez aconteceria diante de câmeras, luzes e olhos curiosos.Enquanto respirava fundo, sentiu um toque firme nas costas. Virou-se e deu de cara com Amara. Ela vestia uma fantasia elegante, os cabelos presos num rabo de cavalo alto, e um sorriso despreocupado que não deixava transparecer nada do que pensava. Aproximou-se, jogando o braço sobre os ombros dele com naturalidade.— O que foi, loirinho? Está nervoso? — provocou.L

— Amara! Não mude de assunto! — A voz de Lenno Bráz não cortou o burburinho do jantar. Porém, sua frustração estava escancarada.No fundo, um pensamento o corroía: Como posso ser apenas um ex-namorado para ela? Como me comparar a Asllan, o amor de infância que ela nunca esqueceu? A lembrança queimava — até mesmo nos sonhos, ela já havia sussurrado o nome dele.Amara suspirou, cansada. — Tudo bem, Lenno… não vou mudar de assunto. Mas o que você quer? Criar um escândalo, expor o que existe entre nós e entre mim e Asllan, bem aqui, diante de todos?Ele ficou em silêncio, mordendo a língua. Sabia que estava sendo infantil, mas não conseguia se controlar.— Se quer pagar este jantar, pague. Faça como quiser — disse ela, por fim, sem entusiasmo.Do outro lado da sala, Asllan observava. Os olhos se estreitaram ao ver Amara sussurrar algo no ouvido de Lenno. As sobrancelhas se uniram — havia ali algo além de coleguismo?Melissa o puxou pelo braço, doce como sempre. — Asllan, você trouxe o q