POV do CalvinStevie não disse isso diretamente, mas eu consegui perceber o quanto aquela exposição significava para ela. Ela estava cheia de energia, seus cadernos se enchendo de ideias mais rápido do que ela conseguia encontrar espaço nas páginas. Ver ela redescobrir aquela faísca foi como ver a luz do sol rompendo uma tempestade.Mas eu a conhecia o suficiente para entender que ela não deixaria eu me intrometer e assumir o controle. Isso tinha que ser dela, ou não significaria nada. Mas isso não significava que eu não pudesse ajudar, só tinha que ser estratégico.Sentei-me à minha mesa, rolando pelos meus contatos. O mundo das galerias não era exatamente o meu domínio, mas eu já tinha esbarrado com o suficiente de pessoas do mundo da arte para saber por onde começar. Alguns e-mails aqui, algumas ligações ali, e de repente, portas começaram a se abrir. Silenciosamente. Discretamente.Digitei outro e-mail, mantendo o tom casual, como se fosse somente mais uma transação comercial. Agua

POV da Stevie— Você está brincando, né? — Perguntei, sem expressão, olhando para a cadeira de rodas que Calvin acabara de colocar na sala.— Não, não estou. — Ele respondeu, parecendo completamente satisfeito consigo mesmo.— Calvin, eu não tenho noventa anos. Consigo andar direitinho, bem, mais ou menos. — Fiz um gesto vago em direção às minhas pernas, praticamente escondidas sob os cobertores há semanas. — Isso está um pouco dramático, até para você.Ele cruzou os braços e me lançou aquele olhar. O olhar que diz: Estou tentando ajudar, não torne isso mais difícil do que precisa ser.— Ordem do médico, Stevie. — Disse ele. — Você não pode ficar muito tempo em pé, e eu não vou correr o risco de você exagerar. A galeria é grande, e você vai me agradecer quando não estiver completamente exausta depois de dez minutos.Soltei um suspiro, deixando minha cabeça cair de volta no sofá.— Tá bom. Mas se alguém tirar fotos de mim nesse troço, eu processo.Quinze minutos depois, lá estava eu na

POV do BillO café da manhã em nossa casa raramente era tranquilo. Collin estava empoleirado na sua cadeira de booster, agitando a colher como se fosse uma arma enquanto devorava uma tigela de mingau de aveia. Serena estava sentada à sua frente, pálida e claramente tentando não vomitar com o cheiro do café da manhã dele.— Mais mirtilos, papai! — Collin anunciou, empurrando a tigela vazia em minha direção, como se ele fosse o chefe por ali.— Diga ‘por favor’, filho. — Lhe lembrei, pegando o recipiente da geladeira.— Por favor! — Ele disse, com um sorriso.Arrumei o cabelo dele e reabasteci a tigela, dando uma olhada em Serena. Ela mal tocara na torrada, uma das mãos esfregando círculos lentos na testa.— Você está bem? — Perguntei, mantendo minha voz baixa.Ela acenou com a cabeça, mas não foi convincente. — Só a mesma coisa.“Só a mesma coisa” tinha afetado ela de maneira mais forte ultimamente. Aquela gravidez não foi nada como a última. Com Collin, ela estava radiante e cheia de e

POV da StevieExistia um tipo de hora dourada que fazia tudo parecer cinematográfico. Como a luz batia na hora certa, banhando o mundo em tons quentes e alongando as sombras pelo chão, era mágica.Eu estava agachado, com a câmera na mão, tentando captar exatamente essa sensação. A brisa estava perfeita, carregando somente um toque de sal do mar. O cenário era exatamente o que eu precisava para minha exposição. O único problema? Meu assistente não parava de rondar.— Calvin, eu juro, se você respirar mais alto, vou adicionar “bagagem extra” nos créditos deste projeto. — Eu disse, olhando de canto para ele.Ele sorriu, se encostando casualmente em uma árvore próxima, com os braços cruzados.— Você tem sorte de eu não estar cobrando uma tarifa por hora por isso.— Ah, por favor. Você adora isso. — Eu disse, focando de volta na imagem à minha frente. — Admita, você sempre quis carregar minhas coisas e me ver trabalhar como um fã do mundo da arte.Ele deu uma risada, balançando a cabeça.—

POV da Stevie— Ok, escuta. — Eu disse, andando pela sala de estar com um monte de esboços em uma mão e uma xícara de café na outra.— E se eu agrupar as fotos, não pelo tema, mas pelo humor? Tipo, uma parede toda serena e reflexiva, e a outra, caótica e crua. Sabe, espelhar a experiência humana ou qualquer coisa artística que as pessoas gostam de ouvir. — Continuei.Calvin estava sentado no sofá, assentindo ocasionalmente, mas algo nele parecia… diferente. Normalmente, ele se empolga quando falo sobre meu trabalho, faz perguntas ou provoca só para ver eu revirar os olhos. Mas agora, ele parecia estar no piloto automático.Parei de andar e me coloquei na frente dele.— Certo, o que está acontecendo? — Perguntei.Ele piscou, finalmente me olhando.— O que você quer dizer? — Respondeu, parecendo confuso.— Você está a milhas de distância, Lancaster. — Eu falei, cruzando os braços. — Isso é por causa de eu ter colocado fotos caóticas ao lado das calmas? Porque, honestamente, estou aberta