POV do CalvinA mansão Lancaster parecia mais fria do que o habitual naquele dia, mas não era devido ao clima. Os tetos altos e os pisos de mármore polido amplificavam a tensão que sempre pairava no ar quando a família se reunia.Não era um jantar casual, tampouco uma reunião de fim de ano. Era uma “discussão preocupada”, como minha mãe havia colocado ao me convocar por um e-mail que mais parecia uma intimação. O momento não podia ser mais inoportuno.Entrei no escritório, onde meus pais e meu tio já estavam sentados. Minha mãe, como sempre elegante e severa, mantinha as mãos postas com perfeião sobre o colo. Meu pai, mais silencioso, mas igualmente imponente, se recostava na cadeira, com uma expressão imperturbável. Meu tio, por outro lado, não perdeu tempo.— Calvin. — Começou ele, com a voz afiada. — Precisamos conversar sobre o rumo que as coisas estão tomando. Sua vida pessoal está se tornando um problema.— Bom dia para você também. — Respondi, fechando a porta atrás de mim.— Nã

POV da StevieO cheiro da comida por delivery que pedi preenchia o apartamento, misturando-se com o leve aroma de lavanda da vela que acendi mais cedo para tentar fazer toda aquela situação um pouco menos… tensa. Meu estômago estava em nós, e não era por causa do bebê.Olhei para o meu reflexo na porta do micro-ondas e passei a mão no cabelo, como se estivesse ajeitando um fio imaginário. Por que eu estava nervosa? Esse era o Calvin, pelo amor de Deus. O cara que me viu chorando feio devido a uma lente de câmera quebrada e sabia que às vezes eu comia cereal em uma caneca de café porque não queria lavar a louça.Ainda assim, tudo parecia diferente. Maior. Como se estivesse na beira de um penhasco, decidindo se deveria pular.Uma batida na porta me tirou dessa espiral. Respirei fundo, alisando a blusa com as mãos antes de abrir a porta.Lá estava ele, todo alto e bonito, segurando uma garrafa de vinho que definitivamente eu não poderia beber naquele momento. Típico do Calvin.— Eu trouxe

POV do CalvinA sala do hospital estava silenciosa demais, fazendo cada bip do monitor soar como um tiro. Stevie estava dormindo, com o rosto pálido e frágil, de um jeito que fazia meu peito doer.Saí para o corredor, o som dos meus sapatos ecoando no piso do hospital. Meu celular já estava na mão, e antes que eu pudesse pensar demais, liguei para Serena.Ela atendeu no segundo toque.— Calvin? O que está acontecendo?Não havia como disfarçar aquilo.— É a Stevie. — Respondi, mantendo a voz baixa. — Estamos no São José. Ela teve uma crise, risco de aborto espontâneo.— O quê? — A voz de Serena subiu, o pânico evidente. — Ela está bem? E o bebê, está tudo bem?— O bebê está estável. — Respondi rápido. — O médico disse que ela precisa de repouso absoluto. Nada de esforço físco e estresse. Mas Serena, ela está… ela está abalada.— Vou para aí. — Disse Serena imediatamente. — O Bill e eu vamos agora.— Você não precisa…— Calvin. — Ela me interrompeu, sua voz firme. — A Stevie é minha melh

POV da StevieDia dois de repouso, e eu já estava perdendo a paciência.Tentei de tudo, rolei pelas redes sociais, assisti à metade de um documentário sobre criaturas marinhas, até folheei um dos absurdamente caros livros de mesa de café do Calvin sobre arquitetura. Nada disso funcionava. Minha mente estava como uma roda de hamster, girando mais rápido e sem parar enquanto eu ficava ali, olhando para o teto da cobertura absurdamente bonita do Calvin.— Repouso absoluto. — Murmurei, quase sem querer. — Que piada.O médico fez parecer tão simples. Só descansar, Stevie. Não se estresse, Stevie. Ah, e não se esqueça de que você está literalmente criando um ser humano, então relaxe um pouco, Stevie.Fácil para eles falarem. Eles não estão aqui, presos na cama, se sentindo inúteis e completamente fora de controle.— Tudo bem aí? — A voz do Calvin me tirou da minha espiral.Olhei para ele e o vi parado na porta, com aquele sorriso irritante e ainda mais irritante aparência de quem acabara de