POV da SerenaO som de risadas e taças se batendo preenchia a sala, misturando-se com o zumbido suave das conversas. Eu me encostei na beira da bancada da cozinha, tomando água com gás em uma taça de champanhe, enquanto observei Bill girar Collin pela sala de estar.— Você vai acabar cansando ele. — Brinquei, embora meu sorriso traísse qualquer tentativa de seriedade.— Não é esse o objetivo? — Bill respondeu, rindo, enquanto Collin gritava de felicidade.Aquela noite era mais do que somente uma noite de família, era uma celebração. O relançamento de Étoile de Collin havia ocorrido sem problemas, e o burburinho na mídia já começava a virar a nosso favor de novo. A crise de relações públicas estava oficialmente para trás, e pela primeira vez em semanas, senti que podia respirar.— Mamãe, você viu? — Collin chamou, com o rosto iluminado com a alegria que somente uma criança de três anos consegue expressar.— Eu vi. — Respondi, caminhando até ele e bagunçando seus cachos. — Você tem o m

POV da StevieEu estava agachada no chão, com a câmera em mãos, tentando capturar o ângulo perfeito da luz da tarde atravessando o vaso de vidro sobre a mesa de centro. As sombras se espalhavam pelo piso de madeira de um jeito que me dava uma vontade insuportável de registrar aquele momento.— Quase consegui. — Murmurei para mim mesma, me aproximando ainda mais.E então aconteceu.Uma dor aguda e lancinante atravessou minha região abdominal inferior. Soltei um grito abafado, deixando a câmera cair sobre o tapete macio, que mal amortizou o impacto.— O que diabos…? — Apertei a barriga, sentindo a dor retorcendo e corroendo, sem mostrar nenhum sinal de alívio. Minha respiração saía em arfadas curtas e apavoradas, minha mente a mil por hora.Isso não pode estar acontecendo!Tateei o celular, os dedos trêmulos, enquanto rolava até o nome de Calvin. Meu polegar hesitou sobre o botão de ligar por meio segundo antes de apertá-lo.— Stevie? — Ele atendeu quase imediatamente. Sua voz estava fir

POV da SerenaEntrar no quarto de hospital da Stevie foi como entrar em um campo de batalha depois que a luta já havia terminado. Ela estava deitada, apoiada em uma pilha de travesseiros, pálida, mas firme, com o cabelo bagunçado de um jeito que, normalmente, detestaria. Calvin estava ao lado dela, claro, segurando sua mão como se tivesse medo de soltá-la.Stevie me viu imediatamente e estreitou os olhos.— Ah, ótimo. Lá vem a chefe.O sarcasmo dela estava intacto, mas sua voz estava mais fraca do que o normal. Bastou isso para me lembrar do motivo de estar ali.— Não começa. — Disse eu, colocando minha bolsa em cima da cadeira e puxando uma para me sentar do outro lado da cama. — Você me assustou pra caramba, Stevie.— Estou bem. — Murmurou ela, olhando para a janela como se estivesse entediada.— Sério? Porque, até onde sei, “bem” não inclui um susto de aborto espontâneo e ordem médica de repouso absoluto.Calvin levantou uma sobrancelha para mim, claramente tentando avaliar até onde

POV do CalvinO susto do aborto espontâneo mudou tudo.Eu não achava que fosse possível sentir aquele nível de medo e impotência. Sentado naquela sala de hospital, vendo Stevie sofrer e ouvindo as palavras do médico, parecia que o chão sob meus pés se rachara.Agora, enquanto estava no meu escritório em casa, com o laptop aberto em outro artigo sobre gravidezes de alto risco, senti que um tipo diferente de determinação começou a tomar conta de mim. Já enfrentei aquisições corporativas, reuniões hostis e negociações de milhões, mas nada disso se comparava ao que estava em jogo agora: manter Stevie e o nosso bebê seguros.Eu queria estar pronto. Não, eu precisava estar.Folheei um dos livros que pedi online: O Que Esperar Quando Você Está Esperando. O título era clichê, mas o conteúdo era prático. Era um começo. O livro já tinha marcado partes sobre nutrição, descanso e sinais de parto prematuro.Minha assistente me enviara um e-mail mais cedo para confirmar uma reunião com um pediatra q

POV da SerenaSaí do elevador com uma sacola de comida para a viagem equilibrada em uma das mãos e um pequeno buquê de flores na outra. A cobertura do Calvin continuava tão intimidadora quanto na primeira vez em que a visitei. Elegante, moderna e completamente desprovida de personalidade, mais parecia um hotel de luxo do que uma casa.Mas eu não estava ali devido ao Calvin. Eu estava ali por causa de Stevie.Bati levemente na porta e, depois de um momento, Stevie se abriu para me revelar. Ela parecia… melhor, mas não muito. Havia algo de cor nas bochechas, mas o brilho habitual estava apagado. Ela estava enrolada em um cobertor como se fosse uma armadura, com o cabelo preso em um coque bagunçado que gritava “não me importo”, de uma forma que só a Stevie sabia fazer.— Deus, Serena. — Disse ela, olhando para a sacola que eu carregava. — Se você trouxe couve, vou fechar esta porta agora mesmo.— Relaxa. — Respondi, entrando. — Eu não faria isso com você. São tacos.O rosto dela suavizou