Ponto de Vista da StevieO salão de baile Lancaster brilhava como algo saído de um sonho, todo à luz de velas suaves e reflexos de cristal. Mas a tensão que pairava no ar não tinha nada de onírica.Eu estava encostada perto de uma escadaria imponente, rolando as fotos na câmera para ter certeza de que não estavam completamente horríveis. A maioria saíra boa, algumas até bem decentes, mas era difícil me concentrar com o burburinho constante de sussurros e olhares.Ajustei a alça da câmera no ombro e dei uma olhada ao redor do salão. Calvin estava do outro lado, conversando com um grupo de homens que pareciam todos trabalhar como CEOs nas horas vagas. Ele cruzou o olhar comigo por um segundo, e eu juro que vi alguma coisa no olhar dele. Preocupação, talvez. Ou irritação.Tanto faz. Eu estava bem.— Está se divertindo?A voz soou cortante, familiar, carregada de uma polidez falsa. Eu nem precisei me virar para saber que era a Victoria St. James.Olhei por cima do ombro e vi ela parada ali

Ponto de Vista da StevieSe eu tivesse que ouvir mais um brinde sobre "a força e o legado da família Lancaster", eu iria acabar vomitando e não iria ser por enjoo matinal.O salão de festas voltou ao seu habitual caos cintilante, cheio de risadas que pareciam mais forçadas do que genuínas. A família do Calvin batia seus copos de cristal, fazendo discursos sobre ambição e sucesso, cada um carregado com aqueles subtextos passivo-agressivos que poderiam tirar a tinta da parede.Eu estava ali, encostada em um canto, com a câmera na mão, fingindo estar ocupada tirando fotos espontâneas. Calvin estava do outro lado da sala, em uma conversa profunda com um grupo de homens em ternos caros, todos com cara de quem nasceu segurando portfólios de ações.Ajustei a lente da câmera, focando no elaborado arranjo de flores à minha frente. Mas minha atenção continuava desviando para o Calvin. Ele estava tenso, com a mandíbula apertada, sua confiança habitual substituída por algo mais próximo de... Conte

Ponto de vista do CalvinA voz do Nathan cortava a sala de reuniões como uma lâmina. Era suave, calculada, feita para deixar marcas.— Com todo o respeito. — Disse ele, num tom humilde o suficiente para irritar. — O conselho precisa considerar se a nossa liderança está focada o bastante para conduzir o Grupo Titan nesses tempos incertos.A palavra "liderança" vinha carregada de intenção. Ele já vinha preparando o terreno fazia semanas, conversas discretas, dúvidas plantadas com cuidado. Naquele momento tinha dado um passo além, convocando de surpresa uma reunião do conselho só para questionar publicamente o meu comprometimento.Deixei que ele falasse, não porque concordava, mas porque sabia que era melhor não interromper. Ele se alimentava das reações dos outros.— Como todos sabem. — Continuou ele, exibindo seu sorriso mais encantador para o conselho. — O nosso sucesso depende de ações decisivas. E, embora eu admire a capacidade do meu tio de fazer mil coisas ao mesmo tempo, talvez de

Ponto de Vista do CalvinO celular começou a vibrar antes do nascer do sol. No começo, eu ignorei, torcendo por mais alguns minutos de silêncio. Mas quando a vibração não parou, percebi que era algo que eu não podia evitar.Me sentei e peguei o telefone no criado-mudo. A tela estava cheia de notificações: E-mails, mensagens, chamadas perdidas. Meu estômago revirou.A última mensagem era da Maria, minha assistente: [Me ligue. Agora.]Eu já estava discando quando vi a manchete:"CEO do Grupo Titan, Calvin Lancaster, espera filho com mulher misteriosa: Sua liderança está em risco?"A foto estava meio embaçada, mas não tinha como negar: Era eu e a Stevie no baile. Ela segurava a câmera, sorrindo de leve, e minha mão estava nas costas dela.Nathan. Só podia ter sido ele.Quando Stevie acordou, eu já estava na sala, andando de um lado para o outro. A TV estava ligada, mas no mudo, e as manchetes continuavam passando na tela, uma pior que a outra.A voz dela me tirou dos pensamentos.— Calvin

Ponto de Vista da StevieQuando entrei na cobertura, a primeira coisa que notei foi o silêncio. Aquele tipo de silêncio que parecia intencional, como se todo mundo estivesse prendendo a respiração. A segunda coisa que percebi foi ela.Victoria.Ela estava sentada no sofá, confortável demais para alguém que nem morava ali. O cabelo dela parecia ter sido arrumado milimetricamente, o vestido caía como uma luva e os saltos eram tão altos que desafiavam qualquer lógica.— Ah, nem ferrando. — Murmurei, largando minha bolsa perto da porta.Ela se virou com o barulho, os lábios perfeitamente pintados se curvando num sorriso cheio de dentes.— Stevie. Que prazer te ver.— Queria poder dizer o mesmo. — Respondi, com a voz seca. Meus olhos foram direto para o Calvin, que estava parado perto da ilha da cozinha, de braços cruzados, com cara de quem tinha sido pego com a mão no pote de biscoitos.— Stevie. — Ele começou, dando um passo na minha direção — Não é o que você está pensando.Levantei a mã