Ponto de vista da StevieEu estava sentada na beirada da banheira, encarando um palitinho em cima da pia como se fosse uma granada prestes a explodir. Minhas mãos tremiam. Meu coração parecia querer sair do peito.Já tinham se passado três minutos.Três... Longos... Malditos... Minutos.As instruções diziam que era aquele o tempo que levava para o resultado aparecer, mas ninguém explicava o que fazer durante aqueles 180 segundos. Tentei respirar. Tentei parar de respirar. Nada funcionou. Naquele momento eu só estava ali, paralisada, com o meu futuro inteiro aparentemente dependendo de um pedaço de plástico vagabundo.Fechei os olhos e respirei fundo mais uma vez.— Tá bom, Stevie. Vamos lá... Olha logo. Arranca o curativo de uma vez.Mas meu corpo não se mexeu.Em vez disso, minha mente começou a girar. E se desse positivo? E se eu realmente estivesse grávida? O que diabos eu ia fazer com um bebê? Eu nem conseguia manter um cacto vivo.E o Calvin. Meu Deus, o Calvin. Ele era a última p

Ponto de Vista da StevieEu não devia ter usado aqueles saltos.Foi a primeira coisa que pensei quando entrei no salão, meus pés já protestando contra a ideia idiota de combinar saltos altíssimos com um corpo que parecia estar se rebelando contra mim. Meu estômago estava prestes a fazer uma revolta completa o dia inteiro, e naquele momento eu tinha que sorrir, conversar e fingir que me importava com marcas de luxo enquanto lutava contra a vontade de vomitar. Fantástico.O evento Estrela de Collin era tudo o que eu esperava: arranjos florais exagerados, garçons equilibrando taças de champanhe como se fosse um esporte olímpico e um mar de pessoas vestidas como se tivessem saído direto de uma edição da Vogue. Normalmente, eu adoraria aquele tipo de coisa. Mas naquela noite? Eu só queria desaparecer.— Stevie! — A voz da Serena cortou o burburinho de conversas, e eu a vi acenando para mim perto da entrada. Ela estava deslumbrante, claro. Cabelo impecável, vestido perfeitamente ajustado. En

Ponto de Vista do CalvinEu a vi antes dela me ver.A Stevie estava saindo do prédio, a bolsa jogada sobre o ombro, óculos de sol empoleirados no nariz. Ela parecia tentar se misturar à multidão, o que era quase engraçado, considerando que Stevie Malone definitivamente não fazia o estilo discreto.— Stevie. — Eu a chamei, indo em sua direção.Ela congelou por meio segundo, então se virou, com a expressão cuidadosamente neutra. — Calvin. — Ela disse, com a voz plana.— A gente precisa conversar. — Eu falei, mantendo o tom dela com algo propositalmente casual.— Sobre o quê?— Estratégia. — Eu disse, enfiando as mãos nos bolsos. — Deixa eu te convidar para almoçar. Vai ser rápido.Os lábios dela se apertaram em uma linha fina. Eu conhecia aquele olhar. Ela estava pesando as opções, calculando se conseguiria evitar aquilo. Mas eu não ia deixar ela escapar daquela vez.Por fim, ela suspirou.— Tá bom. — Ela disse. — Mas em algum lugar rápido. Estou ocupada.— Claro que está. — Eu falei co

Ponto de vista do CalvinPaternidade.A palavra ficava batendo na minha cabeça, sem conseguir se acomodar por muito tempo. Parecia estranha, pesada. Como experimentar um casaco que não servia, mas sabendo que você estava preso a usá-lo de qualquer jeito.Eu olhava pela janela do meu escritório, observando a cidade movimentada lá embaixo. Carros buzinando. Pessoas apressadas. A vida seguia, como sempre. Mas naquele momento, parecia que a minha vida estava desacelerando. Ou talvez se transformando em algo que eu não reconhecia.A Stevie estava grávida.Eu tinha dito que não ia embora. Eu estava falando sério. Mas naquele momento, sozinho com meus pensamentos, o peso do que aquilo realmente significava começava a me atingir.Um bebê. Meu bebê.Como diabos eu deveria fazer?A minha vida era uma planilha. Reuniões, negociações, investimentos. Tudo era planejado, medido e contabilizado. Aquilo? Aquilo não estava nos planos. E eu não podia simplesmente colocar aquilo na minha agenda e chamar

Ponto de vista da Serena— Stevie, fique comigo. — Murmurei, com a voz trêmula, mantendo um braço em volta dos ombros dela. O peso do corpo dela cedia contra o meu, e senti o pânico subindo no peito.— Estou bem. — Ela sussurrou, fraca, mas o rosto pálido e o olhar perdido diziam o contrário.— Você não está bem! — Rebati, levantando o braço para chamar um táxi que passava. O motorista parecia irritado até ver o estado da Stevie. Aí só assentiu em silêncio e destravou as portas.Coloquei a Stevie com cuidado no banco de trás, a cabeça dela tombando levemente enquanto eu colocava o cinto de segurança.— Para o pronto-socorro mais perto. — Falei para o motorista, com a voz apertada.Ele assentiu de novo e partimos. Lancei um olhar para Stevie, e percebi que a respiração dela estava fraca, mas constante. Me obriguei a manter o foco. Ela ia ficar bem. Tinha que ficar.********************A sala de espera do hospital cheirava a antisséptico e café ruim, e o barulho era tanto que fazia minh