Narração: Vinícius VasconcelosEu já tava irritado antes mesmo da noite começar.— Cadê ela, mãe? — perguntei, cruzando os braços e encarando o relógio como se ele tivesse culpa de tudo.— Se acalma, menino. Ela está vindo — respondeu minha mãe, com aquela paz de quem já me criou desde o primeiro escândalo.— Eu não gosto de esperar ninguém.Pá. Tapa seco no meu braço. A mulher ainda tinha mira.— Ela é sua esposa. Vai sim esperar por ela. Sempre.Fiquei esfregando o braço, fingindo dor só pra dar drama.— Ainda bate forte, viu...— Me provoca pra ver! — ela rebateu, daquele jeito Carmem de ser. Só que, de repente, o tom dela mudou. Ficou mais doce. — Olha lá ela... Sua esposa. Que mulher linda.Virei o rosto. E por um segundo, esqueci de respirar.A Sara tava descendo a escada. E eu... parecia personagem de novela das nove. O vestido caía no corpo dela com tanta leveza que eu juro que ouvi os anjos fazendo backing vocal.— Ela é linda... e perfeita — murmurei, sem conseguir disfarçar

Narração: Vinícius VasconcelosTem coisa mais desconfortável do que tentar passar pela sala fingindo que a noite anterior não foi um show de gemidos, sussurros e cama batendo na parede? Porque, olha... eu tentei. Mas com os meus pais ali, foi impossível.— Pai?! O que você tá fazendo aqui? — perguntei, fingindo normalidade, mesmo de calção e com a cara de quem foi exorcizado pela esposa na cama.— Vim ver sua mãe. E você, pelo visto, aproveitou MUITO bem a noite, não foi?E aí veio a frase que ninguém quer ouvir:— Como não ouvir? Tô feliz. Sinal de que logo vou ser avô!— Pai! — Olhei pra ele como se ele tivesse jogado um balde de gelo nos meus desejos futuros. — Nada de comentários, a Sara tá morrendo de vergonha...— Eu não disse nada! Mas ó... eu paguei um hotel caríssimo, Vinícius! Por que não avisou que queria ficar aqui?— Foi só por essa noite. Quis aproveitar o clima. Hoje a gente vai passear, e depois vamos pro seu hotel de luxo, prometo.E como se não bastasse, a rainha do

Narração de Vinícius VasconcelosHoje eu tinha, uma missão na cabeça: fazer desse dia um dos mais inesquecíveis da vida da Sara. Ela merecia. Eu também, vai. Afinal, me casei e sobrevivi a uma primeira noite... intensa.— Então... onde vamos? Tô curiosa! — ela perguntou, linda como sempre, já com aquele sorrisinho que me deixa bobo.— Pro lugar mais lindo que já vi. Foi lá que percebi que queria escrever sobre a minha paixão.— Nossa, que lindo!— Eu!Ela revirou os olhos, claro. Mas não me impediu de beijá-la como se fosse um comercial de pasta de dente romântico. Daqueles em câmera lenta, com fundo musical da Beyoncé.— Não precisa se preocupar, eu sei quem você é. E tô gostando do que vejo...Ela disse aquilo e pronto. Se eu fosse fraco, chorava ali mesmo. Mas como sou só meio fraco... beijei mais.— Então vamos — falei, mostrando a cesta de piquenique que preparei.— Nossa, tô impressionada...Ela bateu palminha como criança vendo mágica. Tive que segurar o riso.— Sem gracinhas!

Narração de Vinícius VasconcelosSaímos do teatro de mãos dadas. Ela tava radiante, rindo, comentando sobre a peça como se tivesse acabado de sair de um show da Beyoncé.— Você gostou da peça? — perguntei, só pra ver a empolgação dela de novo.— Sim! Nossa, e a voz daquela mulher? Amei! — ela respondeu animada.Fiquei olhando pra ela e pensei: meu Deus, como essa mulher me desmonta com um sorriso bobo desses?— Eu gosto de teatro, mas prefiro os livros, porque eles fazem a gente imaginar os personagens como quiser — soltei, meio filosófico.Ela me olhou com curiosidade:— E se eu fosse uma personagem de um livro, como você me imaginaria?Eu ri, porque sabia que qualquer resposta errada podia virar briga, mas fui sincero... até demais:— Uma mulher sonhadora… mas birrenta, chata e reclamona.— Ah, eu sou isso pra você?— Kkkk... não, só um pouquinho...Eita, falei besteira... de novo. Mas ela ficou só com aquela cara de "vou relevar porque tô feliz", então respirei aliviado.De repente

Narração: Vinícius VasconcelosTá aí uma coisa que ninguém entende: eu amo a Sara. De verdade. Não é conversa fiada, não é charme barato. Amo o sorriso dela quando tá com raiva, a manha quando acorda, o jeito como me chama de “marido” com aquela voz mole. Amo como ela se joga nos meus braços sem medo. Ela é minha. E ponto.Mas... isso não me impede de sair.De vez em quando eu preciso de ar, de distração, de lembrar quem eu era antes dela. Antes desse contrato, antes desse amor que me pegou de surpresa. Eu era o cara. O Vinícius que todo mundo queria. E, se for pra ser sincero — ainda sou.Hoje, por exemplo, ela tava toda animada. Me recebeu em casa com beijo, carinho, e ainda disse que me amava. Quase me desmonta quando fala isso... mas depois me deixa duro de outro jeito também, né? A gente se pegou ali mesmo, rapidinho, porque eu precisava sair. O cassino me esperava — ou pelo menos era isso que eu disse pra ela.Mentira, claro. Meu pai nem tá exigindo nada. Ele tá de boa, lá com a