Isabela dizia a verdade, mas aos ouvidos de Leonardo, soava como desculpa, como se fosse só uma forma de se esquivar, de evitar a situação.Ele sorriu amargamente.Ele gostava mesmo de Isabela. Mas não era do tipo que insistia até o fim.Não queria se tornar um peso para ela.Ele sabia o que era amar.Amar era ficar feliz só de ver ela feliz.Claro que o amor também vinha com desejo de estar junto, de ter a pessoa ao lado.Mas, se ela não fosse feliz com ele, será que aquilo ainda seria amor de verdade?Se Isabela fosse mais feliz com Jorge, ele não ia forçar nada.De coração, ele desejaria o melhor para ela.— Mana, a gente pode continuar como sempre, como antes... Tá bom?Ele entendia tudo aquilo. Só não queria se afastar dela.Mesmo que não pudessem ficar juntos, só de ver ela, já era suficiente.Isabela disse:— Ano que vem talvez eu pegue outros tipos de caso. E, para ser sincera, você já consegue trabalhar sozinho. Além do mais, você não vai ser advogado para sempre... Pode volta

— Mãe, pare de querer bancar o cupido, tá bom? Você esqueceu que meu irmão já tem namorada? — Clara disse.— Eu só estava dando um exemplo... — Alícia deu uma risadinha.— Mãe, o motorista está vindo com o carro. — Clara viu o carro se aproximando e acenou para o motorista, indicando que podia encostar ali.Logo o carro parou diante delas. O motorista desceu e abriu a porta:— Senhorita, senhora.Ele as convidou a entrar com toda a educação.Clara ajudou a mãe a entrar primeiro e depois contornou o carro para entrar pelo outro lado.As duas se acomodaram. O motorista deu a partida.O carro seguiu suavemente pela rua.Clara retomou o assunto:— Mãe, você pirou de vez! Que tipo de exemplo é esse? Você sabe muito bem como é o meu irmão. Quando ele gosta de alguém, é para vida toda. Ele ficou anos sem namorar porque a mulher que ele amava casou com outro. Agora que ele finalmente está disposto a seguir em frente, a considerar um casamento, você devia apoiar, não atrapalhar. Você mesma vive

— Não é nada demais. Quando você volta? O Ano Novo está chegando. — Perguntou Alícia.Ela só tinha torcido o tornozelo e não queria preocupar o filho.Afinal, ele vivia ocupado com o trabalho, e os filhos que estavam em casa podiam cuidar dela.Na verdade, mesmo que a filha não estivesse por perto, ela não precisava de ajuda. Tinha empregados em casa e motorista para sair quando quisesse.Mas, no fundo, ela queria muito que o filho voltasse logo. Afinal, o Ano Novo era tempo de reunir a família inteira.Ele também queria que fosse como qualquer família comum: todo mundo junto, comendo a ceia de Ano Novo.Com a idade, ela ficava mais nostálgica, valorizava os momentos com filhos, e quem sabe, os netos por perto.No fundo, o que ela mais queria era que o filho se casasse logo.— Eu pego o voo hoje à noite. — Disse Jorge.— Ótimo. Vou mandar para prepararem mais comida então.— Tá.Depois daquilo, desligaram.A esperança se esvaneceu. Alícia suspirou e disse ao motorista:— Vamos voltar p

A ligação tocou, mas ninguém atendeu.Isabela desligou o celular.Ela se encostou na parede e levantou a cabeça, olhando para o teto.Jorge chegou durante a noite. Ele não atendeu a ligação porque estava no avião.Assim que pousou, ele ligou para Dario e conseguiu o endereço. Ele veio direto para o hospital e trouxe com ele um especialista estrangeiro da área.Juntos com os médicos do país, fizeram uma avaliação completa.No fim, os exames detalhados revelaram que o professor Davi não estava em estado vegetativo, como se pensava a princípio. Aquilo tinha sido, na verdade, um diagnóstico equivocado.A condição dele era ainda pior: morte cerebral.Um paciente em estado vegetativo podia perder a consciência, mas ainda mantinha a respiração espontânea e alguns reflexos involuntários.Já a morte cerebral era a perda total e irreversível de todas as funções do cérebro. A pessoa não tinha consciência, nem reação, nem respiração por conta própria, dependia de aparelhos para manter os batimento

— Como é que eu vou saber? Não leio mentes, né? — Isabela disse.Jorge fechou o porta-malas e falou:— Minha mãe pediu para te convidar para passar o Ano Novo lá em casa.Isabela ficou um pouco surpresa.Aquilo queria dizer que Alícia estava aceitando ela?Ela achou difícil de acreditar.Naquele dia, no hospital, ela não tinha contado nada na frente da Clara.Ou seja, Clara provavelmente ainda não sabia sobre ela e Jorge.Ir assim, de repente... Ela não tinha certeza se era uma boa ideia.— Está pensando no quê? — Jorge segurou de leve nos ombros dela. — Não quer ir?— Não é isso. — Ela respondeu, voltando à realidade. — Vamos.Aquele momento não era hora de pensar demais. Depois ela resolveria.Já dentro do carro, Isabela falou:— Vou ligar para os meus pais.Ela pegou o celular.Logo, a ligação foi atendida.— Mãe, vocês estão em casa?— Estamos, sim! Quando você vem? Eu e seu pai fizemos várias das suas comidas preferidas. Para o jantar de Ano Novo, vamos preparar uma mesa cheia de