Lucas ParkSenti as lágrimas escorrerem antes mesmo de tentar contê-las. Elas simplesmente caíram, quentes, pesadas, urgentes. E pela primeira vez na vida eu não lutei contra elas. Não me importava que ela visse. Não me importava que aquilo me tornasse vulnerável, patético, fraco. Não me importava absolutamente nada além do fato de que ela estava respirando.Não consegui resistir. Me aproximei devagar, levantando as mãos para tocar seu rosto — com medo de machucá-la por causa dos curativos, com medo de afastá-la mais, mas incapaz de não tocar. Segurei seu rosto com ambas as mãos, com mais delicadeza do que já usei para segurar qualquer coisa na vida. E então encostei meus lábios nos dela, num beijo suave, faminto, desesperado, apenas para sentir o gosto dela novamente.

Lucas Park Aqueles que dizem que pessoas como nós somos privilegiados, que vivemos acima das consequências, nunca chegaram perto de entender o significado da palavra, muito menos do peso que ela carrega quando o mundo começa a ruir de verdade. Porque não vale de absolutamente nada a porra de todo o dinheiro que eu tenho, todo o patrimônio que carrego no sobrenome, quando a vida da única pessoa que realmente importa está pendurada por um fio tão fino que qualquer sopro errado pode rompê-lo. É ridículo, quase cômico, como a fortuna que sempre serviu para abrir portas agora não serve nem para me dar trinta segundos a mais com ela. Quanto vale a vida de alguém que se ama? Eu abriria mão de tudo — absolutamente tudo — sem pestanejar, sem conceder espaço sequer a um pensamento de dúvida. Entregaria a minha própria vida, a minha liberdade, o meu sangue, se isso garantisse que ela viveria. Mas enquanto caminhava para fora daquele hospital, sentindo o ar frio da noite rasgando meus p

Lucas Park     A palavra ecoou na minha mente como um tiro. Eu conhecia a força daquela mulher. A vi resistir ao meu pior, resistir às merdas de seus pais, resistir ao mundo inteiro sem sequer piscar. O que ele teria feito para dobrá-la?     — Você ameaçou tirar a vida dela — arrisquei.     — Eu nunca a mataria, — disse com a naturalidade de quem comenta o clima. — Mas isso não se estende a você ou ao Castillo.     Deu outra tragada.      — Eu disse que mataria ambos, claro.— Deu de ombros — Mas ceder ainda é ceder.     Eu o encarei como se pudesse perfurá-lo só com o olhar. Por um segundo, pensei estar delirando. Não poderia existir alguém tão sem vergonha e sem caráter quanto ele. Ul

Lucas Park     Fechei os olhos, deixando que aquele sentimento me inundasse por inteiro, e pela primeira vez na minha vida adulta, eu agradeci. Sem cobranças. Sem raiva. Sem aquela necessidade mesquinha de questionar tudo ou de culpar o mundo por não girar de acordo com a minha vontade. Apenas agradeci. A existência dela. A chance de ainda ter tempo. E aquilo era o suficiente. Pela primeira vez… era o suficiente.     — A festa foi adiada em uma semana — continuou Castillo, como se estivesse lendo um roteiro — Leslie queria cancelar, mas Jullian a convenceu, dizendo que Gabrielle precisava de uma distração.    Aquela porra de festa era o que menos importava naquele momento. Na verdade, tudo que não fosse ela se tornava irrelevante. Apagado. Dispensável. Se Leslie dissesse que a trancaria em casa de novo, que a manteria vigiada por seguran&c