395. Só o que importava
Lucas Park
Aqueles que dizem que pessoas como nós somos privilegiados, que vivemos acima das consequências, nunca chegaram perto de entender o significado da palavra, muito menos do peso que ela carrega quando o mundo começa a ruir de verdade. Porque não vale de absolutamente nada a porra de todo o dinheiro que eu tenho, todo o patrimônio que carrego no sobrenome, quando a vida da única pessoa que realmente importa está pendurada por um fio tão fino que qualquer sopro errado pode rompê-lo. É ridículo, quase cômico, como a fortuna que sempre serviu para abrir portas agora não serve nem para me dar trinta segundos a mais com ela.
Quanto vale a vida de alguém que se ama? Eu abriria mão de tudo — absolutamente tudo — sem pestanejar, sem conceder espaço sequer a um pensamento de dúvida. Entregaria a minha própria vida, a minha liberdade, o meu sangue, se isso garantisse que ela viveria. Mas enquanto caminhava para fora daquele hospital, sentindo o ar frio da noite rasgando meus p