Antonella baixou a cabeça, envergonhada, sentindo o peso da culpa esmagá-la. — Eu sinto muito, senhor. — balbuciou ela, tentando encontrar palavras para expressar o arrependimento que sentia. Álvaro cruzou os braços e a olhou fixamente. — Um pedido de desculpas não irá amenizar a burrice que fez! — disse ele, sem rodeios, suas palavras cortantes como uma faca, rasgando a autoestima de Antonella. — Você colocou a vida de um paciente em risco ao esconder sua condição de saúde, como pôde entrar numa sala de cirurgia sabendo que não ia aguentar terminar? Isso é inadmissível! — Doutor, eu posso explicar...— tentou falar mas Álvaro levantou a mão para ela se calar. Antonella sentiu um vazio no estômago, a dor física se misturando com a dor emocional era avassaladora. A culpa e a vergonha começaram a se apoderar dela, sufocando-a. Ela sabia que havia cometido um erro grave, um erro que poderia ter consequências devastadoras, não entendia o por que dele estar trantando-a tão mal.

Hellen levou a mão à boca, arrependida pelas palavras que escaparam. — Desculpe te perguntar isso... Antonella olhou para Hellen com compreensão. — Entendo seu espanto e sua dúvida, mas não, eu jamais faria tal coisa sabendo que aquilo poderia afetar a cirurgia. Hellen balançou a cabeça, sentindo-se culpada pela acusação. Ela ouviu uma enfermeira contar para outra e aquilo ficou na sua cabeça. — Eu sei... Sinto muito. Antonella suspirou, seus olhos perdidos no passado. — Não tem problema. Eu mesma fiquei exatamente assim, sem acreditar que aquele homem, o homem que tanto tive esperança para ver novamente, estava ali, diante dos meus olhos... Sabe o que foi mais difícil? Foi ver que mesmo após tantos anos ele não sentiu nenhum arrependimento. Hellen sentiu um aperto no coração, a vergonha e o remorso estampado em seu rosto. — Eu sinto muito, Antonella. Nunca passou pela minha cabeça isso. Quando eu te procurava, era pelo sobrenome Sanches. Antonella sorriu tris

Oliver a olhou com o coração apertado, sentindo uma dor profunda ao pensar na possibilidade de perdê-la. — Ei! Vira essa boca pra lá. Você não vai morrer! Quem esse maluco pensa que é para falar essas coisas para você? Mas eu não vou deixar assim! Amanhã mesmo vou enfrentar esse projeto de ser humano de frente!— disse ele, com uma voz firme e cheia de raiva. — Não vale a pena. Ele é só uma pecinha entre tantas outras que está sendo manipulada por Alfredo Collor! É isso que eles querem, tirar nossa paz, me fazer sofrer. Por mais que isso possa ser verdade, que essa doença venha me vencer, eu morrerei feliz em saber que pude viver esse amor que tanto tempo senti e não podia demonstrar. Oliver sorriu sentindo as lágrimas encherem seus olhos. Ele beijou seus lábios e tocou seu rosto com carinho. — Você vai se curar, eu sinto isso aqui no fundo do meu coração. E depois disso nós vamos nos casar, comprar uma linda casa, ver essa pequena crescer, ser uma mulher tão linda e tão forte

Antonella e Oliver estavam finalmente vivendo o amor que tanto haviam guardado. Eles passavam horas juntos, explorando a cidade, conversando sobre seus sonhos e Oliver falava até dos planos para o futuro, ele estava ao seu lado em cada ida ao hospital, cuidando dela quando as dores eram quase insuportáveis. Entre tantas lágrimas, Antonella estava feliz e Oliver não podia deixar de notar a felicidade que irradiava dela. Apesar da demissão injusta, Antonella estava bem com a situação, ela precisava se cuidar, o tratamento estava cada vez mais intenso onde não sobraria tempo nem forças para continuar com o atendimento no hospital. Seus anos de trabalho haviam lhe dado um bom acerto, mais uma quantia que Álvaro depositou por descargo de consciência, lhe permitia se tranquilizar e pagar seu tratamento sem preocupações financeiras. Oliver, no entanto, ficava frustrado por ela ter tanta dificuldade em aceitar ajuda. Ele queria que ela enxergasse que ele sempre estará lá para ela, apoiá-l

Semanas haviam se passado. Nesse período, Antonella havia passado por muitas mudanças físicas e emocionais. A barriga que quase passava despercebida, agora estava enorme, esticando sua pele fina ao máximo. Ela que antes era tão ágil, agora se movia com dificuldade, sentindo dores abdominais constantes. A perda de peso era visível, especialmente nos braços e pernas, que estavam finos e fracos. Seu rosto que um dia foi tão corado e cheio de vida, estava pálido e cansado, com olheiras profundas sob os olhos. O cabelo estava fino e quebradiço, caindo em mechas soltas ao redor do rosto. Apesar da dor e da fraqueza, Antonella ainda encontrava forças para sorrir quando via Oliver. Ele era o seu apoio, o seu refúgio, ele se tornou muito mais que ela mesma imaginava. Nesse quase oitavo mês de gestação, Antonella sentia que a bebê estava se movendo constantemente. Ela sentia chutes e pontapés, e às vezes até mesmo pequenos movimentos de braços e pernas. Era uma sensação muitas vezes dolor