— O que aconteceu? — Levi se sentou ao lado dela, acariciando seu rosto.Heloísa abriu os olhos, ela não estava dormindo.Ao ver Levi, agarrou com força o braço dele, tomada pela emoção:— A culpa é toda sua, é tudo por sua causa! O que foi que eu fiz de tão errado para você me tratar assim? Por sua causa, abandonei minha filha por mais de dez anos, e agora nem conseguimos nos reconhecer como mãe e filha!Levi entendeu na mesma hora, era por causa de Karina.Franziu a testa, tentando adivinhar:— Você viu a Karina?Ela não apenas a tinha visto.Pelo que parecia, talvez Karina já soubesse de tudo.— Eu não te disse para não...— Não ver ela? — Heloísa soltou uma risada amarga. — Você acha que só porque não nos encontramos, ela nunca descobriria? Mentiras sempre acabam vindo à tona, Sr. Levi. Por mais inteligente e capaz que você seja, as consequências dessa mentira inevitavelmente cairiam sobre todos nós.Então era verdade. Karina sabia.Levi fechou os olhos. Mas não era frustração, pel

Mas foi também essa mesma pessoa quem causou toda a sua dor.Ela não queria continuar ali parada, não queria mais vê-lo.Karina se virou apressada, desesperadamente tateando dentro da bolsa à procura da chave. No entanto, sua mão tremia tanto que, por mais que tentasse, não conseguia encontrá-la.— Karina? — Levi a viu e seu coração se apertou, tomado por preocupação.Ele sabia o quanto aquilo era um choque para ela.Mas a verdade estava se revelando aos poucos, e ela, mais cedo ou mais tarde, teria que encará-la.— O que você está procurando? O papai te ajuda a achar.— Não fale isso. — O corpo de Karina tremia inteiro. Ela ergueu o rosto de repente, com os olhos cheios de fúria. — Não fala besteira. Eu tenho pai, meu pai já morreu. Ele morreu por minha causa!Ao dizer isso, as palavras ficaram presas na garganta.Naquele instante, seu coração pareceu parar de bater. Karina respirou fundo e levou a mão ao peito.Doía. A dor era insuportável.Se havia algo por trás de toda aquela verda

Levi ficou paralisado e disse:— Karina?As palavras dela soaram frias e desesperançosas.Como não estaria desesperada?Desde pequena, ela sempre odiou e desprezou Vitória. Agora, esse mesmo ódio era direcionado a si mesma.Todo filho nascido da traição a um amor verdadeiro carregava o pecado no próprio sangue.— Você...Karina finalmente virou o rosto e olhou para Levi.— Na verdade, você sempre soube que o meu nascimento foi uma vergonha. Por isso, sempre escondeu a verdade, não é?— Não é isso. — Levi negou de imediato.Ao longo da vida, ele sempre agiu com leveza. A única exceção foi quando, por não ter herdado a herança da família, foi forçado a abrir mão de Heloísa. Fora isso, jamais se arrependeu de nenhuma das suas escolhas.— Eu, de fato, nunca soube que você era minha filha. — Levi explicou. — Na época, sua mãe sofreu um acidente de carro. Ela se feriu gravemente.Heloísa quase morreu naquele tempo, isso não era invenção, era a mais pura verdade.— Naquele época, se eu não a

— Não. — Túlio sorriu e balançou a cabeça. — Acabei de chegar também, está tudo bem comigo.Ele era uma pessoa sem muitos compromissos, que passava os dias em casa, então não havia problema algum em esperar por ela um pouco.— Vamos. — Karina o puxou pela mão. — Agora você precisa descansar bastante. Quando estiver totalmente recuperado, talvez nem tenha mais tempo para descansar.Era a mais pura verdade.Anos atrás, ele havia fundado a Corporação de Tecnologia Hutchinson junto com seu grande amigo Ramon. Nos últimos anos, era Ramon quem vinha tocando a empresa, e como Túlio ainda mantinha seus investimentos e participação societária, nunca enfrentou o problema do desemprego.Mas Ramon, sozinho, havia sustentado tudo por muito tempo. Quando soube que Túlio havia despertado, se sentiu aliviado.Afinal, o verdadeiro núcleo técnico da Corporação de Tecnologia Hutchinson, naquela época, era Túlio.Recentemente, Júlia lhe contou que, além de cuidar da própria recuperação, Túlio também estav

Karina chorava sem parar, a voz já embargada pelas lágrimas:— Sim, eu vou me casar.Do outro lado da linha, o homem se calou de repente.O silêncio se prolongou por muito tempo.Karina tapou a boca com a mão, temendo o som da voz dele, mas o que ecoava era apenas o próprio choro, abafando qualquer outra coisa.Por fim, ele voltou a falar.— Está bem.Ademir suspirou, a voz carregada de uma resignação dolorida.Não se sabia se falava com Karina ou se apenas tentava consolar a si mesmo:— O Túlio é um bom homem, e também é capaz. Estar com ele vai ser bom para você.Mesmo que ambos amassem a mesma mulher, Ademir não conseguia encontrar um defeito em Túlio.Devia se alegrar? Ou deveria odiar?— Karina Costa. — Ele pronunciou o nome completo dela, em um tom baixo. — Venha, fique de frente para a beira da estrada.O quê?Karina ficou atônita. “Por que ele está pedindo isso? Será que... Ele está aqui?”Rapidamente, girou o corpo e olhou para a beira da estrada. Procurou ao redor, mas não co