Capítulo 2

SOLIDÁRIA

JULIA

Assim que chego em casa, guardo minhas coisas, tomo um banho e almoço, meu ex chefe não teve a delicadeza de me demitir depois do almoço, estava cheia de fome. Depois de almoçar, resolvo dormir um pouco e passo o dia todo dormindo.

Trabalhei muito nos últimos meses em uma construção de um edifício comercial, o meu ex chefe me explorava de todas as formas possíveis, muitas vezes não tinha hora para sair do escritório, algumas vezes o acompanhava em jantares de negócios, e em viagens. Era algo que gostava muito de fazer, ser uma secretária executiva de uma construtora como a Ativa me fez crescer muito profissionalmente, aprendi muito com o senhor Muniz, que apesar de ser um ogro, é perfeito no que faz, seus projetos e a forma profissional com que ele lhe dá com seu trabalho sempre foram exemplos para mim.

Meu objetivo era crescer dentro da empresa, capacidade para isso eu tinha, conhecia aquele lugar como poucos, participava de todos os processos contratuais e do desenvolvimento dos projetos, muitas vezes fui ao canteiro de obras acompanhando o senhor Muniz, mas o ogro do meu chefe nunca me deu oportunidade. Uma vez, em uma das muitas reunião de negócios que o acompanhava, viajamos para São Paulo, um dos futuros clientes pediu minha opinião sobre o projeto apresentado, se o ogro pudesse teria me engolido, seu olhar dizia tudo para quem o conhecia, como eu, mas ele manteve seu jeito seco de ser e me deu permissão para falar, pois ele não queria perder um provável cliente.

Por falar nisso, o cara é um gato, beirando seus quarenta anos, na idade do ogro, que também é muito bonito. Mas voltando ao cliente lindo e delicioso, chamado Gustavo, posso falar que ele é delicioso porque peguei, , meninas, sou uma pessoa muito solidária com muitas causas, principalmente de homens executivos e gostosos. Expressei minha modesta opinião e fui muito elogiada por Gustavo e pelo os outros dois homens que o acompanhavam. Meu chefe nem me disse um muito obrigado por ter o ajudado a conseguir um novo cliente, mas em compensação, o cliente gostoso soube retribuir muito bem o favor que fiz a ele.

Depois da reunião, Gustavo me convidou para jantar, lógico que aceitei, executivo, lindo, rico, gostoso, aceitei na hora, ainda mais porque eu iria embora na manhã seguinte, o que acontecesse em São Paulo, ficaria em São Paulo.

Ele me pegou no hotel em que eu estava hospedada, me levou a um restaurante chiquérrimo. Ainda bem que meu vestido era a altura daquele lugar.

Ele estava lindo, Gustavo é um cara muito divertido, nos demos muito bem. No restaurante havia um homem tocando piano e uma mulher cantando, Gus me convidou para dançar. Quando ele colocou sua mão em minha cintura e puxou meu corpo junto ao seu, vi que já era, não levaria muito tempo e eu seria dele. Com seu jeito sedutor, ele me envolveu em uma dança sensual, seu rosto roçou o meu até encontrar minha boca, depois disso, fui parar em sua cobertura. Foi uma noite maravilhosa, o cara tem um corpo de dar inveja a qualquer um rapaz da minha idade, naquela noite ele me fez totalmente dele, foi maravilhoso.

Acordei às 18h, levanto assustada, pois já é noite. Corro até a sala, ligo o som para minha diva cantar para mim, enquanto preparo o jantar. Faltam menos de uma hora para Nath chegar do trabalho.

Quem é que quando passa te deixa tonto? Quem é que te provoca, te deixa no ponto? Quem é que só de rebolar te enlouqueceu? Quem é? Quem é? Quem é? A danada sou eu.

— Ju. Julia.

Estou rebolando na cozinha, preparando o jantar, quando o som de repente para de tocar. Olho para trás e vejo Nath me olhando, de braços cruzados.

— Sua vaca, que susto. — Levo minhas mãos para meu coração. — Você me assustou. —  Jogo o pano de prato nela

— Te chamei duas vezes e você não atendeu, posso saber por que você chegou tão cedo em casa hoje?

— Meu Deus, Nath, você tem bola de cristal?

— Não. O porteiro que disse que você chegou antes do almoço.

— Oh, homem fofoqueiro esse, ele é pior que muita mulher, em vez de cuidar da vida dele, fica tomando conta da vida dos outros.

— Me responda, Ju.

— Sim, senhora. — Bato continência para ela, que joga o pano de prato de volta em mim, acertando meu rosto

— Estou esperando, Ju.

— Baixou no meu chefe o Roberto Justos naquele programa O Aprendiz e ele disse: está demitida.

— Sinto muito, Ju.

— Eu não sinto nada, Nath, me fodi sem ser fodida.

Enquanto termino o jantar, conto para Nath tudo o que aconteceu, principalmente sobre a cena que eu vi, o ogro enterrado dentro da senhora Pereira. Pena que não deu para ver nada, ele estava de costas, nem sua bunda deu para ver, ele não se deu o trabalho de arriar as calças, só colocou sua ferramenta para fora.

Nath ficou preocupada por causa do apartamento, tanto ela como eu não queremos voltar a morar na comunidade, estamos bem instaladas, temos certo conforto e não queremos voltar àquela vida difícil. A tranquilizo, dizendo que o valor que vou receber da minha indenização vai dar para quitar o restante das parcelas que faltam do apartamento, e que logo conseguirei um emprego, com o salário dela e meu auxílio desemprego, dá para segurar as pontas.

Enquanto minha amiga foi tomar banho, finalizo o jantar e arrumo a mesa, faço questão de sempre fazer nossas refeições à mesa. Desde criança eu admirava as mesas de jantares das novelas e filmes, sempre dizia a mim mesma que um dia teria uma mesa e sempre faria todas as refeições nela, que sempre que pudesse a arrumaria como as da novela. Adoro receber amigos e eles sempre elogiam a forma que exponho os alimentos.

Nath sai do quarto, falando com Luigi ao celular, pelo seu tom e a cara feia, eles estão se desentendendo, como sempre, não sei por que ela insiste nesse relacionamento, ela merece alguém melhor. Luigi não a valoriza como deveria.

— O que foi dessa vez, Nath? — pergunto, assim que ela finaliza a ligação.

— Luigi, ele combinou de irmos ao cinema, agora ligou dizendo que não vai porque está com dor de cabeça, estou cansada, ao menos uma vez por semana, ele desmarca qualquer coisa que tenhamos combinado previamente.

— Você está cansada de saber minha opinião, Luigi não te merece, não sei por que você ainda insiste.

— Gosto dele, Ju.

— Eu sei, prima, mas você tem que gostar mais de você. Vamos fazer o seguinte, sei que não sou o Luigi, que não tenho um pau entre as pernas —  ela começa a rir, gosto de a ver assim feliz —, mas podemos ir a um lugar melhor do que cinema, e com certeza lá vai ter um monte de pau balançando, podemos escolher à vontade, o que você acha?

Ainda rindo. ela me responde:

— Ju, só você mesmo para me fazer rir, eu topo sair, só não quero outro pau.

— Que seja. Vamos aproveitar nossa sexta feira juntas, não fazemos isso há muito tempo.

— Você está certa, noite das primas.

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