O Acordo Sombrio

Pedro Mattos, encontra-se em uma euforia ensandecida, a técnica de embalsamento, havia se comprovado pelo senso científico, a credibilidade em suas pesquisas tornou-se notária, quando se lembra de um fato de sua infância, um gato em cima do telhado, os olhos brilham na escuridão sente-se rodopiar em torno do seu eixo, o gato veio até  luz, aproximou dele e soltou um zunido junto com um arrepio, ele na pele de criança, tem a sensação de um arrepio acompanhado com pavor, seguido de um odor e suor frio, sai correndo em direção ao banheiro, visões segmentadas de símbolos, podridão e do Egito, ocorrem enquanto fica em êxtase, e eis que ele aparece em meio as chamas do subsolo em contato com Pedro.

- Lembranças do nosso primeiro encontro? O ser que surgia das labaredas, aparece com outro.

- Trouxe Alandry, ele será útil. Completa.

Ele sem a sensação de medo, como tinha da primeira vez, se ajoelha e agradece.

- Alandry, seu nome?

- Já tive outros nomes.

- Em que tu, ser do além, podes servir?

- Trarei para você o Ectoplasma.

- Compreendo, eis que daremos o próximo passo.

Pedro Mattos, lembra de sua adolescência desde cedo em sua vida se comunicava com um ser que era do outro lado da matéria, toda vez que o ser saia, o ambiente ficava pesado, ele viciou em suas aparições.

Duvidava se realmente estava vivo, nunca atreveu a contar a ninguém sobre esse assunto, porém percebia que estava se transformando também em um ser das trevas.

Nessa época iniciou um estudo sobre embalsamento percebendo atualmente, que os fatos se acarretaram até chegar esse ponto. Em seus sonhos noturnos, um gato vira uma esfinge, a televisão notícia o estabelecimento de uma nova ordem, os homens se curvam, sente-se magnetizado pela esfinge, transportando para o Egito Antigo, acorda totalmente soado e com náuseas.

Vivia, anêmico, amarelo, com olheiras profundas, a medicina não encontrava uma doença em seu organismo, entra em sala e sai de sala e lembra dos seus sonhos. A esfinge inicia uma demonstração mística, ao longo de seus sonhos que se envolvem em uma escuridão, e uma luz branca forte aparece, clareando seu pensar.

- Existe uma Salvação.

Acordando, entre sonhos e enfermarias, sem a esperança de uma cura, para uma doença que não existia.

O senhor que aparecia no final de seus delírios, até os dois começarem um diálogo, tinha pedido seu sangue em uma folha branca e que queimasse, assim Pedro fez, a partir desse dia, não precisou alucinar para entrar em diálogo com essa força.

- O que será de mim? Indagou.

Um vento calmo passa no ambiente estabelecendo um silêncio gritante.

- Não vês, não sentes? Ouviu como resposta.

Sua aparência física melhorou, mas sua mãe uma vez contou sobre um olhar escuro, que envolvia as pessoas, até contaminar totalmente, Pedro Mattos, fica em dúvida, se ela se referia a terceiros ou a ele.

Uma companheira sua do colégio, comentou por alto duas vezes, sobre uma espécie de sonambulismo, quando desperta, se sentia parte do tudo, suas energias emanando e esvaindo como o fim do vento.

Pensou que o sentir fosse esse, mas ele percebeu que com o fim das pesquisas, o inferno seria instaurado na Terra.

E estava preste a dar o próximo passo, para isso, teria que fazer que ocorresse uma interação com o ectoplasma, tecnologia e um organismo sem vida, seria insano, mas ele mostrou ao mundo até onde iam seus estudos, as demais categorias, iriam acompanhar no decorrer do tempo.

Alandry, só era visível aos olhos do geneticista, não que era possuísse algum laço de mediunidade, pelo contrário, de tanto estar em contato com um mundo soturno, fazia parte dele.

- Pedro Mattos, você terá que apresentar a Rodrigo Silvestre, o analista responsável pela animação do corpo.

- Certo, você não pode ir até ele?

- Não é tão simples assim, para aparecer visivelmente para ele, terei que passar pela credibilidade social, posso ir até lá e ele não sentir minha presença, por isso se faz necessário que você marque um encontro com o programador, entendeu?

- Sim, enquanto isso não acontece, tu ficarás por aqui?

- Não, irei a perambular pelo vazio existencial pós morte.

- Diga o dia e as horas?

- Daqui a seis dias, as 18 horas, em frente a padaria Malta.

Alandry, se retira como um vento peregrino que se transforma em sombras, a sua despedida é carregada com um ar de deboche.

Pedro Mattos, fica analisando, lê algumas informações por alto, a relação do ectoplasma, como matéria para o Espírito.

O ser que era atormentado na eternidade, fica na frente da padaria, poderia ficar ali pela eternidade, observando o vai e vem social, estava em repetições infernais, saia de uma entrava em uma pior, as vezes os sentidos de humano voltava a sua razão, a questão agora que ele era uma sombra, do senhor das trevas, até o seu pensar se sentia controlado pelo inimigo.

- Ledo Engano, Marcos Gouveia! Uma voz exclamativa soprou em todos os planos.

Marcos Gouveia, travava uma batalha, pelas lembranças de sua vida, a esperança que Deus o salvasse desse tormento, e a morte espiritual, quando aceitou os planos daquele senhor com o terno extravagante, essa extravagancia remontava a uma lembrança remota e distante de quando estava em vida, algo relacionado a religião.

Olhou seu reflexo, estava no auge dos vinte anos, quando era estudante, não era apenas uma sombra, um vulto, alguns pontos começaram a se interligar, mas se embaraçavam perante o sofrimento dele no sepulcro.

Pedro se direcionou a casa de seu amigo Rodrigo Silvestre, ao longo do caminho de sua vida, ele era o homem operacional, por volta dos dezesseis anos na existência de ambos, Matos, colocou uma ideia na mesa, que faria trazer muito dinheiro, era um algoritmo que o usuário caía em erro de usabilidade, capturando contas e senhas de bancos, que por sua vez eram armazenados em uma base de dados, quanto atingiu um valor razoável de número de contas, iniciaram outra etapa, uma função de transferência rotativa entre as contas, uma sobrepondo o montante da outra, esse sistema funciona à doze anos, financiou os estudos do geneticista e de seu amigo cracker, uma lembrança vem a mente, um contato com o tinhoso.

- Não disse que daria, certo.

Agora ele se sentia, no dever de retribuir um favor prestado, o estudo fascinava, mas como ele iria apresentar Alandry a Silvestre.

Em uma análise, ele tinha consciência, que os dois estavam juntos para tudo, certa vez o cabrunco pediu um sacrifício televisionado, os dois recrutaram um estudante, o induzido em um labirinto em sua mente, através da tecnologia, pelas circunstâncias e fatos ocasionados, entrou em estado paranoico, deram uma alternativa, de explodir seu corpo na lanchonete da faculdade, o jovem meio ao horror psíquico, achou válido, o livraria de sua inquietação, eis que tudo fora ao ar, junto com o barulho estrondante da bomba, acionado às 20:36, as câmeras do refeitório capturaram as imagens e Rodrigo transmitira simultaneamente em todas emissoras, em uma invasão de sinal.

Ambos possuíam uma relação afetuosa.

Ele parou o conversível na Praça Young, no edifício Litoral, dirigiu-se ao apartamento número 102, chamou, chamou, não obteve resposta.

Disca para o celular 555-7301 de Rodrigo, quando ele fala desesperadamente.

- Pedro, as coisas começaram a fazer sentido o sistema de interceptação neural nas transmissões sonoras dos eletrodomésticos.

O Geneticista analisou por algum tempo o que ouviu, não encontrou solução, quando decide perguntar, recebe do outro lado.

- Depois eu te ligo.

Rodrigo sempre sentia um odor infernal, não poderia descrever tal odor, a outro caso, em seguida, no máximo em vinte minutos, aparecia seu amigo de infância, conversavam sobre conclusões do mundo, ele sempre na frente do vídeo game, saía para se entreter na conversa amistosa de Mattos, era o que se aparentava, uma das primeiras indagações dos dois foram sobre o conceito do certo e errado, construíram seu senso de justiça ao seu prazer, observando a vida sofrida, dos próximos, as queixas, a batalha árdua pelo pão, seu parceiro sempre insistia que as coisas poderiam ser mais fáceis, tentavam, tentavam, mas o seu mundo se tornou obscuro e fedorento, quando enfiaram um explosivo no ânus de um cachorro filhote, nesse dia ele sentiu uma nuvem escura pesada, tomar conta de suas forças, o cão se espatifou, assim como ele pensou que estaria se perdendo de Deus.

As informações pareciam se relacionar, quando lia sobre uma possível tortura mental, com nome “gaslighting”, seu companheiro aparece em sua casa, o beijando amorosamente e menciona sobre induzir alguém a morrer, através de gatilhos e transmitir ao vivo, nesse dia em diante, ele teve a certeza que eram dois capetinhas brincando com a sociedade, Pedro sempre conseguira tudo de Rodrigo, este por último resolveu avançar em seu teorema sombrio, implantando mensagens subliminares, nas transmissões da mídia, afirmava a si mesmo que um dia teria sentido, depois do ocorrido com estudante Silvestre, roubou do tumulo da vítima, seu crânio, colocando agora em sua sala de estar, onde as janelas dos computadores, dava acesso ao mundo, na parede centralizada, onde senta-se para divertir no mundo digital, encontra o crânio, os acontecimentos, ocorreram em menos de dois anos, quando queria uma resposta, olhava para caveira, insistia, insistia, e ela falava em seu interior, por isso a certeza de dar continuidade ao projeto “ao vivo”.

Mattos olha ao relógio, questiona-se

- Onde aquele crápula está?

Encosta suas costas na porta do apartamento, até sentar-se, não queria voltar para pegar as chaves, nem tão menos ali era o quartel general da dupla, apenas seu endereço pessoal, e resolve esperar, olha o relógio impávido, concluindo que era um servo de satã.

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