Guerra de Mentes I - Alandry, o amaldiçoado
Guerra de Mentes I - Alandry, o amaldiçoado
Por: Micael Pinto
Delirium Tremens

Ele estava bebendo desesperadamente há mais de dois dias, de forma frenética, virava a garrafa de cachaça no gargalo, sem levar a bebida ao copo, isso estava o consumido, não só o consumo alcoólico, mas como a verdade em que estava envolvido, em suas percepções, eram todos iguais, homens frios de valores falsos, olhou horas e mais horas as fotografias, sempre percebia um olhar escuro, sombrio manipulando as pessoas, a primeira pessoa que percebeu com esse olhar era uma conhecida sua, ao qual tinha enorme admiração e desejo, em uma embriaguez na época de faculdade, bebia moderadamente com o grupo, ele sentia no ar, uma coisa inexplicável que ele fazia questão de adentrar, talvez ele fosse a resposta, ou o responsável de busca-la, as coisas estavam estranhas, não eram coerentes, pareciam que queriam desmascarar uma pessoa de sentimentos nobres, coisa que não conseguiram e ao flertar com essa mulher, em suas primeiras visões, a íris castanhas dos olhos dela, expandiu-se na parte branca do globo ocular, essa sensação o fez sobressaltar ficando em estado de alerta, a questão que em outras palavras os olhos dela ficara totalmente escuros, negros, obscuros e em suas indagações pensou – Será que porto algum segredo?

Cada vez mais que encontrava explicações, mais enigmas apareciam, o que levava a ter fé atualmente e devotar a credibilidade em uma batalha entre o bem e o mal, até mesmo no que o pastor falava aos domingos quando ele ia arrastado com seu pai para a igreja, começou a acreditar, evidente, todos sabem dessa batalha, mas começou a decodificá-la, algo o dizia que ele era fundamental nesse tabuleiro dos deuses, - Por quê? Não encontrava as respostas necessárias ainda, mas era como se estivesse que tocar na luz do saber, porém não conseguia sentir na forma concreta, era como se tivesse um plano e não conseguisse elaborar, estava prestes a desvendar todo esse mistério, apenas com um momento revelador da sua consciência, ele sente uma sombra dominando sua face envolvendo o seu sorriso, olha para o lado, lá está ele novamente, o homem do terno vermelho com bermuda jeans, aparece tirando o celular do bolso, e percebe que aquele astral do sorriso não era o seu, já tinha o expulsado várias vezes em sua mente, é quando olha aos céus, ia dar 13:00 horas, o Sol estava escaldante, o mormaço insuportável, olhava para o horizonte estava trêmulo, freneticamente toma outro gole, após outro, é quando olha aos céus novamente, e avista uma folha caindo, bem devagar pousando em sua mesa, ao tocar na folha, ele transformou-se em um feto humano, ele agora é o feto, que tenta sobreviver fora do ventre, olha para quem o segura, um homem barbudo, desleixado, pardo, inchado pelo consumo de drogas, mesmo assim se tratando de um possível mendigo ele saí correndo em busca de ajuda para o feto que coloca dentro do freezer do bar, alegando manter conservado até a chegada da saúde móvel, ele vê a porta do eletrodoméstico se fechando, e volta novamente a ver o corpo através dos olhos de Marcos Gouveia, de 38 anos, casado, com Doutorado em História e ênfase do sincretismo egípcio na sociedade contemporânea, ao perceber toda sua caminhada, começa a gritar e a derrubar os produtos do comércio, percebe uma força descomunal que está preste a sair de dentro de si, quando usam a violência contra ele para o ater, o amarrando.

- Está contido, vamos esperar o serviço.

Essas foram as palavras que ele captou daquele senhor do terno vermelho.

Ele abriu os olhos, deu um pulo da cama, mas retornou, estava atado ao leito, o desespero começou tomar conta da sua mente e começou a gritar.

- Tem alguém aí? Socorro?

Apareceu duas mulheres com vestimentas brancas com uma bolsa de emergência, abriam a bolsa e davam um tiro na cabeça dele a espatifando.

Acordou novamente ao abrir os olhos, estava amarrado no bar, babando completamente embriagado, populares ao seu redor, quando um rosto de uma menina muito triste, segurando um urso aparece, ele fica transtornado, começa a chorar e afirmar para si mesmo – Não consegui resolver o enigma.

O caminho agora é de trás para frente, a menina vai andando de costas, soltando o urso em seu abraço e segurando com a mão direita, sente sua cabeça se juntando em pedaços, as enfermeiras colocando um revólver dentro do quite, em um movimento retrocesso, quando ele percebe a folha na mesa e concluí – Irá virar um feto? Olha aos lados, não encontra o senhor que o tanto assusta, ele fica olhando para o litro de pinga, analisando a quantidade que havia ingerido, deu uma olhada no relógio dois minutos para uma da tarde.

- Ôh Deus, o que é real? Indaga ao Supremo.

- Ao acaso não sabes? Uma voz do alto, ressoa por todo ambiente, algumas pessoas repetem o que se ouviu, gerando um conflito ainda maior dentro de si.

- O que não sei? E começou repetir em sua mente, várias vezes.

- O que não sei? Era a voz da sua mãe, da sua avó, de seus amigos, todos ecoando dentro da sua cabeça.

Ele coloca as mãos nos ouvidos em total tormento, pedindo pelas forças superiores pararem com esse despropósito, o grito fica entalado na garganta, os cotovelos se apoiam na mesa, com as mãos apertando  a cabeça, abaixa a visão, a mesa onde estava muda de cor, de marrom, passou a ser a rosa, sente um cheiro de putrefação que afirmava vir diretamente dos ciclos infernais, suas narinas começa a sangrar, com um fedor horrível, o mundo gira em sua volta, já não consegue se segurar sentado, desmaia de sono, sobre a poça de sangue.

Ele acorda a beira de um rio com de pastos verdejante, aquela paisagem proporciona um conforto para o que estava vivendo, a princípio não via ninguém, começou a caminhar em direção ao rio, e das profundezas surge a menina com o urso na mão - Professor! – Professor! Se distancia e vai em direção a um grupo de meninas que brincavam de roda.

- Senhor, Senhor, me devolva a realidade. Marcos Gouveia, pedia em suas sinceras emoções.

- Está pronto para encontrar a realidade? Ouviu-se uma voz.

- Por favor, senhor.

N’outro momento, ele estava caminhando em uma rua conhecida, quando avista de longe, um carro parando em frente à delegacia, quatro de seus melhores amigos, descem do carro fortemente armados e começam atirar contra a construção, uma gritaria desesperante toma conta dos moradores das extremidades, ele sente o clima no ar, a vibração fica aterrorizante, ele procura abrigo, em prantos, conturbado, - será que são eles? Quando sentiu um silêncio no ar, não existia mais o barulho dos tiros, pois a olhar os curiosos, estavam envolta dos quatro corpos então alvejados pelos policiais, ele desesperado vai em direção dos corpos, e eram quatro corpos dele é quando se ajoelha, com toda sua força – Deus você está me escutando, onde você está Senhor!

O homem do terno vermelho aparece e menciona:

- Então Marcos Gouveia, descobrira quem tu és?

O seu corpo começa a ficar trêmulo, suar frio, passa a sentir agulhadas ao longo de sua extensão física.

- Só quero voltar para realidade, se você puder me ajude.

- De agora em diante, tu se chamarás Alandry e estará ao meu serviço.

- Aceitas?

- Não tenho alternativa.

- Acompanha-me.

Ele pôs a seguir o senhor de terno vermelho, que possuía fisionomia humana, estavam na selva de pedra, cada vez que o seguia, perdia a aparência, e começava a fazer parte da sombra do local e és que o homem do terno, se tornou apenas um vulto escuro, ele que só estava observando os acontecimentos, que apareciam seguir uma lógica temporal, olha para suas mãos, também Alandry havia se transformando em uma sombra.

- Você me enganou!

- Com essa forma você não ficara perdido!

- Maldito!

- Desejas voltar ao tormento?

- Não, por favor não!

- Fique sentado aqui, que voltarei em breve.

O homem do terno vermelho desapareceu, Alandry se senta em frente uma padaria, algo dizia que ele estava no plano real, quando aparece um cavaleiro medieval o encarando, faz menção em tirar a espada e o aniquilar, mas sai trotando.

Ele avista um grupo de evangélicos e olha para a bíblia, um passado distante volta em sua cabeça: - Quando o delírio passou a ser realidade? Tudo que ele via era herança das primeiras culturas civilizatórias, até os dias atuais. O grupo passa despercebido de sua presença.

Ele se pergunta:

- Acaso estou morto? Como isso sucedeu?

Sai correndo em direção aos cristãos, para pedir ajuda, mas quando se aproxima, derrete virando um líquido e só sente sendo pisado, na escuridão.

- Disse para esperar aqui, não saias! A voz fora emitida de um alto falante de um poste.

Havia retornado para frente da padaria, na forma de uma sombra.

Ouvia um tic-tac repetidamente, encontrou um relógio dentro da loja, faltavam dois minutos para uma da tarde, acaso esse seria o horário de minha morte, mas está de noite, esse relógio está errado. Ele percebeu que estava perdendo a coerência do raciocínio, como se alguém tivesse a devorando, não saberia distinguir quanto tempo ficou atormentado, mas lembrava-se dos ciclos infernais e da sua vida, as lembranças da vida iam se apagando não tendo mais acesso, o ponteiro do segundo dava um pulo para frente outro pulo para trás, e nada daquele senhor aparecer, sentia que sua energia estava em mudança, estava esquecendo de tudo, só estava pronto para sucumbir a ordem dele que o tanto amedrontava.

- Ainda o observo daqui Marcos. Ouviu e lembrou de uma voz Suprema, acima daquele que o ordenou esperar.

Ficou em silêncio, suas imagens e o saber iam se devolvendo aos poucos, chegou a uma conclusão de que ele era apenas um ponto flutuante de ideias, não existia mais um corpo, era apenas pensamentos atrás dos olhos. Quando ele apareceu.

- Alandry, existe um geneticista em uma pesquisa, estou o auxiliando, você o ajudará, a fazer um corpo voltar a vida, estruturada com a tecnologia, porém existe um opositor, que tem investigado nossos planos, sua tarefa será ajudar o morto voltar a vida e atrapalhar o outro, compreendeu?

- Sim, mas como posso me deslocar-me até lá, como irei prosseguir?

- Você já está livre, fora do seu quadrado, vá!

Alandry, começa a andar pela rua em frente a padaria, vê que nada o acontece, é quando ele que era apenas pensamentos sem um corpo, sente falta de sua matéria, o que faz se tornar fisicamente um homem, não um vulto, anda despercebido entre os demais, sem saber como tudo isso iria acontecer, tenta elaborar um plano, a única coisa que sabe é sobre um geneticista, ele retorna para frente da padaria frustrado, mas agora percebe que o relógio voltou a funcionar, assim como tudo em sua volta, não está mais solitário e aterrador, a televisão repete a mesma notícia continuamente, igualmente quando ele era vivo, mas uma coisa chama sua atenção. A reportagem de um geneticista, que usa uma técnica inovadora de embalsamento, que faz o corpo resistir a putrefação por mais de cem anos.

- Estava tão na cara, embalsamento e Egito. Alandry conclui para si mesmo.

Observa ao lado, por instinto começa antipatizar com uma pessoa, sem saber o porquê, atento ao homem que conversava ao celular, alegando ter uma teoria que a mídia possuía uma central de informações nefastas atrelada ao inferno. Aterrado a conclusão, fica analisando.

- Lembras? A voz do alto indaga.

- Estou tentando lembrar. Mas ele sente que seu pensar não se propaga.

Uma miscelânea de indecisões aparece em sua mente, ele decide perseguir aquele homem e procurar o geneticista no momento oportuno.

O Homem que agora é perseguido pelas forças obscuras, começa a ter náuseas, vomita umas oito vezes até o caminho de sua casa, a essa altura Alandry já não ouvia o ambiente, não escutava, só captava as conjecturas daquele homem horrendo, falando contra a força que o servia.

O senhor do terno, aparece.

- Alandry, venha comigo, apresentarei o geneticista, vista com sua roupa mais escura, para o presentear com a nossa representatividade.

Suas lembranças, estavam dormentes, ele só queria concluir a tarefa.

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