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Assim que ouviu aquilo, Vinícius imediatamente voltou o olhar para Camila, agora com ainda mais preocupação do que antes.

Camila tentou manter a voz firme:

— Vinícius, eu tô bem. Só tive uma crise de fobia de sangue. Não precisa se preocupar comigo agora. Luna é quem precisa mais.

— Camila, olha só a cor do seu rosto! Você tá pálida demais, como pode dizer que tá tudo bem?!

— Papai, para de ficar aí parado! Leva logo a Camila pro hospital! Eu vi, o carro freou a tempo, foi só um sustinho. A mamãe tá só fingindo, tudo isso é cena pra competir com a Camila!

As palavras de Matteo fizeram Vinícius lançar um novo olhar para Luna, agora com dúvida.

A testa dele se franziu. Por um momento, ficou paralisado, sem saber o que fazer.

Camila soltou mais alguns gemidos de dor, e foi o suficiente para ele perder totalmente a razão.

Sem hesitar, passou o braço pelas costas dela e a ajudou a se levantar, caminhando em direção ao carro.

Ao passar por Luna, cobriu os olhos de Camila com a mão.

Virou-se por um instante, tentando esconder a culpa no olhar:

— A Camila sempre teve a saúde frágil… Qualquer coisa mais séria pode ser perigosa. Eu chamei uma ambulância pra você. Logo devem chegar. Espera só mais um pouco.

Os passos dele se afastaram aos poucos. E, com eles, Luna foi aceitando a verdade: tinha sido deixada para trás.

Quis soltar um riso amargo. Mas ao curvar os lábios, o que escorreu foi sangue.

Quando os paramédicos chegaram com a maca, Luna já mal conseguia manter os olhos abertos. Ouviu vozes ao longe:

— Que tipo de gente faz isso? Chama a ambulância e abandona a vítima aqui, sozinha.

...

Quando abriu os olhos de novo, estava deitada em um leito de hospital.

Logo o médico foi chamado. Assim que entrou no quarto, explicou:

— Você sofreu um acidente. Teve escoriações por todo o corpo e uma leve concussão.

Luna ouviu o diagnóstico sem surpresa. Mesmo com o carro freando a tempo, ainda assim havia sido atingida de leve.

Olhou para o médico e perguntou, com calma:

— Em quanto tempo eu posso ter alta?

— Alta? — O médico arregalou os olhos. — Você teve uma concussão! No mínimo, precisa ficar quatro dias sob observação.

Quando ele saiu do quarto, Luna entrelaçou os dedos, apertando-os devagar.

Faltavam cinco dias para o fim do contrato. Quando saísse dali, restaria apenas um.

Ao pensar nisso, soltou o ar com força. Estava quase acabando. Enfim.

Do corredor, vozes animadas chegavam até ela:

— Ei, você soube? A Camila foi internada aqui no hospital! E o namorado famoso dela também veio!

— Sério?

— Claro que é sério! Você não tem ideia de como o Sr. Vinícius estava desesperado! Trouxe ela nos braços direto pra ala VIP!

— E ainda chamou um dos maiores especialistas do país pra fazer a reavaliação!

Luna ouviu tudo em silêncio. Forçou um sorriso amargo, se apoiou na parede e começou a caminhar, devagar, pelo corredor.

A porta da suíte VIP estava entreaberta.

Lá dentro, Camila repousava na cama, com Matteo ao lado segurando firme a mão dela, tenso. Vinícius, carinhoso, alimentava Camila com uma colher de mingau. O olhar que lançava sobre ela era de uma ternura que Luna nunca tinha recebido.

A cena era serena. Íntima. Quase familiar.

Do lado de fora, Luna observava em silêncio. Parecia uma estranha espiando a felicidade alheia.

Uma das enfermeiras passou para trocar o curativo de Camila e, ao ver Luna ali, pensou que fosse uma fã curiosa. Puxou conversa:

— Você também acha que eles formam um casal lindo, né? Quando ele trouxe a moça, tava tão nervoso que parecia que quem ia desmaiar era ele!

— Do jeito que ele ficou aflito, acho que aquelas notícias da internet são todas verdade.

Luna ouviu em silêncio. A voz falhou, mas ainda assim respondeu:

— É… Eles parecem bem felizes.

Assim que a enfermeira se afastou, Luna voltou, sozinha e silenciosa, para seu quarto. Como sempre.

Desde que foi internada, o celular de Luna não tocou uma única vez.

Nem uma mensagem do filho. Nem uma palavra do marido.

Se comparasse com o tratamento dado a Camila, o contraste era cruel.

A única notificação veio do e-mail: uma mensagem destacada em vermelho, enviada pela editora estrangeira.

Era um lembrete. O prazo do concurso estava chegando, e ela precisava enviar o texto final.

Assim que leu, pediu para Emanuela trazer seu notebook. Decidiu que terminaria o texto ali mesmo, no hospital.

Estava em um quarto individual, e a maior parte do tempo era de silêncio e paz, o ambiente perfeito para escrever.

Para se concentrar, desligou o celular e colocou o computador em modo offline.

Nos últimos cinco anos ao lado de Vinícius, tinha se dedicado tanto a ele que quase não escrevia mais.

Mas, ao tocar novamente no teclado, não se sentiu enferrujada. Pelo contrário. Mergulhou de corpo e alma no texto. Escreveu sem parar, sem perceber o tempo passar.

Só se deu conta de que quatro dias tinham ido embora quando a enfermeira entrou no quarto e avisou que ela já podia ter alta.

Coincidentemente, o texto também estava pronto. Assim que enviou o arquivo por e-mail, só então pegou o celular.

No instante em que ligou o celular, uma enxurrada de chamadas perdidas e mensagens de Vinícius apareceu na tela.

Eram tantas que pareciam não ter fim.

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