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O sorriso de Camila deixava transbordar sua satisfação, sem o menor esforço para disfarçar. Já Matteo, empolgado, gritou bem alto:

— Papai e a Camila são tão legais! Não são que nem a mamãe chata, que nem me deixou comprar sorvete!

As palavras do menino chamaram a atenção dos que passavam. Vários olhares se voltaram para Luna, acompanhados de sussurros e dedos apontando.

O coração dela gelou.

Era esse o filho que ela tinha criado com tanto carinho por quatro anos.

E Vinícius? Apenas assistia à cena, impassível. Não se deu ao trabalho de pedir que Matteo parasse.

Foi só quando Camila, com seu jeitinho falso e calculado, interveio que o show terminou.

Depois das compras, ainda sugeriram, ou melhor, impuseram, que fossem a um restaurante mexicano.

Não deram sequer a chance de Luna recusar.

Vinícius encomendou um monte de pratos. Fora os ovos com tomate que pediu para Matteo, o resto era todo apimentado.

Ninguém se deu ao trabalho de perguntar o que Luna queria. Simplesmente entregaram o pedido ao garçom.

— Vinícius, fiquei surpresa. Depois de tanto tempo, você ainda lembra dos meus pratos preferidos. Um por um. — Disse Camila em tom insinuante, roçando de leve a mão na dele.

Vinícius corou nas orelhas.

Quando a comida chegou, ele passou o tempo todo servindo Camila com dedicação.

Luna ficou em silêncio, com os olhos no prato de arroz. Não tocou em nada mais.

— Por que não tá comendo? — Perguntou Vinícius, intrigado.

— Não posso comer pimenta. — Respondeu ela, num tom neutro.

Ele ficou sem reação. Luna sempre cozinhava pratos apimentados. Achava que ela também gostava. Ele nunca tinha parado pra reparar no que ela realmente comia.

Um desconforto estranho tomou conta dele. Pegou o cardápio, tentando consertar:

— Posso pedir outra coisa pra você. O que quiser, é só falar. — Disse ele.

— Não precisa. Comam vocês. — Respondeu Luna.

Vinícius ainda queria insistir, mas, de repente, uma das clientes do restaurante apontou para Camila e exclamou:

— Você é a Camila?!

— E você é o Vinícius Montez?!

Camila assentiu com um leve sorriso. O tom do outro subiu, empolgado:

— Eu sou fã do casal de vocês! Aquele vídeo na internet… foi perfeito. Parecia cena de novela! Me diz, vocês voltaram mesmo?

Vinícius lançou um olhar na direção de Luna. Depois, encontrou o olhar esperançoso de Camila.

Ele assentiu levemente para a fã e respondeu com um sim quase sussurrado.

Ao ouvir, a fã se empolgou:

— Depois de tanto vai e vem, cinco anos depois vocês se reencontraram! Isso é amor de verdade!!

Camila sorriu e falou com doçura:

— No passado, fui eu que não soube valorizar. Mas agora, vou cuidar bem do Vinícius.

Vinícius olhava para Camila com uma expressão cheia de contentamento.

Assim que o pessoal ao redor se dispersou, Matteo pulava de empolgação:

— Papai, agora que você tá com a Camila, quer dizer que eu posso trocar de mamãe?

Vinícius se apressou em tapar a boca do filho, tentando impedir ele de continuar.

Virou-se para Luna:

— Matteo ainda é pequeno. Não leva a sério o que ele fala.

Como Luna não reagiu, ele insistiu:

— O que eu disse ali foi só por causa da imagem pública da Camila, entende? Era pro bem da carreira dela.

Luna assentiu com serenidade:

— Eu entendo. Não precisa me explicar.

A naturalidade da resposta dela deixou Vinícius desconcertado. Havia algo estranho naquele jeito calmo.

Camila, ao lado, segurou a mão dele com delicadeza:

— Vinícius, come logo, senão a comida esfria.

Ele sorriu com ternura e, em segundos, já estava de volta à suavidade do mundo que Camila lhe oferecia. Luna, mais uma vez, ficou esquecida.

Depois do almoço, os quatro atravessaram a rua em direção ao estacionamento do outro lado.

De repente, um carro pequeno surgiu em alta velocidade na esquina.

Vinícius percebeu e puxou Camila e Matteo instintivamente para o lado seguro.

Mas esqueceu completamente de Luna, que ainda atravessava a rua.

No segundo seguinte, o som agudo dos freios cortou o ar. Luna caiu no asfalto, o corpo atingido de raspão.

Ao ver a cena, Vinícius ficou em pânico. Soltou Camila de imediato e correu até Luna.

Ela tremia, toda encolhida, a testa coberta por um suor frio.

Vinícius se ajoelhou, desesperado:

— Luna! Você tá bem?! Eu vou te levar pro hospital agora!

Luna tentou falar alguma coisa, mas a dor era tão forte que mal conseguia abrir a boca.

Mesmo assim, estendeu a mão, querendo tranquilizar Vinícius, mostrar que não precisava se preocupar.

Mas antes que conseguisse tocar nele, Matteo gritou, desesperado:

— Papai! A Camila tá desmaiando! Vem logo!

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